Doença da Urina Preta: entenda sobre a doença que está assustando o Brasil

O diagnóstico é simples. Após os sintomas, o paciente confirma se, de fato, consumiu pecados nas 24 horas anteriores.

amostra de urina preta | Reprodução
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Com dezenas de casos registrados no Amazonas e, ao menos, uma morte, a Doença da Urina Preta assusta especialistas. Desde o dia 22 de agosto, vários pacientes em Manaus apresentaram os sintomas. Foram então diagnosticados com rabdomiólise. Entenda do que se trata.

Em suma, essa síndrome causa degradação do tecido muscular esquelético. Ou seja, o sistema responsável pela locomoção e movimentação do nosso corpo. Dos mais de 40 diagnósticos, ao menos 34 foram registrados em Itacoatiara. A cidade fica a 176 quilômetros da capital, Manaus.

Amostra de urina escura de paciente com a doença. (Foto: Reprodução)

Mais casos foram registrados em cidade como Autazes, Caapiranga, Parintins, Silves e Manaus. Estudos são realizados para que mais detalhes sejam trazidos a respeito da síndrome. Trata-se, portanto, de um caso de alerta de saúde pública que ocorre em meio a uma pandemia de outra doença.

Doença da Urina Preta já foi registrada na década de 1920

A rabdomiólise pode ter relação com a Doenaç de Haff, que é “oficialmente” a Doença da Urina Preta. O primeiro surto foi registrado em 1924. Entre os sintomas: rigidez muscular e urina com coloração escura. Mas esse primeiro surto não ocorreu no Brasil, e sim em Königsberg Haff, na região da costa do Mar Báltico.

Outros surtos menores ocorreram nos nove anos seguintes ao registro de 1924. Ao menos mil pessoas foram atingidas. Os estudiosos identificaram uma ocorrência sazonal, no verão e no outono. Pessoas que comiam peixes ou crustáceos eram as acometidas.

Pessoas que comiam peixes e crustáceos eram acometidas pela doença. (Foto: Jakub Kapusnak-Unsplash)

Após o consumo desses alimentos, os acometidos apresentavam dores de cabeça, nos músculos de forma intensa e, claro, o escurecimento da urina. O xixi fica de uma cor parecida com o café. Sem dúvida é um sintoma bastante assustador. Uma toxina vinda dos pescados poderia ser a resposta, mas isso nunca foi provado.

A tal toxina não pôde ser identificada e, pior, não era eliminada com o cozimento do alimento. Não apresenta cheiro e a carne atingida não muda de cor. Ou seja, seria algo muito sorrateiro e impossível de se identificar. Em Manaus, por exemplo, os acometidos comeram pirarucu, pacu, tambaqui e pirapitinga.

Doença misteriosa e assustadora

Ainda não se sabe como a tal toxina chega até o pescado. Há desconfiança de que mudanças em ecossistemas sejam responsáveis por isso. Há também a possibilidade de os peixes estarem comendo algo desconhecido que os infecta. A contaminação com toxinas de cianobactérias também pode ocorrer. Até a contaminação das águas com metais pesados é uma possibilidade.

Está descartada a possibilidade de retirar o peixe do consumo humano. (Foto: Frank Vessia-Insplash)

Mesmo com as investigações, a exclusão do peixe na dieta dos amazonenses é descartada. Como é parte integrante da cultura e da nutrição local, parar com co consumo de peixes poderia trazer prejuízos econômicos e nutricionais, segundo as autoridades. Os poucos casos e a falta de dados sobre as contaminações estão do lado de quem defende que o peixe continue do cardápio.

Reincidência no Brasil

A misteriosa Doença da Urina Preta já apareceu no Brasil nos anos de 2008 e 2009. O surto mais preocupante é o de 2017, quando mais de 70 pessoas tiveram diagnósticos na Bahia. São raros os casos de sintomas mais graves, mas eles existem. A Doença de Haff, por exemplo, já matou.

Os quadros graves levam a comprometimento da musculatura abdominal e dos membros. A musculatura cardíaca também corre risco, e isso já é suficientemente preocupante. A insuficiência renal é um dos pontos a se ater, pois pode ser uma das consequências.

Paciente deve informar se consumiu peixe nas 24h anteriores. (Foto: Gregor Moser-Unsplash)

O diagnóstico é simples. Após os sintomas, o paciente confirma se, de fato, consumiu pecados nas 24 horas anteriores. O tratamento mais indicado é, em suma, o consumo abundante de líquidos. Isso, pois a prática ajuda a desintoxicar o organismo.

Anti-inflamatórios podem piorar o estado dos rins e músculos, portanto, ficam fora do tratamento. Se o quadro evoluir, o paciente pode até mesmo precisar de hemodiálise, para filtragem do sangue.



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