Corso: de folia e grito social para o maior desfile de carros do mundo

A história do corso se funde muito com a própria história do carnaval de Teresina

Desfile de carros fantasiados | Divulgação
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Quando se fala em corso de Teresina, hoje se pensa muito em uma multidão de carros e pessoas fantasiadas desfilando alegria. A multidão é de se perder de vista, mas nem sempre foi assim. O maior corso do planeta, segundo o Guinnes, iniciou de uma forma bem diferente, em tom de protesto e com uma bela crítica social à elite da cidade na época, há cerca de 80 anos.

A história do corso se funde muito com a própria história do carnaval de Teresina, que teve momentos gloriosos nas décadas de 1950 e 1960 e passou por uma revitalização no final da década de 1980.

O coordenador de Cultura Popular da Fundação Monsenhor Chaves, Wellington Sampaio, explica que na década de 1930 começaram os primeiros desfiles de carros no carnaval, mas que foi nas décadas de 1950 e 1960 que a festa virou tradição. “Eu era criança e lembro que meu pai tocava no corso. Inicialmente o ponto central era no coreto da Praça Rio Branco. Depois, os grupos de familiares e amigos passaram a desfilar pelas ruas do centro da cidade. Um dos destaques era o caminhão das raparigas, em que as garotas de programa da época vestiam suas melhores roupas e eram aplaudidas pela sociedade, em uma espécie de inclusão social que só o carnaval tornava possível acontecer”, detalha.

Segundo Wellington, nessa época o corso acontecia nos dias do carnaval. No entanto, a festa não conseguiu ter continuidade por causa da concorrência com outras manifestações carnavalescas. “Nesse tempo surgiram as escolas de samba e os blocos carnavalescos, que acabaram esvaziando o corso, que acabou deixando de acontecer”, afirma.

E por muito tempo o corso permaneceu esquecido, voltando somente no final dos anos 90, com a retomada do carnaval de rua, na primeira gestão do prefeito Firmino Filho. Em 1997, durante o Seminário de Resgate do Carnaval de Teresina, o então superintendente da FMCMC, José Afonso de Araújo Lima, sugeriu a volta do corso, que agora seria realizado no sábado de Zé Pereira.

A ideia vingou e, em 1998 o carnaval da capital foi resgatado com o desfile das escolas de samba, tendo também a realização do corso, com um percurso que passava pelo centro, zona Sul e zona Norte. Nos anos seguintes, o trajeto teve várias alterações e a premiação dos melhores caminhões era feita através de votação popular.

E em todos os anos, para simbolizar a história, o abre-alas do evento foi justamente o Caminhão das Raparigas, que hoje conta com atrizes que representam o protesto social que marcou o evento no início.

A partir de 2008 o evento começou a se tornar o gigante que é hoje, tanto que a prefeitura começou a ter problemas na condução do percurso e teve que fazer adaptações. “Lembro que nesse ano nós iríamos encerrar o desfile na Praça do Marquês, mas percebemos que o corso estava grande demais e não teria como dispersar lá. Então tivemos que percorrer mais vias da zona norte para organizar a saída”, explica Wellington.

E foi no ano de 2011 que a festa começou a ganhar status de maior do mundo. Tamanho foi o sucesso do corso, que no ano seguinte, em 2012, o título foi comprovado com a vinda de um representante do Guinness Book, o livro dos Recordes, que registrou a marca de 343 veículos decorados no desfile, número que consta na publicação até hoje.

E após o Guinnes, o evento ainda passou por várias melhorias, se tornando ainda um dos eventos mais seguros da capital devido ao intenso trabalho das Polícias Militar, Civil, Guarda Municipal e um plano de segurança reforçado de tecnologia com monitoramento dos foliões e patrulhamento, sem contar com o principal: a vontade do folião em curtir a festa sem surpresas desagradáveis. Para se ter uma ideia, na última edição, não foi registrada ocorrência grave durante o evento, que reuniu milhares de pessoas na Raul Lopes.



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