Projeto põe em dúvida origem asiática do cão doméstico

Os primos do Totó podem ter sido lobos eurasianos

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Os primos do Totó podem ter sido lobos eurasianos, mas novas descobertas tornam os detalhes da domesticação mais complexos

Recuperando a história: pesquisadores estudam o DNA para obter respostas sobre onde, quando e por que os vira-latas se tornaram tão populares

De Lulus da Pomerânia aos vira-latas sarnentos, todos os cães domésticos (Canis familiaris) parecem descender do lobo cinzento eurasiano (Canis lupis). O que não se sabe, porém, é exatamente quando e onde nossos melhores amigos passaram de predadores a companheiros. Esse conhecimento pode ajudar a responder a antiga questão por que os cães foram os primeiros animais a serem domesticados.

O genoma do cão ─ cortesia de uma boxer chamada Tasha ─ foi decodificado pela primeira vez em 2005, e antes disso pesquisadores já vinham usando ferramentas genéticas para seguir a trilha do primeiro lar do Totó. Pesquisa recente aponta o leste da Ásia como local da primeira domesticação, após a descoberta da alta diversidade genética e outros marcadores importantes na população de cães de várias aldeias dessa região.

Alguns investigadores, entretanto, apontam que a pesquisa genética recolheu mais amostras de cães dos vilarejos do leste asiático, desprezando os cães que perambulam por vilarejos semelhantes pelo mundo todo. É aí que entra o Projeto da Diversidade Genética dos Cães de Vilarejos da Cornell University. Partindo de uma análise genética recente de cães de vilarejos africanos, o grupo de Cornell espera criar um mapa genético detalhado da ancestralidade canina no mundo todo, que pode fornecer uma nova compreensão sobre os antigos habitantes que os abrigaram.

Uma parte desse novo insight aparece no Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), em um estudo que questiona a hipótese da origem asiática dos cães. Uma equipe liderada por Adam Boyko, pesquisador do Laboratório Carlos D. Bustamante, de Cornell, recolheu amostras de 318 cães de vilarejos africanos (bem como de centenas de cães da América do Norte e Europa para comparação) e descobriu que a alta diversidade genética de cães na África era semelhante à encontrada no leste da Ásia. ?Determinamos, praticamente sem exceção, que descendiam de populações ancestrais diferentes?, observa Boyko. Isso significa que os ancestrais dos cães da amostragem africana podem ter existido há tanto tempo quanto os do leste asiático.

Pesquisadores ainda precisam descobrir quando as pessoas começaram a criar os cães em casa. A teoria atual é de que os cães foram domesticados em algum momento entre 15 mil e 40 mil anos atrás, porém, segundo Boyko, testes genéticos ainda não são suficientes para fornecer resultados mais refinados.

Na tentativa de conseguir mais pistas, equipes de campo se espalharam por todo o mundo, nos últimos meses, para recolher amostras de cães de vilarejos no Vietnã, Nova Guiné, Malásia e outras localidades da Eurásia. ?Esse é um território enorme e precisamos obter mais dados?, avalia Boyko, que é dono de um cão mestiço (cujos testes genéticos revelam ascendência chow, uma das raças mais antigas).

Normalmente não são feitos grandes esforços pela conservação de cães brigões de vilarejos ao contrário, alguns até são alvo de enérgicos programas de eliminação. Mas esses cachorros ainda são desafiados pelos recém-chegados cães de descendência europeia, que ameaçam provocar impacto no conjunto genético regional. ?Não se sabe até que ponto as antigas populações serão capazes de manter sua identidade genética e persistir diante da modernidade?, relataram Boyko e coautores no trabalho publicado no PNAS. O tempo é fator primordial na obtenção de uma resposta consistente sobre a descendência canina.

Olhar para o passado na árvore genealógica dos vira-latas ajudará os pesquisadores a aprenderam mais não apenas sobre os cães, mas também sobre os seres humanos da antiguidade. Um mapa genético da domesticação canina pode revelar informações importantes sobre a migração humana e rotas de comércio. ?Podemos transformar os cães em marcadores genéticos para as atividades passadas das populações humanas?, observa Boyko.

Ele acrescenta que pretendem também ?descobrir quais regiões do genoma sofreram seleções anteriores?, e a partir daí ?saberemos para que os caracteres foram selecionados e em que momento?. Esse conhecimento, com alguma ajuda de arqueólogos, pode revelar por que o cão foi tão especial e por que provavelmente se tornou a primeira espécie domesticada.



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