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Perito contratado por Temer diz que áudio deveria ir para o lixo

Ele apontou a baixa qualidade do aparelho usado por Joesley

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Com base na gravação e em informações prestadas por Joesley e o irmão Wesley Batista, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Edson Fachin autorizou a abertura de inquérito para investigar Temer pelos crimes de corrupção passiva, obstrução à Justiça e organização criminosa.

As delações dos empresários já foram homologadas por Fachin e, como provas, eles entregaram ao Ministério Público Federal documentos, gravações, fotos e vídeos.

Para Ricardo Molina, há "inúmeras descontinuidades, mascaramentos por ruído, longos trechos ininteligíveis ou de inteligibilidade duvidosa" na gravação relacionada ao presidente Temer.

Em entrevista coletiva em Brasília, o perito afirmou que há problemas que seriam detectados até por leigos na gravação. Ele afirma que o áudio está "inteiramente contaminado por inúmeras descontinuidades, mascaramentos por ruídos, longos trechos ininteligíveis ou de inteligibilidade duvidosa e váris outras incertezas" e que "não poderia ser considerado como uma prova material válida", conforme escrito numa apresentação de Power Point exibida aos jornalistas.

Ele apontou a baixa qualidade do aparelho usado por Joesley.

- É uma gravação tão importante que estranha que tenha sido feita com um gravador tão vagabundo. Joesley poderia ter comprado um gravador mais caro - ironizou Molina.

Segundo ele, toda o áudio deve ser descartado. O perito comparou com o consumidor que compra uma carne estragada: deve ser eliminada só a parte podre, ou deve ser jogada fora toda a peça? Segundo ele, a segunda opção é a melhor.

- Quando trata de prova material, não existe prova mais ou menos boa. A prova é boa ou não é boa. Ela deveria ter sido considerada imprestável dese o primeiro momento.

Molina ainda criticou a Procuradoria-Geral da República (PGR) por ter incluído ao processo uma gravação "nitidamente corrompida" sem ter realizado uma perícia mais rigorososa antes. O perito citou manifestação da Associação Nacional dos Peritos Criminais: "ao se ouvir o áudio divulgado pela imprensa, percebe-se a presença de eventos acústicos que precisam passar por análise técnica, especializada e aprofundada, sem a qual não é possível emitir qualquer conclusão acerca da autenticidade da gravação".

Durante a apresentação, na qual usou diversas imagens de análise do áudio representado por ondas sonoras, Molina mostrou pontos em que ruídos podem ter sido usados para edição, juntando partes da gravação com outras, não necessariamente em sequência.

Ele também disse que a gravação entregue por Joesley ao Ministério Público não é a original feita no gravador, especialmente por conta dos nomes dados aos arquivos digitais: “PR1 14032017”, “PR2 16032017” e “PR2 A 13032017”. Molina disse que o nome do arquivo original dado pelo gravador teria sido outro.

“A gravação não pode ser considerada autêntica, do ponto de vista técnico-pericial. É algo que eu posso garantir que não foi manipulada a posteriori”, disse.

Molina também disse considerar “provável” que a gravação tenha passado por edição. “O mais provável é a extração de trechos, porque isso é muito fácil. A inclusão de trechos é muito mais complicada. Você corta um pedaço e ninguém vai saber o que aconteceu”, disse.



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