Intolerância é principal causa de linchamentos

Ainda de acordo com a pesquisa, as motivações variam,

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Os registros de tentativas de linchamentos têm crescido nos últimos meses. Em julho, a Polícia Militar do Piauí registrou mais um caso contra um homem acusado de assaltar o celular e a bolsa de uma mulher na região do Grande Dirceu, na zona Sudeste de Teresina. Os policiais que atenderam a ocorrência relataram que o suspeito teria abordado a vítima para praticar o assalto, mas a população foi mais rápida e conseguiu fazer a sua abordagem. O acusado negou todas as acusações e foi capturado bastante machucado, após ter sido agredido a socos e pontapés.

A intolerância é a principal causa dos linchamentos que ocorrem em vários Estados do Brasil, dizem especialistas em comportamento humano, segurança pública e direito. Esse tipo de espancamento é fruto da combinação da percepção de Estado ineficiente, por parte da população, com uma tradição de desrespeito aos direitos humanos. 

Uma realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo mostra que as motivações que levam à intolerância e aos linchamentos variam, mas a principal é o crime contra a vida, como casos de homicídio ou latrocínio. A segunda motiva- ção pode ser um crime contra o patrimônio, e a terceira, crime contra os costumes, que são os casos de estupro. 

De um lado existe a percepção de que o Estado não é capaz de prover segurança e justiça. Há uma percepção difusa de uma parte da população de que a impunidade dá a sensação de medo, aumento da criminalidade e a população se vê vulnerá- vel. Então, há a percepção de que o Estado é ausente e ineficiente.

Ainda de acordo com a pesquisa, as motivações variam, mas partem da ideia de que algumas regras foram quebradas e, com isso, os suspeitos são alvo de ameaças ou de agressões físicas, que podem ter um desfecho fatal. É como se o linchamento fosse uma espécie de controle social, uma espécie de punição ou pena dada à pessoa acusada de cometer um crime, não necessariamente culpada, porque ali não tem uma investiga- ção real, e com base em indícios momentâneos.

O sociólogo especialista em segurança pública, Arnaldo Eugênio, afirmou que a prática é antiga e pode ser considerada como um processo de satisfação de um desejo ancestral de vingan- ça, porque a maioria das pessoas que estão envolvidas no linchamento não foi vítima do acusado, e por isso ele questiona qual prazer esse indiví- duo teria por fazer justiça, se em nenhum momento ele foi injustiçado ou atacado.

“O que se esconde é o desejo sublimado de fazer a vingança, isso é ancestral antropologicamente falando. Existe uma massa desesperada com a crescente onda de violência e criminalidade que o Estado não consegue frear e vem o desespero. Em vez de esperar por justiça, vem o desejo de se vingar. E isso vai além da vítima, porque as pessoas que não tinham nada a ver com a ação passam a participar da orgia da barbárie, que é algo nosso, que é sentir o prazer com o sofrimento e a dor do outro e a justificativa racional seria a questão da violência”, declarou.



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