Criadores do Nordeste investem na criação de 'cordeiro de origem'

“Só teve um que eu não queria ver [o abate]. Ele foi criado dentro de casa e, quando eu me sentava, ele se acomodava nos meus pés.”

Cordeiro de origem | Reprodução
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 Ela trata os ovinos quase como animais de estimação. "E os enjeitados pela mãe? Eu crio na mamadeira", diz a produtora. Apesar do carinho, ela não se esquece da finalidade do rebanho: aumentar a renda da família.
 
"Só teve um que eu não queria ver [o abate]. Ele foi criado dentro de casa e, quando eu me sentava, ele se acomodava nos meus pés."
 
Irian, que toca sozinha a pequena propriedade que era do pai, é uma das apostas da Embrapa e do Ministério da Integração Nacional para transformar o cordeiro do semiárido nordestino no valorizado "carré do sertão".
 
Vender o "cordeiro da caatinga", assim como os italianos desenvolveram o presunto de Parma, está no horizonte do projeto Rota do Cordeiro, que beneficia 240 produtores de ovinos e caprinos em Tauá e outras centenas em cidades de Pernambuco, Piauí, Ceará e Bahia.
 
É uma forma de agregar valor ao prato tipicamente nordestino e aumentar a renda dos produtores do Nordeste.
 
Criadores e moradores da região juram que o cordeiro de Tauá tem um sabor diferenciado. "Dizem que é por causa da favela, que dá um gosto especial à carne", diz o produtor José Teixeira, 65.
 
Planta nativa da caatinga, a favela é usada na alimentação dos animais, que devoram as folhas espinhentas.
 
A Embrapa já iniciou testes para comprovar que a carne do cordeiro do "sertão dos inhamuns" é, de fato, especial. Além da influência da vegetação típica da região no sabor da carne, a entidade também pretende identificar padrões de maciez, sabor, cor e textura, além de informações nutricionais, como o teor de gordura e de proteína.
 
"Quando conseguirmos provar que existe essa diferenciação, poderemos iniciar o processo de denominação de origem", diz Octavio Moraes, técnico da Embrapa responsável pelo projeto. Ele reconhece, no entanto, que
o caminho é longo.
 
Hoje, a carne não é padronizada, não há regularidade na oferta e a informalidade no comércio é grande. Segundo Moraes, cerca de 90% do abate em Tauá é informal, ou seja, não tem fiscalização.
 
Os abates não ocorrem em frigoríficos -ainda é comum acontecer em residências, em condições precárias.
 
Há, no entanto, interesse das indústrias na compra dos animais. O consumo de carne de cordeiro cresce no país, acompanhando o paladar mais refinado do brasileiro.
padronização
 
O grande entrave na relação entre produtor e indústria está na falta de padronização da carne e de regularidade na oferta, exigências que os criadores da caatinga não conseguem atender.
 
"O público que consome a carne de cordeiro é mais exigente, quer cortes especiais, o pernil tem que ter um diâmetro padronizado. Estamos capacitando produtores e investindo em melhoramento genético com a Embrapa", diz Adriana Melo Alves, secretária de desenvolvimento regional do Ministério da Integração Nacional. Oito técnicos da Embrapa visitam os 240 beneficiários mensalmente para ensinar novas técnicas. Não há ajuda financeira.

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