Trabalho compartilhado entre os docentes favorece o aprendizado

Dividir tarefas escolares entre os professores pode resultar em melhor desempenho dos alunos. Compartilhar a responsabilidade educacional melhora o efeito final do trabalho de todo o corpo docente

Escola | Kelson Fontinele
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Assumir a responsabilidade pelo ensino é uma ousadia. Ensinar implica não só transmitir conhecimentos e práticas sociais. É também criar condições para que os estudantes se apropriem do projeto do aprendizado e para que se posicionem como produtores do conhecimento.

Além disso, ensinar é uma tarefa complexa e muitas vezes feita de modo solitário no ambiente da sala de aula, cheio de surpresas e incertezas, requerendo decisões nem sempre previsíveis no planejamento.

Especialistas acreditam que intensificar o trabalho compartilhado entre os colegas dentro e fora da sala de aula parece ser uma condição essencial para que todas as crianças possam se apropriar dos conhecimentos e das práticas que a escola tem a responsabilidade de comunicar.

O que ensinar? Quais são as prioridades? Tudo o que está previsto é, de fato, necessário para os alunos? Como planejar para atender aos diferentes níveis de conhecimento? Como agir com os alunos que não consideram a coletividade?

Essas e muitas outras perguntas entremeiam o fazer pedagógico, sem que tenhamos respostas satisfatórias para algumas delas. Para Maria Helena Braga, supervisora pedagógica de programas do Instituto Qualidade no Ensino (IQE), a escola, formada pelo trabalho de todas as pessoas que dela participam, raramente é encarada como fruto de uma equipe.

“Em diversas situações, os profissionais tentam solucionar as dificuldades individualmente, recorrendo às experiências que tiveram ao longo da vida. No entanto, a prática em diferentes áreas de atuação demonstra que as decisões que advêm da troca de considerações e ideias têm muito mais probabilidade de sucesso, já que permitem a ampliação das visões individuais.

Isso ocorre entre as equipes médicas em busca dos melhores procedimentos para fins de manutenção da saúde; entre grupos multidisciplinares, na análise de situações que podem ser vistas à luz do conhecimento das diferentes áreas, por exemplo”, explica Maria Helena.

A supervisora pedagógica do IQE acrescenta que em Educação, atualmente, fala-se de “residência pedagógica”, cuja finalidade seria a mesma da Medicina: acompanhar e introduzir trabalhadores competentes nas práticas profissionais.

“Assim, os ingressantes teriam a possibilidade de vivenciar as circunstâncias reais em que exercerão sua profissão, como também contar com a experiência daqueles que já a exercem com competência”, frisou.

De acordo com Maria Helena, para quem está atuando em escolas, a “aula compartilhada” pode tornar-se ferramenta fundamental de apoio à prática pedagógica.

“O próprio termo permite-nos antecipar o que seria: a ação de duas ou mais pessoas assumirem conjuntamente o comando de uma mesma turma, em momentos específicos, como corresponsáveis pelo planejamento, desenvolvimento e avaliação de seus resultados”, afirmou.

O procedimento de aula compartilhada pode ter fins variados: a implantação de uma nova metodologia, o apoio ao professor que experimenta algumas dificuldades com sua turma, a ampliação ou extensão de um projeto, a requisição dos conhecimentos das várias áreas, o preparo de professores iniciantes, a observação conjunta de determinados alunos ou grupos, a experimentação de projetos inovadores.

“O compartilhamento pode ser feito entre professores, entre esses e seus coordenadores pedagógicos ou orientadores, entre professores e outros profissionais da escola e, até mesmo, entre professores e alunos, de acordo com os objetivos pretendidos”, destacou a supervisora pedagógica de programas do IQE.

Para tanto, segundo Maria Helena, é preciso que haja disponibilidade pessoal, ou seja, querer compartilhar aulas e disponibilidade da instituição em garantir espaços e tempos para a troca entre os educadores, a fim de que planejem, executem e avaliem. “A experiência, seguramente, vale a pena”, reforçou a supervisora do IQE.

Por meio da linguagem, sujeito das redes sociais pode ser construído em sala de aula

Muito tem sido dito a respeito do emprego das redes sociais, tão usuais no cotidiano de alunos e professores, a fim de que, nas escolas, ultrapassem a finalidade de entreter e, bem utilizadas, tornem-se valiosas ferramentas de interação, pesquisa e produção de conhecimento. Entretanto, pouco tem sido realizado com o intuito de levar o aluno a refletir sobre as diferentes formas de construção do sujeito/do ser virtual.

A internet dispõe de suportes virtuais (blogs, fotoblogs/instagram e redes sociais, como o facebook), ou seja, de ferramentas interativas nas quais é possível criar perfis, bancos/fóruns de assuntos diversos, comunidades públicas virtuais para os mais variados fins.

Para Maria Sidalina Gouveia, supervisora pedagógica de Língua Portuguesa no Instituto Qualidade no Ensino (IQE), nesses espaços, os usuários, por meio de práticas discursivas (verbal e não verbal), relacionam-se em ambiente aparentemente menos excludente e mais democrático, pois as "realidades" psíquica, emocional e cognitiva dos sujeitos podem ser projetadas nessas redes, de forma real ou imaginada, favorecendo novas articulações sociais.

"O sujeito das redes sociais não é real, mas também não é irreal, isto é, existe a possibilidade de vir a ser ou simplesmente continuar a ser uma representação, escolhida pelo próprio internauta, para ser apresentada no meio digital. Nas práticas discursivas das postagens em ambiente virtual, é possível perceber o sujeito instaurado de maneiras diversas", explica.

Sidalina cita como exemplo de uma dessas formas de instauração do sujeito o ser "ator", que idealiza o seu "eu", em geral, com a intenção de agradar e não ser excluído dos grupos; o ser interativo, extrovertido e bem relacionado, mas total ou parcialmente dependente do suporte para ser quem é; o ser habilidoso, dinâmico e moderno, que se relaciona com pessoas que compartilham dos mesmos interesses; o ser isolado, com baixa autoestima, que necessita de atenção.

"O sujeito dos ambientes virtuais é uma manifestação do momento, visto que seu perfil (caracterização geral) é concebido de acordo com intenções que direcionam o que, como e por que dizer de uma determinada forma.

A discussão, em sala de aula, sobre essas diferentes formas de (re) construir o sujeito ou os sujeitos das redes sociais, por meio das práticas discursivas, justifica-se por serem esses suportes uma realidade na relação professor/aluno, o que antes estava restrito às paredes da sala de aula, popularizou-se e ganhou espaço no mundo virtual - e levará o aluno a reconhecer que o ambiente e o sujeito virtuais são controladores, mas também facilmente manipuláveis", avaliou Maria Sidalina Gouveia do IQE.

O fato de a virtualidade configurar-se em uma "realidade" paralela possibilita ao sujeito ser outro, ou ele mesmo, em outro espaço. "Fazer parte dessa engrenagem viabiliza certo conforto para o sujeito, pois ele tem a sensação de poder comandar o que quer ser no momento e na hora que desejar, e o seu "eu" será revelado se assim o quiser.

Dessa forma, o indivíduo tem a impressão de ser livre, quando, na realidade, continua a participar de uma sociedade de controle", pontua a supervisora pedagógica de Língua Portuguesa.

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