Gervásio Santos: “Salário de político deve baixar para de operário”

Gervásio Santos: “Salário de político deve baixar para de operário”

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A candidata ao Senado Federal pelo PSTU, Gervásio Santos, foi o 15º a participar da série de sabatinas com candidatos ao Senado pelo Piauí nas Eleições de 2018, no Jornal Agora da Rede Meio Norte, na tarde desta sexta-feira (14/09).

Foram sabatinados Francisco das Chagas, Quem Quem, candidato pelo Avante; Marcos Vinicius Cunha Dias (PTC), candidato pela coligação de Dr. Pessoa (Solidariedade); Marcelo Castro, candidato pela coligação de Wellington Dias (PT); professor universitário Paulo Henrique, candidato pela Rede; Frank Aguiar, candidato também pela coligação de Dr. Pessoa; Jesus Rodrigues, candidato pelo PSOL; professor Fausto Ripardo, candidato pelo PCB; ex-governador Wilson Martins, candidato pelo PSB; Flávia Barbosa, candidata pela coligação de Elmano Férrer; Genival Oliveira, candidato pelo PSC; Robert Rios, candidato pelo DEM ; Ciro Nogueira, senador e candidato à reeleição e Antônio José Lira, candidato pelo PSL

Gervásio Santos respondeu perguntas dos jornalistas Arimatéa Carvalho, Efrém Ribeiro, Ananias Ribeiro e do apresentador Amadeu Campos. Nos 10 minutos finais, a candidato respondeu questionamentos enviados por telespectadores. A sabatina teve duração de 30 minutos.

Amadeu Campos: Candidata,  por que o senhora se considera preparada para representar o Piauí no Senado Federal?

Gervásio Santos: Amadeu, eu vou dar um exemplo de um local que é um exemplo do cenário brasileiro que nós estamos passando. Nós temos na Santa Maria da Codipi uma ocupação que é chamada de Dandara dos Cocais, lá nós temos uma população que está desempregada, está passando a vida dentro de uma renda que não chega nem a 70 centavos por dia. Uma desigualdade de renda enorme. Nós temos uma população que vive dentro de uma terra que até pouco tempo era especulativo, imobiliário, e que agora ela está esperando há dois anos por uma titularização da terra. Então diante desse cenário que nós temos, que é o país inteiro que passa por isso, nós estamos, o PSTU resolveu marchar sozinho numa chapa que vai da Presidência da República, com a Vera Lúcia, que é uma negra, operária, sapateira, aqui de Sergipe. Nós temos o vice-presidente que é Hertz Dias, que é aqui do Maranhão, professor, militante do HIP HOP. E nós temos uma chapa local que é com a professora Luciane e que é com o nosso nome ao Senado. A professora Luciane 16, e o nosso nome ao Senado que está aí colocado. 

Ananias Ribeiro: Candidato, o PSTU tem denunciado há muito tempo esta relação que agora ficou clara com a Operação Lava Jato entre empresas, políticos, dinheiro público, desvios e agora para este processo eleitoral as doações estão impedidas pela Lei Eleitoral. Empresa não pode doar para candidato. Foi um esboço da Reformas Política pretendida pela população e que foi em parte acolhida pelo Congresso Nacional. O senhor, eleito senador da República, qual a Reforma Política que o senhor irá defender? Qual Reforma precisa ser discutida e realizada? 

Gervásio santos: A primeira questão é que nós devamos colocar o debate de que toda e qualquer empresa que esteja fazendo corrupção, ela deve ser estatizada; colocá-la sobre controle dos trabalhadores, sob controle da população. 

Amadeu Campos: Comprovou corrupção, a empresa será estatizada? 

Gervásio Santos: Imediatamente. 

Amadeu Campos: O senhor irá propor um projeto de lei? 

Gervásio Santos: Justamente! Nós temos o seguinte, nós estamos nesse exato momento, inclusive com a candidatura da Vera Lúcia  à Presidencia, certo? É o Executivo e o Legislativo que vão se unir e é necessário se unir para que possa justamente colocar, torna isso lei. Ou seja, uma empresa que foi comprovada na corrupção, ela deve ser imediatamente estatizada, controlada pelos trabalhadores. Ao mesmo tempo nós também colocamos o seguinte, não basta apenas prender corrupção; corrupto e corruptor devem, além de ser preso, ser também tirado todos os bens, ou seja, o Estado deve se apropriar de todos os bens, porque os bens que foram acumulados pela corrupção, foram acumulados com o dinheiro público. 

Efrém Ribeiro: O senhor citou agora o Assentamento Dandara dos Cocais e acho que nós conhecemos a mesma empresária dona. Ela vende comida para cachorro, então quem tem dinheiro para comprar comida para cão, acho que iria resolver o problema da comida, concorda comigo? 

Gervásio Santos: Efrém, nós estamos vivendo em um país onde nós temos nada mais nada menos que 60 milhões de trabalhadores desempregados, 60 milhões. São mais de 60 milhões porque é o seguinte, são mais de 13 milhões de desempregados colocados lá; são 37 milhões de trabalhadores na informalidade, e aí entra a questão do pet, perfeito? São pessoas que estão completamente fora do mercado, que precisam sobreviver colocando vendas avulsas, se virando para sobreviver e nós temos aí, desculpe, Efrém, 8milhões de trabalhadores, certo? Trabalhadores, Amadeu, que desistiram de procurar trabalho. Então somando tudo isso nós temos nada mais nada menos que é esse número de 60 milhões. Nesse sentido, colocar um pet, colocar uma venda de meia, por exemplo, quem vai a São Paulo, quem vai ao Rio e em cidade metropolitanas, vê aquela pessoa com uma barraquinha vendendo meia, certo? Por que? Porque ele precisa sobreviver. 

E nós precisamos ter um plano para isso. Por exemplo, nós do PSTU, nós defendemos que precisamos suspender o pagamento da dívida que está na casa dos R$ 5 trilhões nacionalmente, aqui no estado do Piauí está na casa dos R$ 4,3  bilhões, certo? Nós precisamos suspender essa divida. 

Amadeu Campos: Não é calote?

Gervásio Santos: Não, não é calote, Amadeu, porque veja bem, eu tenho dado esses exemplos históricos em todas as entrevistas que eu vou. Por exemplo, nós tivemos na década de 1980, tem 6, 7 lá, acho que você se lembra, o Sarney fez a moratória, correto? 

Amadeu Campso: Mas não resolveu o problema.

Gervásio Santos:  Não. Se não resolveu, por que? Porque simplesmente o problema dele era voltado para pagar banqueiro, para pagar empresário, certo? Inclusive teve também o corte dos empresários. 

Amadeu Campos: Naquela época o “grosso” era a dívida externa, correto? Mas hoje a maior parte da dívida do Brasil é interna, justamente com bancos, investidores. 

Gervásio Santos: Justamente! Com isso nós estamos falando de dívida pública, porque pega tanto externa como a interna. 

Amadeu Campos: A [dívida] externa hoje parece que já está equacionada; a dívida interna está vencendo a cada dia, explorando…Fazendo aumentar cada vez mais os juros. 

Gervásio Santos: Amadeu, vamos ter cuidado com esses dados, porque o Lula, não sei se vocês se lembram, lá atrás tinha dito que tinha rapado a dívida externa, se lembra disso? E não foi, não teve isso daí. E agora recentemente, parece que foi ontem ou antes de ontem, o TRE processou, deu uma liminar processando o PT porque  também foi para televisão, na sua inserção de propaganda eleitoral, mentindo, dizendo que também já tinha pago a pública dívida do Estado. Não, Amadeu, nós termos uma dívida pública interna e externa que nós precisamos suspender. 

Amadeu Campos: As duas? 

Gervásio Santos: Sim. Nós precisamos auditá-las para inclusive saber o montante, para saber se realmente nós pagamos essa dívida e nesse intervalo nós vamos pegar esse dinheiro e aplicar em obras públicas. 

Arimatéa Carvalho: Candidato, o senhor tem como uma das propostas dar ao povo o direito de tirar do mandato, durante o exercício do mandato, os parlamentares que não cumprirem aquilo que prometeram, que não tiveram um desempenho satisfatório. Nós elegemos, então nós podemos tirar a qualquer tempo, não precisa ser através de cassação ou quebra de decoro. Eu queria que o senhor como isso pode ser operacionalizado nessa proposta? 

Gervásio Santos: As vezes a gente pensa que esse tipo de ideia, programa, nós estamos fazendo agora, não pode sair na nossa mente. Mas, não. No século XIX, por exemplo, nós já tinhamos um pensador, o Efrém sabe muito bem disso, nós tinhamos Rousseau que defendia todo direito é da soberania popular, ou seja, a defesa da soberania popular. Se o executivo não está demonstrando algum desempenhando as demandas daquele que o elegeram, segundo Rousseau, esse eleitor, esse representado, ele tem todo direito de tirar aquele executor, aquele executivo. No nosso caso, a mesma coisa, nós chamamos de “Revogação dos Mandatos”. Nós achamos se um determinado parlamentar, as suas necessidades, as suas tarefas, as suas atividades, eleitor, assim como ele o coloca, ele também tem todo direito der tirá-lo. Mas isso só será feito através do governo dos trabalhadores, certo? dentro dos chamados conselhos populares. 

Nós também, senhores, defendemos que o salário de um político deve baixar para o salário de um professor ou de um operário qualificado. Por exemplo, um professor, Efrém, ele recebe, em média, algo em torno de R$ 1.400/R$ 1.600, certo? Com as mudanças de linha, de progressão, que não está existindo nem no Estado e nem no município, certo? Ele vai para algo em trono de R$ 3 mil/R$ 3.400. Olha, se um eleitor, se um trabalhador sobrevive com esse salário, por que não um parlamentar que foi colocado por esse mesmo eleitor? E acabando de vez com o auxílio moradia, auxilia palitó, auxilio odontólogo, auxilia disso, que eleva o salário de um parlamentar de R$ 30 mil/R$ 32 mil, certo? Para R$ 162 mil por mês. 

Efrém Ribeiro: Candidato,  a categoria do Senado é de homens sábios, de homens mais velhos, de experiência na vida pública. Alguns faziam papel bonito, criavam, mas os de agora só falam abobrinhas.  Então queria saber de o senhor sobre eleger candidatos, mas que falam muita abobrinha. 

Gervásio Santos: Pois é, Efrém, inclusive nessa questão que toca no Senado, nós defendemos inclusive o seu final. Nós defendemos o fim do Senado. Em 2010…

Amadeu Campos: Aí o senhor vai se eleger e quer que acabe? 

Gervásio Santos: Eu vou me eleger para poder colocar lá dentro esse projeto, certo? 

Amadeu Campos: E acabar com o Senado? 

Gervásio Santos: Acabar com o Senado!

Efrém Ribeiro: Camicases? 

Gervásio Santos: Isso! Por que? porque na verdade é isso, Amadeu, que ocorre o que o Efrém acabou de dizer. O Senado, ele se tornou uma casa, certo? De velhos arquétipos, perfeito? Pessoas que estão já se aposentando, inclusive da vida política. Então o que acontece com um governante, com um governador? 

Amadeu Campos: Mas ele não está falando dos jovens? 

Gervásio Santos: Não, dos dois. Olha, se nos tirarmos o Senado hoje ninguém vai perceber nada, porque a própria Constituição em seu artigo 52, certo? Ela diz as funções que tem um senador, que são as mesmas de um congressista. 

Ananias Ribeiro: Mas não é lá no Senado onde há um equilíbrio, em que cada estado tem três representantes, diferente da Câmara onde é proporcional a população? 

Gervásio Santos: Pois é!

Amadeu Campos: E prejudicaria estados menores com o nosso. 

Gervásio Santos: Inclusive isso aí é uma falácia, dizer que é uma democracia e que é uma casa de equilíbrio. Olha só, vejam a ter a forma, até o número é desproporcional a questão da população. São três senadores independente da população, seja do Rio, São Paulo, e aqui do Piauí. Três senadores, certo? A população cresce, perfeito? E os senadores a quantidade é a mesma, então onde é que há a democracia? O Congresso Nacional, se for levar para esse tipo de lógica, é muito mais democrático em relação ao Senado, e tem outra, tem um artigo 97, do próprio regime do Senado, certo? Que derruba por completo essa história da democracia no Senado. Ele diz o seguinte, todo senador, todo membro do Senado, só pode ser julgado pelos próprios senadores em um espaço fechado. É por isso, por exemplo, que o Aécio Neves, que está sendo processado por Lava Jato em tudo quanto é canto, não foi de modo algum expulso daquela casa, porque eles se protegem. 



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