Pai de criança teria gravado áudio que levou a boato e espancamento

Invetsigação vai tentar também identificar os agressores

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A polícia está tentando identificar os responsáveis pela divulgação dos áudios que desencadearam o espancamento de um homem e uma mulher, nesta quarta-feira, vítimas do boato de que estariam sequestrando crianças, em Araruama, na Região dos Lagos. Segundo o delegado Luiz Henrique Marques Pereira, titular da 118ª DP (Araruama), tudo indica que uma das gravações que levou à agressão contra Luiz Aurélio de Paula, de 60 anos, e Pâmela Martins, de 20, partiu do pai de uma criança.

- Tem um áudio que acreditamos ser do pai em que ele fala “tentaram pegar meu filho”. Ele (o suspeito) vai ser ouvido e se for confirmado que foi mesmo um dos divulgadores (do áudio) vai responder por injúria.

No áudio, divulgado através de um grupo de WhatsApp, a pessoa faz um alerta para a foto de um casal em um carro com placa de Minas Gerais, que estaria “catando crianças” no bairro Mutirão. Na gravação, a pessoa diz ainda que seu filho quase foi vítima, ainda na terça-feira. O delegado garante que não há registro de nenhum caso concreto de rapto de criança na delegacia e que tudo não passa de boato.

O próximo passo das investigações, segundo ele, será tentar também identificar os agressores. Ele conta com a ajuda das imagens divulgadas na internet, mas diz que são muito ruins. Thaíssa Lima de Sá, de 20 anos, é a única presa, por enquanto. Segundo a polícia, ela foi detida em flagrante ateando fogo no carro.

Na delegacia, Thaissa contou que estava na casa de uma tia quando soube do espancamento e resolveu ir ao local. Lá recebeu um recipiente com líquido, que não sabia ser gasolina, e um isqueiro. Ela também disse que não sabia quem entregou esse material para ela.

Segundo a policia, a jovem vai ser enquadrada por dano qualificado no emprego de inflamável ou explosivo. Ela poder ser solta, se pagar a fiança, cujo valor arbitrado não foi divulgado. Caso contrário poderá pegar uma pena que varia de seis meses a três anos de detenção.

O comerciante Luiz Aurélio de Paula, de 60 anos, uma das vítimas do espancamento, contou aos policiais que só na delegacia ficou sabendo do real motivo da agressão. Segundo o relato dele, por volta das 10h estava em frente ao mercadinho do bairro Mutirão, esperando Pâmela. Os dois tinham marcado um encontro para falar de uma vaga de emprego em uma loja de laticínios que Luiz está abrindo na cidade.

Vítima vai processar responsáveis por boato

Pamella diz que vai processar a pessoa que deu início à divulgação das mentiras. Assustada, ela e o marido, Luiz Carlos Ferreira, não voltaram para casa, no bairro Mutirão, preferindo dormir num local afastado.

Abalada, dolorida e reclusa, com medo de retaliações, a vítima do boato agradece a Deus por não ter morrido. Ela contou que “será difícil responsabilizar a maioria” entre os que apoiaram a agressão e compartilharam o boato. Mas vai acionar a Justiça contra uma mãe que teria sido a pivô da mentira. Segundo Pamela, foi essa pessoa, ainda não identificada, que acusou Luiz Aurélio de tentar sequestrar seu filho.

— Quero correr atrás dos meus direitos com a mãe, com os parentes da criança. Em rede social, ela afirmou que fomos eu e o Aurélio. Me mandaram um print dessa publicação dela. Agora ela excluiu o Facebook. Muitas pessoas postaram as fotos, mas hoje a maioria apagou, então não tenho muitas provas — explicou Pâmella, que teve o celular roubado durante a confusão.

Policiais contaram à jovem que a mãe da criança, mais tarde, relatou na delegacia de que tudo havia sido um mal-entendido. Mesmo traumatizada, Pâmella fez questão de expor sua versão “para tentar ao menos conseguir a dignidade de volta”.

— Foi Deus que não permitiu que eu perdesse a vida ontem. Onde você vai, as pessoas te olham e te julgam. Quando fomos à UPA receber atendimento, os próprios seguranças faziam piadinhas. Um me perguntou o que nós fazíamos com as crianças depois de sequestrá-las. Disseram que eu usava peruca (no crime), só porque me conhecem loira e eu pintei os fios de preto há seis meses. Eu não tenho nada a ver com isso — contou Pâmella, que precisou ser medicada por ferimentos nos braços e na cabeça.



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