Cientistas criam leitão com órgãos para transplantes em humanos

O animal é o mais promissor para resolver a falta de órgãos

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Um dos maiores desafios para viabilizar transplantes de órgãos de porcos para seres humanos é o risco de contágio por vírus. Os chamados retrovírus endógenos do porco (Perv, em inglês) estão incorporados no código genético do animal e podem causar doenças desconhecidas em pessoas receptoras.

Utilizando a ferramenta Crispr-Cas9 de edição genética, um grupo de pesquisadores conseguiu desativar uma família desses vírus em leitões. Por ter órgãos de tamanhos compatíveis, o porco é visto como um dos animais mais promissores para resolver a falta de órgãos para doação.

Técnicas de engenharia genética já tinham conseguido sucesso na remoção de sequências de vírus do genoma do porco. Contudo, até então, os esforços se concentravam em experiências com células. A equipe liderada por Luhan Yang, pesquisador da universidade de Cambridge, nos EUA, conseguiu realizar a façanha em animais vivos.

O estudo publicado na revista Science desta quinta-feira (11) representa novo avanço para tornar essa ideia uma realidade no futuro.

O problema são os Perv's, que residem no DNA dos porcos. São resquícios de infecções ancestrais que se incorporaram ao código genético. Humanos também possuem essas pegadas (os Herv's, vírus endógenos humanos), que não são prejudiciais aos portadores, mas representam risco potencial de infecção quando há troca entre diferentes animais e cultivo em conjunto de órgãos.

Leitões com órgãos sem Perv's

Na pesquisa, os cientistas primeiro confirmaram que os Perv's em células de porcos podem ser transmitidos para células humanas quando cultivadas em conjunto. Em seguida, foi mapeado e identificado 25 Perv's presentes no código genético de células de fibroblastos. Essas células sintetizam componentes do tecido conjuntivo e podem dar origem a diferentes tipos de células.

Com o Crispr-Cas9, ferramenta que permite aos cientistas rearranjar códigos de DNA, foram desativados todos os 25 trechos em que foram identificados Perv's. Aliando a edição do DNA a outras técnicas de reparo, a equipe conseguiu desenvolver células viáveis com 100% de Perv's desativados.

Essas células foram implantadas em embriões de 17 porcas, que deram origem a 37 leitões sem sinais de Perv's. Dos leitões resultantes, 15 estão vivos, sendo que os mais velhos estão com cerca de quatro meses de vida. O feito é inédito, mas ainda requer mais desenvolvimento. Os cientistas estão agora monitorando as consequências da alteração genética feita nos porquinhos.



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