Banco Central lança operação anticalote para reaver R$ 28,5 bi

Na mira, estão 322 devedores que juntos respondem por 70% de tudo que o banco cobra na praça

Banco Central | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O Banco Central começará em outubro uma perseguição aos principais devedores da instituição, na tentativa de reaver quase R$ 30 bilhões.

Na mira, estão 322 devedores que juntos respondem por 70% de tudo que o banco cobra na praça. São instituições financeiras, pessoas físicas, empresas de diferentes matizes, clubes de futebol e o Estado do Rio de Janeiro. Em comum, têm o fato de deverem mais de R$ 1 milhão ao BC.

Boa parte dos valores decorre de multas aplicadas ao detectar infrações, como a movimentação ilegal de dinheiro no exterior. É nessa categoria que está a maioria dos times de futebol devedores, pegos em transações irregulares de passe de jogadores.

O Paraná Clube lidera a lista, que tem 13 agremiações.

Há ainda os casos de calote por instituições que receberam empréstimos do governo. O maior devedor do BC, a empresa Auxiliar S/A, deve R$ 11 bilhões, numa disputa que remonta a 1985, quando o BC decretou a liquidação extrajudicial do grupo e quitou parte de suas dívidas.

Como a Auxiliar, há dezenas de devedores que o BC caça há décadas. Por isso, além de aumentar a arrecadação, o objetivo do "Projeto de Grandes Devedores" é inibir novas disputas judiciais.

A aposta dos devedores contumazes ao contratar advogados para manter teses no Judiciário e afastar o pagamento é agora de alto risco", diz o procurador-geral do BC, Isaac Sidney Ferreira.

O primeiro passo para fechar o cerco será o protesto extrajudicial das dívidas em cartório. Assim, todos ficarão com o "nome sujo". Outra inovação é a contratação de uma empresa para rastrear patrimônio no exterior e bens em nome de "laranjas.

Um grupo de 13 funcionários cuidará apenas dos casos do projeto, que tem orçamento de R$ 1 milhão e duração prevista de dois anos.

Com ele, o BC espera elevar para cerca de R$ 600 milhões a recuperação anual de créditos, o dobro do obtido em todo o projeto anterior, realizado de 2006 a 2011.

O cálculo não considera o Refis, o programa de parcelamento de dívidas com a União, cujo prazo de adesão vai até agosto. A expectativa é que ele ajude a turbinar a recuperação dos créditos –e a reduzir a lista de devedores.

O banco BTG Pactual, por exemplo, com uma dívida de R$ 20 milhões com o BC, já aderiu, apurou a Folha.

O projeto pode melhorar as contas públicas, pois todos os valores recuperados de multas, cerca de R$ 12 bilhões, comporão o superávit primário (economia para pagar os juros da dívida).

Procurado, o BTG não comentou. A Auxiliar S/A e o Paraná Clube não responderam até a conclusão desta edição.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES