Cai número de católicos, mas tradição da Semana Santa se mantém no Piauí

Embora a Igreja católica tenha perdido fiéis, muitos ainda têm mantido firme a fé e a tradição dos períodos mais significativos do catolicismo

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Hoje, domingo (05), o mundo inteiro comemora a Páscoa, que encerra a Semana Santa, período em que católicos são convidados a viver, de maneira mais intensa, os preceitos da Bíblia, com muita oração e fé.

Os estudos realizados pelo Instituto ‘Latinobarómetro’, com dados de 1995 a 2014, revela que o número de fiéis caiu 13%, isso porque, o 
número de pessoas que se declararam católicas diminuiu de 80% para 67% na América Latina.

Só na América do Sul, a queda foi de 10% e na América Central 17%. Apesar desta queda em números de fiéis, muitos ainda têm mantido firme a fé e a tradição dos períodos mais significativos no Catolicismo.

Mesmo com tais dados, o padre Tony Batista contradiz a pesquisa e garante que quem se afasta da Igreja é o católico não praticante. “Não é verdade que esteja ocorrendo o afastamento dos fiéis da Igreja e dos preceitos.

Está se afastando quem já é afastado, quem faz banquete na Sexta-feira Santa, quem continua fazendo o que quer. Já as pessoas que têm o senso de fé, ao contrário, cada dia estão mais presentes, sobretudo, os jovens.

Seguindo as celebrações litúrgicas, como o domingo de ramos, a missa da ceia, o jejum e abstinência, dentro de suas possibilidades”, contrapõe o padre.

O padre Tony Batista explica a trajetória da Semana Santa, período que antecede a Quaresma e destaca ainda os principais momentos desse período para a religião católica.

“É importante lembrar que na Quarta-feira de Cinzas, nós iniciamos uma caminhada com Jesus Cristo, em direção a Jerusalém. A Quaresma é como se subíssemos com ele a Jerusalém. Passamos pelo Domingo de Ramos, celebramos a chegada de Jesus Cristo a Beit Fajé.

Mas o povo que tirava turbantes, mantas e lençóis, ramos de oliveiras e o aclamava era o mesmo que dizia: ‘Vamos matá-lo e crucificá-lo’. Na Semana Santa termina a Quaresma e começa o Tríduo Pascal, três dias, da quinta-feira até o Sábado Santo.

E o domingo, somos convidados a fazer a grande celebração da ressurreição de Cristo”, relata o padre Tony Batista, que explica que o símbolo principal da Páscoa é o Círio Pascal, que é uma vela que representa a Luz de Cristo.

Para Tony Batista, a Igreja Católica respeita os demais símbolos implantados pela sociedade, ao longo dos tempos, durante a Semana Santa, principalmente na Páscoa.

“O símbolo mais eloquente da Páscoa é o Círio Pascal, que é o símbolo de Jesus Cristo na coluna luminosa. Agora, colocam tantos outros símbolos, que estes não são litúrgicos. Como, por exemplo, ovos de Páscoa, que quer dizer que a vida desabrocha. Respeitamos, mas não os alimentamos”, pontua o padre.
Continua na B/6

Sábado de Aleluia ou Sábado Santo?

O sábado que antecede o Domingo de Páscoa é chamado popularmente de Sábado de Aleluia, no entanto, religiosos discordam de tal afirmativa e alegam má interpretação da Bíblia.

É o que explica o padre Tony Batista, que acredita que tenha ocorrido uma má interpretação da Bíblia, por parte de alguns leitores. "É um equívoco dizer 'Sábado de Aleluia'. O correto é Sábado Santo, porque é um silêncio nesse dia.

Só quando o sol se põe, se celebra a Vigília Pascal, é o que tem de mais nobre, mais santo e de mais importante em todo ano para a vida da Igreja.

Isso, porque as pessoas, talvez, não tivessem uma compreensão maior da sagrada escritura, que diz que era cedinho da manhã, de madrugada. Então, foi na madrugada de domingo, e não de sexta para sábado", esclarece Tony Batista.

Já Mateus Nunes, que é coroinha há 10 anos, destaca que o significado de Aleluia, é para comemorar a vida e ressurreição de Jesus Cristo e revela ainda que as missas até o Domingo de Páscoa não possuem a tradicional benção final.

"O correto é Sábado Santo, e não Sábado de Aleluia. Porque o "Aleluia" só é entoado na missa, já quase no término, devido ao fato de que o dia da ressurreição é mesmo no Domingo de Páscoa. O Aleluia é quando comemoramos que Cristo está vivo e ressuscitado.

Vale destacar, que essas celebrações não têm fim, ou seja, as missas seguem sem a benção final. E só no sábado, que se dá a benção final para o povo, sem esquecer que teremos de retornar à Igreja, para que, de fato, seja concretizada nossa fé", explica o coroinha.

Vivências religiosas não têm reduzido

As diversas formas de se vivenciar os períodos religiosos, ainda causam polêmicas no Brasil e no mundo. Isso, porque se compreende que ao se declarar religioso de determinada religião ou doutrina deve se seguir, piamente, os preceitos pregados por ela. Em vista da Semana Santa, qual a melhor forma de vivenciar esse período? E quem são esses católicos de hoje?

Para Ariane Lima, mestra em Religiosidade Popular e Patrimônio Cultural, há dois grupos de católicos, o não praticante e o que é devotado à doutrina e discorda da redução de religiosos no mundo.

"Não se pode afirmar com exatidão a redução de católicos que vivenciam a religiosidade. Porque esse universo se divide em dois grupos: aqueles que nasceram em família católica e que não praticam a doutrina ao pé da letra; e outro grupo, os devotos que estão ativos em suas comunidades e vivem a religiosidade que período pede.

Claro que a Igreja Católica tem perdido fiéis há bastante tempo, mas a maioria que deixa de se declarar católico, compõe o grupo não praticantes. Não concordo que, na contemporaneidade, exista uma redução das vivências religiosas, basta vermos como as igrejas protestantes têm crescido", esclarece Ariane Lima.

Sobre a Semana Santa, Ariane Lima explica o paradoxo religioso e comercial que há nesse período e garante que quem vivencia o lado capitalista da festividade, são famílias que possuem fragilidade religiosa.
"Vemos sim uma forte veia comercial atrelada à data. No entanto, ela só se efetiva como forma superficial de viver um período religioso, naquelas famílias ditas católicas, que já possuem fragilidade na sua igreja.

Um católico que vive na sua comunidade não substitui o período por simples trocas de chocolates. Neste sentido, a mídia e sua chuva de apelos entorno de chocolates, é apenas um reflexo de um grupo social, que vive sua religião durante todo ano de forma superficial", pontua a mestre em Religiosidade Popular.

 



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