Após ONS admitir ‘descarga elétrica’ para apagão, Dilma cobra fiscalização

Em nota, Palácio do Planalto pede que órgão apure se os operadores estão mantendo adequadamente as redes de para-raios

Dilma Rousseff | Reprodução
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A presidente Dilma Rousseff reagiu nesta quinta-feira às declarações do diretor geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, que afirmou que descargas elétricas (raios) podem ter causado o apagão de terça-feira. Numa mensagem lida, no início da noite, pelo ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Thomas Traumann, a presidente disse que o sistema elétrico brasileiro tem de ser ?à prova de raios? e cobrou do ONS que apure se os operadores estão fazendo a manutenção adequada de sua rede de para-raios.

Na primeira manifestação oficial do Palácio do Planalto sobre o apagão que atingiu cerca de 12 milhões de consumidores, em 12 estados do país, além do Distrito Federal, Dilma lembrou que ?o Brasil é um dos países com maior quantidade de raios do mundo?, mas o sistema elétrico brasileiro ?foi montado para ser à prova de descargas elétricas, com uma gigantesca rede de para-raios?. Para a presidente, ?se raios foram realmente responsáveis pela queda no fornecimento de energia, na última terça-feira, cabe ao ONS apurar se os operadores estão mantendo adequadamente suas redes de para-raios?.

A nota diz que a presidente reafirma sua declaração de 27 de dezembro de 2012, de que ?o sistema elétrico brasileiro necessariamente precisa ser à prova de raios?. Na ocasião, em um café da manhã com jornalistas, a presidente desdenhou das explicações de que quedas no fornecimento de energia ocorridas naquela época teriam sido provocadas por raios.

? No dia em que falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem. Raio cai todo dia neste país, a toda hora. O raio não pode desligar o sistema. Se desligou, é falha humana, não é do raio ? disse à época.

Nesta quinta-feira, o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, disse que não descartava a hipótese de raio para explicar o apagão. Chip teve uma reunião no Rio com cerca de 25 técnicos de órgãos do governo e de empresas do setor para avaliar o incidente.

? A descarga é uma das hipóteses. Vamos ver se há identificação pelos institutos especializados das descargas elétricas ? disse, no começo da tarde.

Segundo o ONS, na hora do apagão de terça-feira, havia forte tempestade entre Tocantins e Goiás, região onde dois circuitos de uma linha de transmissão apresentaram problemas.

Perguntado sobre a frase da presidente Dilma de 2012, Chipp desconversou:

? O raio é pejorativo, é um assunto tão complexo que se banaliza, tudo é raio.

Procurado após a publicação da nota da presidente, o ONS não se pronunciou. O órgão também não soube informar qual é a empresa operadora da linha de transmissão que apresentou problemas na terça-feira.

?É parecido com caixa-preta de avião?

Chipp afirmou que, até o meio da tarde desta quinta, não sabia informar o que causou o apagão:

? Um avião, quando cai, se espera dois anos para descobrir o que houve com a caixa-preta. Isso é mais ou menos parecido, só que a gente nunca demora mais do que um mês (para saber a causa).

O país voltou a registrar recordes no consumo de energia na quarta-feira, por causa da onda de calor. Perguntado se há necessidade de economizar energia, Chipp afirmou que toda economia é bem-vinda, mas negou necessidade de racionamento.

? Se você economiza é bom, porque aumenta a margem de segurança, mas não precisa fazer isso.

Especialistas do setor elétrico estranharam a nota da presidente, que já foi ministra de Minas e Energia. Eles entendem que o sistema elétrico brasileiro não foi montado para ser à prova de descargas elétricas, o que implicaria custo altíssimo nas tarifas. No apagão de Itaipu, em 2009, o governo reforçou a proteção de transformadores contra descargas, mas com solução criativa colocando um ?chapéu chinês? sobre eles, com custo relativamente baixo.

Em última instância, disse uma fonte, também não seria o ONS, uma associação privada, a principal instituição a apurar se os operadores estão mantendo adequadamente seus equipamentos, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), que, inclusive, fiscaliza a atuação do ONS e já chegou a multá-lo. A Aneel já enviou técnicos à região de origem do apagão.



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