Boris Johnson elimina todas as restrições contra a Covid-19 no Reino Unido

Primeiro-ministro britânico afirmou que o país tem “níveis de imunidade suficientes” para confiar na vacina e em tratamentos

Boris Johnson | Matt Dunham POOL AFP
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, anunciou nesta segunda-feira o fim de todas as restrições contra a Covid-19, afirmando que o país tem "níveis de imunidade suficientes" para confiar na vacina e em tratamentos, apesar da oposição política e da relutância das autoridades de saúde do país. Nem mesmo a notícia, no domingo, de que a rainha Elizabeth II teve teste positivo para o coronavírus fez o premier britânico mudar de ideia.

Leia Mais

Com o anúncio da estratégia denominada "Vivendo com a Covid-19", realizado no Câmara dos Comuns, o governo acaba com a obrigação legal de autoisolamento dos infectados, a partir de quinta-feira, e com sua política de testes gratuitos para detectar a doença, a partir de abril. 

— Vamos aprender a viver com esse vírus — disse o premier, que aproveitou para desejar melhoras à rainha. — Sei que toda a Câmara (dos Comuns) se juntará a mim para enviar nossos melhores votos a Sua Majestade, a Rainha, para uma recuperação completa e rápida. É um lembrete de que este vírus não desapareceu. Mas graças à incrível campanha de vacinação, o país está um passo mais próximo de voltar à normalidade e de finalmente devolver a liberdade às pessoas. 

Com as medidas, termina na quinta-feira a exigência legal de autoisolamento após um teste positivo, embora aqueles que forem diagnosticados sejam aconselhados a ficar em casa e evitar contato com outras pessoas por pelo menos cinco dias completos. Trabalhadores também não serão mais legalmente obrigados a informar seus empregadores quando pegarem a doença, e o auxílio do governo para quem estiver isolado acabará, assim como o rastreamento de contatos de rotina. 

— A partir de 1º de abril, quando o inverno terminar e o vírus se espalhar menos facilmente, encerraremos os testes gratuitos para sintomáticos e assintomáticos do público em geral — disse Boris, ressaltando que os exames gratuitos continuariam disponíveis para os mais vulneráveis. 

O fim da testagem em massa é criticada por especialistas e partidos de oposição, que acusam Boris de querer distrair a atenção do público, no momento em que seu cargo está em perigo pela investigação sobre uma série de festas na residência oficial de Downing Street durante o período de confinamento. 

O premier, que também é acusado de querer agradar a representantes conservadores que estão insatisfeitos com as restrições, disse ainda que as medidas impostas há dois anos representam um “grande custo para nossa economia, nossa sociedade, nosso bem-estar mental”.

— Não precisamos mais pagar esse custo — disse o premier diante do Parlamento. — Então, vamos aprender a viver com esse vírus e continuar nos protegendo e aos outros sem restringir nossas liberdades.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson Foto: Matt Dunham POOL AFP  

Críticas de especialistas

A maioria dos integrantes da Confederação do NHS (o sistema nacional de saúde do país) é contrária ao fim das medidas de isolamento e da testagem gratuita. Nesta segunda, o presidente-executivo da Confederação, Matthew Taylor, admitiu que o programa de vacinação e a chegada de novos tratamentos contra a Covid-19 oferecem uma "verdadeira esperança", mas destacou que a pandemia não acabou.  

— O governo não pode chegar, balançar uma varinha mágica e agir como se a ameaça tivesse desaparecido por completo — afirmou.

David Nabarro, delegado da Organização Mundial da Saúde (OMS) especializado em Covid-19, também disse que eliminar a lei sobre o isolamento dos infectados parece "realmente pouco sábio".

— Realmente, me preocupa que o Reino Unido esteja adotando esta linha que vai contra o consenso de saúde pública e que outros países afirmem: 'Bem, se o Reino Unido está fazendo, então por que não nós? — disse Nabarro.

Para a oposição trabalhista, as medidas são como "substituir seu melhor zagueiro 10 minutos antes do fim de uma partida".

— Boris Johnson está declarando vitória antes do fim da guerra, em uma tentativa de distrair a atenção da polícia que bate a sua porta — criticou a porta-voz de questões de saúde do Partido Trabalhista, Wes Streeting.

Mais cedo, o governo anunciou que oferecerá uma quarta dose da vacina a grupos mais vulneráveis. Segundo o Comitê Conjunto de Vacinação e Imunização (JCIV, na sigla em inglês), a dose extra será destinada a pessoas com mais de 75 anos ou que vivem em casas de repouso e todos com mais de 12 anos que apresentem um quadro de imunossupressão.

 



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES