Fé e trabalho que “curam” a dependência química na Comunidade Terapêutica Associação Padre Pio

Como forma de ajudar as pessoas a se livrarem desse mal, a Comunidade Terapêutica Associação Padre Pio foi fundada há pouco mais de um ano

O número de dependentes químicos cresceu em todo o Piauí | JOSÉ ALVES FILHO
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Tratar de dependentes químicos trabalhando a espiritualidade cristã e usando atividades laborais. É com essa proposta que a Comunidade Terapêutica Associação Padre Pio trabalha ha pouco mais de um ano. O espaço que iniciou com apenas cinco pessoas, hoje realiza o tratamento de 30 homens, que já foram usuários de álcool e outras drogas.

O espaço nasceu da iniciativa do ex-usuário de drogas Edilson Pereira de Sousa, hoje coordenador da casa. Ele conta que usou entorpecentes por 22 anos e após parar de usar, teve a ideia de construir esse espaço para ajudar a quem também sofre com esse problema.

A comunidade terapêutica fica localizada no Povoado Soinho, na zona rural de Teresina, em um sítio. ?Esse era um sítio do meu tio, que estava à venda, mas ele acabou doando para que eu pudesse pôr em prática esse projeto?, disse o coordenador geral do local.

O local atende apenas pessoas do sexo masculino, tanto adultos como idosos. Para ter acesso à comunidade terapêutica o interessado deve procurar a igreja católica, através do Santuário São Francisco, no Bairro Dirceu, na zona Sudeste de Teresina.

Após manifestar o desejo de realizar o tratamento na casa, o interessado será cadastrado e vai para a lista de espera. Hoje existe uma lista de cerca de 60 pessoas esperando para iniciar tratamento no local.

Antes de entrar na casa, o futuro residente realizará uma série de exames, dentre eles, estão o de HIV/Aids, Sífilis, Hemograma completo. É checada ainda a situação dos pulmões, fígado e rins.

O tratamento dura 12 meses, mas com seis meses na casa, cada um dos residentes passa uma semana com sua família. Enquanto estão realizando o tratamento, eles fazem os trabalhos dentro do sítio, como cuidar dos animais, da plantação, fazer a limpeza do espaço, dentre outros.

?Essa é uma forma que nós encontramos de fazer com que eles tenham mais responsabilidade e disciplina na vida, pois sabemos que um usuário de drogas não tem horário para nada, faz o que quer, quando quer e aqui na comunidade nós queremos que eles se sintam responsáveis por alguma coisa, tenham uma rotina de atividades?, explicou Edilson.

Trabalho voluntário ajuda no tratamento

Após entrar na comunidade terapêutica, o tratamento de 12 meses tem o acompanhamento de uma psicóloga, uma assistente social e uma médica, que realizam um trabalho voluntário na casa.

"O trabalho dessas profissionais é muito importante para nós e para o tratamento deles. Elas fazem o que nós não temos como fazer, por não termos conhecimento na área", afirmou Edilson.

Um dos trabalhos mais importantes realizados pela assistente social da comunidade terapêutica, segundo Edilson, é buscar o contato dos internos com a família de cada um deles.

Muitos, ao chegarem ao local, já não tinham nenhum contato familiar e, após serem internados, esse contato ficou ainda mais difícil. "A assistente social, com nossa ajuda, vai atrás da família, tenta conversar com ela para fazer uma reaproximação.

Muitos não tinham mais nenhuma aproximação com a família e nós temos que fazer um trabalho de investigação, para encontrar essas pessoas e trazê-las para perto dos residentes", pontuou.

Raimundo Sérgio da Silva Filho, de 35 anos, está há pouco mais de um mês na casa, mas já conseguiu retomar a boa relação que tinha com sua família.

Ele conta que foi expulso de casa, após começar a usar drogas, devido aos problemas que estava trazendo à sua família.

"Depois que vim para a comunidade terapêutica, minha mãe ficou muito feliz. Estou me transformando em um novo homem e pretendo voltar a ter uma vida normal. Quero voltar a ter o respeito e admiração da minha filha, que disse ter vergonha de mim", relatou

Comunidade mostra que recuperação é possível

Quando um usuário de álcool e outras drogas procura tratamento, ele, geralmente, já chegou a um estágio muito avançado da dependência química.

Muitos deles já estão no fundo do poço, com a vida social totalmente destruída e a saúde debilitada. E a partir do momento que entram em uma comunidade terapêutica a luta passa a ser diária, com o objetivo de recuperar tudo o que foi perdido, inclusive os sonhos.

Foi isso que aconteceu com Max Deibson dos Santos, de 24 anos, que já realiza o tratamento há seis meses. Ele conta que sua vida foi destruída pelo uso de vários tipos de drogas, que passaram a fazer parte da sua rotina desde os 12 anos de idade.

Ele viveu na rua por sete anos, até chegar à Associação Padre Pio. Mas hoje ele diz estar confiante de que conseguirá sair de vez do mundo das drogas.

?Esses seis meses dentro da casa foram os mais felizes da minha vida, sem drogas, sem criminalidade, longe do submundo. Esse tratamento está sendo muito importante, vai me ajudar a crescer.

Agora só quero concluí-lo, sair daqui e ter uma vida diferente lá fora. Quero trabalhar, voltar a estudar, me reaproximar do meu filho de cinco anos que eu deixei lá fora. Vai ser tudo diferente agora?, afirmou.

Dentre os sonhos que Max quer realizar após terminar o tratamento, está a formação no curso de Psicologia. ?Quero me formar em Psicologia e trabalhar com dependentes químicos, para ajudar a quem precisa de ajuda, como eu precisei?, pontuou.

Muitos dos residentes da comunidade terapêutica eram moradores de rua, que foram resgatados pelo Pastoral de Rua da Igreja Católica. Dos 30 homens que estão fazendo tratamento hoje na casa, 12 foram tirados da rua.

?A pastoral vai às ruas, dá assistência a essas pessoas e quando algum deles está interessado e pede ajuda para sair da dependência química, eles buscam vagas em comunidades terapêuticas e, dessa forma, muitos chegaram até nós?, afirmou Edilson.

Associação também realiza trabalhos de prevenção junto à comunidade

Além de realizar o tratamento dos residentes, a coordenação da Associação Padre Pio também busca fazer um trabalho de prevenção do uso de drogas com a comunidade onde está inserida. Além do povoado Soinho, vários outros, localizados nas proximidades, são alvo dos trabalhos da Associação.

A exemplo de como é realizado o tratamento dentro da casa, com os residentes, nas comunidades a Associação também busca prevenir o uso de entorpecentes por meio da espiritualidade cristã, tendo como uma de suas principais metodologias a formação de grupos de orações. "Toda semana nós vamos às comunidades e hoje estamos com seis grupos de orações.

Esse é um trabalho importante, pois além de tratar, nós também queremos prevenir", disse o vice-presidente da Associação Padre Pio, Reginaldo Santiago.

Esse trabalho preventivo abrange todas as faixas etárias, tendo grupos de orações voltados tanto para crianças como para jovens, adultos e idosos.



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