“O silêncio do presidente o coloca como cúmplice”, diz Wellington Dias

Em entrevista a Rede Meio Norte, o senador eleito ainda detalhou as conversas relativas ao ajuste no Orçamento de 2023.

"O silêncio do presidente o coloca como cúmpice", diz Wellington Dias | Reprodução/Divulgação
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Auxiliando o presidente Lula, do Partido dos Trabalhadores, na transição, o senador eleito Wellington Dias (PT) concedeu entrevista ao Jornal Agora, da Rede Meio Norte, nesta quarta-feira, 01 de novembro, criticando o silêncio do candidato derrotado Jair Bolsonaro (PL) em relação ao resultado das eleições, e especialmente aos bloqueios promovidos por bolsonaristas pelo país, o que tem prejudicado em demasia a vida do cidadão.

"Quem está por trás? Quem é que está financiando? Isso, pela forma como foi feita, parece algo bem orquestrado, planejado e o silêncio do presidente coloca ele não só como cúmplice, como também a prática do crime de responsabilidade, o crime de omissão, afinal de contas, é um presidente da república. Os governadores adotam medidas, as autoridades tomam medidas, e o presidente da república? Desapareceu? Um país não tem mais presidente da república? Não faz sentido", afirmou.

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Um dos coordenadores da campanha do petista, Wellington Dias detalhou o diálogo que vem travando para as adequações no Orçamento para o ano que vem, no sentido de viabilizar ações sociais e em áreas-chave prospectadas pelo presidente eleito.

Nós vamos fazer um acompanhamento com duas equipes. Uma equipe que vai trabalhar essa parte do acompanhamento da execução orçamentária. O objetivo é que a gente possa ter com a maior precisão possível, as condições e examinar todos os dados para o fechamento do ano de 2020 e 2022. A receita, a despesa, qual o tamanho do déficit; se teve superávit, qual o tamanho do superávit. Para com esses dados, a gente ter um planejamento mais eficiente para o ano de 2023. De 2022 ainda nós vamos saber quais as obras que estão inacabadas, quais os convênios não executados. Ou seja, um conjunto maior de informações”.

Nesse diálogo, o relator da lei orçamentária anual, o piauiense Marcelo Castro (MDB) tem um papel essencial. "O senador Marcelo Castro, relator do orçamento, que também vamos dialogar com a Presidência, com a direção da Comissão do Orçamento; o presidente da Câmara, do Senado, os líderes. Vamos ter uma integração também nesse trabalho com o Tribunal de Contas da União; acho muito importante essa posição do ministro Bruno Dantas que plantou essa condição de trabalho mais técnico. Vamos contar com uma equipe técnica de mais parlamentares de variados partidos. O objetivo aqui, no caso do orçamento, é que possamos ter as condições de assegurar 20 e 23; um conjunto de propostas que estão previstas no programa do presidente Lula. Ele, claro, vai coordenar tudo. Mas nós vamos ter esses vários grupos de trabalho”

Wellington Dias complementou. “O destaque é, não ter desconto de anuidade. Por exemplo, não ter desconto de anuidade do auxílio emergencial. Está previsto dinheiro até janeiro. E a partir de janeiro, abril de 2023, faltará os 600 das pessoas? Não faltará. Nós vamos estar trabalhando para assegurar a continuidade desse projeto enquanto se tem a aprovação da proposta efetiva que, além dos 600 reais, coloca mais a regra, a proposta de 150 por cada criança da família e adota um conjunto de medidas. Crianças matriculadas em escolas, pessoas com idades de estudar e ali a garantia da vacinação, como previsto antes”.

O salário mínimo

Para o ano que vem, o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva já quer viabilizar um ganho real, ajustando com a prévia do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e a inflação.

“O salário mínimo, o presidente também quer uma previsão para que no próximo ano de 2023, já tenha o primeiro ajuste com base na média do crescimento do PIB, além da inflação. Qual é o índice para esse ganho real? A média do crescimento do PIB. O PIB caiu muito nesse período. O que a gente tem hoje é ‘deixa o bolo crescer que um dia a gente vai dividir’. O presidente Lula não. O bolo cresceu e já vamos fazer uma divisão. O salário mínimo, além das pessoas, que dependem, também tem que fazer uma conta para esse impacto, mas há também os que tem o salário mínimo como referência. A própria classe média, os empreendedores, os micros. Ele é um fator a ajudar a circular mais dinheiro na economia, a renda e isso é o que vai impulsionar o crescimento econômico. O presidente Lula já fez essa experiência bem sucedida entre 2003 e 2010, por isso que o país cresceu ali a uma média de 4% ao ano, agora a gente caiu, está uma média de 1% ao ano e queremos fazer o crescimento, gerar mais empregos, mais consumo”.

Wellington Dias em entrevista ao Jornal AgoraO líder piauiense ainda detalhou a questão do endividamento. “A solução para as pessoas que estão na linha de endividamento, pessoas físicas e pessoas jurídicas; áreas emergenciais, na área da saúde, por exemplo, com a crise, na falta de medicamentos da União, para pessoas que tem doenças e que precisam de tratamento de uso contínuo. Diabéticos, que tem problema cardíaco. A área da oncologia vive uma crise. O próprio Piauí enfrenta essa crise. A situação relacionada as filas para exame, para médico. Tem que fazer mutirões; tem que ter a previsão no orçamento. A crise na educação, com as universidades, a crise relacionada com a merenda escolar, ou seja, todos esses pontos que estão no nosso programa, nós vamos estar dialogando para um entendimento com a câmara e o senado. Senador Marcelo na condução como relator, para que já em 2023, a gente já abra o ano em condições do presidente da república adotar medidas. Ele se comprometeu com o Brasil de forma especial com os que mais precisam".

Nomeação para Ministério

Wellington Dias desconversou sobre a possibilidade de ser indicado para um Ministério na gestão do presidente Lula (PT).

“Eu já fui nomeado pelo povo do Piauí. Eu sou grato a Deus e ao povo, para o senado federal. Aqui é uma colaboração, assim como fiz na campanha e fiz em outras transições. Participei ali em 2003, em 2016 e ali tinha sido eleito como senador. E agora quando a presidente Dilma foi eleita. Em 2014 eu também ajudei naquele período. Ou seja, o compromisso aqui é de ajudar o Piauí, ajudar o Brasil e ajudar o governo do presidente Lula".

Em relação ao movimento golpista de alguns bolsonaristas, o senador eleito teceu elogios para a governadora piauiense Regina Sousa (PT). "Quem está vendo hoje essa situação e quero parabenizar a governadora Regina Sousa reuniu a equipe de segurança, integrado com a PRF, militar e civil, inteligência, para não permitir o tumulto de uma ação que é contra a constituição. É crime contra a democracia, ou seja, não é razoável o que estamos vivendo".

O coordenador da campanha de Lula criticou Jair Messias Bolsonaro pelo silêncio ensurdercedor em relação ao resultado das eleições e aos atos antidemocráticos. "Aqui não tem mais a ver com eleição. Aqui é brasileiro com brasileiro. Cargas perecíveis, pessoas que estão parando as indústrias de carne e alguns produtos porque não tem onde colocar. Quem está por trás disso? Veja só, não estão os caminhoneiros. Não tem nada a ver com a pauta dos caminhoneiros. Tem que tratar também dessa situação de uma solução real, concreta e definitiva. Veja que a gasolina voltou a subir, para combustíveis, para gás, um conjunto de ações, sim, do nosso governo, mas aqui no caso, as empresas soltaram uma nota querendo o fim da paralisação. Se não são eles, quem são então? Quem está por trás? Quem é que está financiando? Isso, pela forma como foi feita, parece algo bem orquestrado, planejado e o silêncio do presidente coloca ele não só como cúmplice, como também a prática do crime de responsabilidade, o crime de omissão, afinal de contas, é um presidente da república. Os governadores adotam medidas, as autoridades tomam medidas, e o presidente da república? Desapareceu? Um país não tem mais presidente da república? Não faz sentido. Lá atrás a gente perdeu eleição e ali se fez uma transição adequada. Ou seja, nós temos situações em que o Brasil aqui um princípio, uma tradição democrática. Uma eleição reconhecida no mundo inteiro. Se tinha alguém para estar questionando aqui era o nosso lado. Tanto o uso da máquina, de uso de formas ilegais, enfim. Mas fizemos reconhecimento do resultado da eleição, vários países do mundo reconheceram, internamente, todas as autoridades, então não é razoável. Pela democracia, pelo Brasil, a gente precisa de paz, do direito de ir e vir e as condições de normalidade. Temos muitos problemas pela frente. É compromisso do presidente essa pacificação, essa união do Brasil, baixar essa disputa. Isso aqui não é uma brincadeira. Estamos tratando de vidas humanas. E nada colocar vidas brasileiras em risco. Esse é o trabalho que estamos fazendo".

Wellington Dias concede entrevista ao Jogo do PoderAliados de Lula também entraram em contato com o ministro da Casa Civil para articular a transição. O piauiense Ciro Nogueira (Progressistas) é quem comanda a pasta.

“O presidente me fez ontem, quando ele me pediu essa missão; a comissão de transição ela tem trabalhos que vão agora para essa parte do orçamento, como eu falei, tem também a presidenta Gleisi com esse diálogo com o próprio poder executivo. Ela e o Edinho fizeram contato com o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira, eu estava lá acompanhando em São Paulo ontem, para que a gente possa democraticamente abrir as condições dessa transição, como diz a própria legislação. Ao mesmo tempo, com o presidente da câmara, Arthur Lira, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, com o STF e poder organizar várias comissões; para que a gente tenha a formação de grupos de trabalho. Serão grupos que terão um perfil técnico, mas também ali sempre uma coordenação. E a partir daí, a adequação da nova proposta para a área da saúde, da educação, para a parte relacionada a infraestrutura, sabendo quais são as obras inacabadas; qual o valor que a gente tem previsto e necessário para investir agora no ano de 2023. Nós temos a ferrovia transnordestina, nós temos um conjunto de obras, adutora, que fizeram todo esse cena ali em Curimatá, que vai ter a adutora. Em Jaicós, que paralisaram. Tabuleiro litorâneo, em Guadalupe, Porto de Luís Correia; um conjunto de ações e o próprio presidente quer se reunir com governadores do Brasil e ele vai vistar o Nordeste. Provavelmente nesta sexta-feira em Salvador, com governadores atuais e eleitos do Nordeste. Quer dialogar já com uma primeira reunião já no início do mandato. Ou seja, diálogo. É tudo o que o Brasil va contar com o presidente Lula e o vice Geraldo Alckmin. E da minha parte, com a experiência que eu tenho, que a gente possa consolidar e a tomada de decisão do presidente, ser feita com máximo de segurança. A transição é para que você tenha o máximo de informações para a tomada de decisão. Cada área levar em conta a realidade do Brasil".

Ademais, ele pontuou que os atos serão investigados, até mesmo os ocorridos no dia da eleição, e quem cometeu um crime terá que ser responsabilizado.

“Certamente haverá investigações e pessoas vão responder por crimes ali praticados já no dia da eleição e agora depois. É lamentável que a gente tenha esse ambiente. Veja que só o fato da divulgação do resultado da eleição, o pronunciamento feito pelo presidente da república. Ele agora quer fazer uma viagem já abrindo compromissos na área ambiental, por exemplo, eu estava com o presidente Lula quando se abriu um canal de R$ 3 bilhões para investir na bioeconomia, na proteção não só da amazônia, do pantanal, da caatinga, dos cerrados, de várias outras áreas. Então, esse caminho seguro, com certeza, eu estarei de manhã, de tarde e de noite, bastante dedicado aí”.



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