Hormônios sexuais podem influenciar comportamento do câncer de pulmão

Câncer de pulmão cresce entre mulheres e pode se apresentar de forma diferente em relação aos homens

Pesquisa sobre câncer pulmão | Divulgação
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O câncer de pulmão em mulheres é um grave problema de saúde global. Enquanto a incidência deste tipo de câncer em homens vem caindo gradativamente, apesar de números ainda elevados, nas mulheres vem aumentando expressivamente nos últimos anos. 

Segundo dados do Global Cancer Observatory já é o terceiro em incidência e o segundo em mortalidade para elas (só perde para o câncer de mama). Considerando os dois sexos, é o terceiro em incidência e o primeiro em mortalidade.

O câncer de pulmão mais comum é o de células não pequenas (85% de todos os diagnosticados), que é subdividido em três tipos: carcinoma de células escamosas, adenocarcinoma de pulmão e carcinoma de grandes células. Adenocarcinomas correspondem de 40 a 60% dos cânceres de pulmão em mulheres, enquanto o carcinoma de células escamosas cerca de 10 a 30%. 

“É um tipo de câncer heterogêneo e apresenta menor associação com o hábito de fumar em comparação com outros subtipos. Estudos estimam que até 50% das mulheres com adenocarcinoma de pulmão são não fumantes, em comparação com 10-15% dos homens não fumantes que desenvolvem esse tipo de câncer”, diz o oncologista torácido Carlos Gil Ferreira, Presidente do Instituto Oncoclínicas.

Cientistas chineses

Um novo estudo feito por cientistas chineses, publicado em janeiro deste ano na revista Nature, revelou que não houve diferença significativa na incidência de câncer de pulmão de células não pequenas entre homens e mulheres na pós-menopausa, enquanto a incidência em mulheres na pré-menopausa aumentou em comparação com os dois grupos, sugerindo que os hormônios sexuais (endógenos e exógenos) desempenham um papel importante na ocorrência e desenvolvimento de câncer de pulmão. 

Segundo a publicação, estudos pré-clínicos mostram que a expressão de receptores de estrogênio em tecidos de câncer de pulmão é elevada, sugerindo que o estrogênio está intimamente relacionado à incidência deste tipo de câncer.

A pesquisa, liderada pelo médico Shiqing Liu, foi feita com base em amostras clínicas de câncer de pulmão e tecidos pulmonares normais adjacentes obtidas do Departamento de Cirurgia Torácida, Hospital Xiangya, Central South University, Changsha, China. Todas as amostras foram coletadas para fim de pesquisas, com consentimento dos pacientes.

Estudo sobre câncer no pulmão (Divulgação)

Atenção aos sintomas

É importante, portanto, estar atento aos sintomas para que se faça exames precocemente. “Mulheres jovens, com menos de 50 anos, consideradas saudáveis, mas com sintomas respiratórios persistentes, deveriam buscar avaliação médica”, diz o Carlos Gil Ferreira. “Se entre fumantes, que são o grupo sabidamente de maior risco, o câncer de pulmão é constantemente detectado em estágios avançados, o que dificulta o tratamento, a probabilidade de diagnóstico tardio em pessoas jovens e consideradas saudáveis aumenta consideravelmente”, completa.

Sintomas de câncer de pulmão em mulheres

Assim como os sintomas de ataques cardíacos são diferentes em homens e mulheres, os sinais de câncer de pulmão entre os dois grupos podem variar.

Os primeiros sintomas de câncer de pulmão em mulheres são frequentemente sinais de adenocarcinoma de pulmão. Como esses tumores geralmente crescem na periferia dos pulmões, longe das grandes vias aéreas, é menos provável que resultem em tosse.

Em vez disso, os primeiros sintomas podem incluir:

Falta de ar com atividade

Fadiga

Dor nas costas ou no ombro

À medida que a doença progride, as mulheres desenvolvem sintomas adicionais que podem incluir:

Tosse crônica com ou sem sangue ou muco

Chiado

Desconforto ao engolir

Dor no peito

Febre

Rouquidão

Perda de peso inexplicável

Pouco apetite

Muitas vezes, as mulheres não apresentam sintomas até que o tumor tenha se espalhado (metástase) para outras regiões do corpo.

Como os homens são mais propensos a serem diagnosticados com carcinoma de células escamosas, seus primeiros sinais de câncer geralmente estão relacionados a problemas nas principais vias aéreas, incluindo tosse crônica ou tosse com sangue.

Sobre Dr. Carlos Gil Ferreira

Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas. No âmbito nacional e internacional foi Membro Titular da Comissão Científica (CCVISA) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). 

No âmbito internacional é membro do Board, Career Development and Fellowship Committee e do Bylaws Committee da International Association for the Research and Treatment of Lung Cancer (IALSC);Diretor no Brasil da International Network for Cancer Treatment and Research (INCTR); Membro do Board da Americas Health Foundation (AHF). Editor do Livro Oncologia Molecular (ganhador do Prêmio Jabuti em 2005) e Editor Geral da Série Câncer da Editora Atheneu. Já publicou mais de 120 artigos em revistas internacionais. Em 2020, recebeu o Partners in Progress Award da American Society of Clinical Oncology. Presidente Eleito da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica para o período 2023-2025.



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