Enfermeira relata rotina em UTI com recém-nascidos com covid-19

A maioria deles não apresenta sintomas da covid-19, mas já têm quadro grave pela própria prematuridade.

Enfermeira relata rotina em UTI com recém-nascidos com covid-19 | Divulgação
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

"Foi um baque para toda a maternidade quando a gente viu tantos recém-nascidos com covid, não era comum. No dia 9, a UTIN (Unidade de Terapia Intensiva Neonatal) foi interditada para cuidarmos apenas dos 15 bebês infectados. A maioria deles não apresenta sintomas da covid-19, mas já têm quadro grave pela própria prematuridade.

Apesar do baque, acho que a situação faz parte do momento pelo qual estamos atravessando. É um momento atípico, se trata de um vírus novo que ainda tem muito a ser estudado. Mas têm sido dias bastante difíceis, um grande desafio para toda a equipe. Essa situação gera angústia, apreensão e medo. Por outro lado, é gratificante ver cada evolução positiva dos nossos pequenos e comemoramos bastante.

Karine Ferro trabalha na UTI neonatal da Maternidade Santa Mônica em MaceióImagem: Divulgação 

"E numa UTI neonatal há um outro desafio, além dos filhos, é preciso cuidar das mães que não podem vê-los. Tentamos tranquilizá-las sempre que possível, dando todo o apoio necessário. Como as visitas estão proibidas por causa do isolamento, todos os dias telefonamos para cada uma das mães para dar o boletim médico sobre o quadro de seus filhos. Quando percebemos que alguma mãe está muito fragilizada emocionalmente, contamos com o apoio da equipe de psicólogos para a comunicação com elas."

A maior mudança na nossa rotina de trabalho é em relação ao isolamento. É realmente angustiante a situação, pois se trata de um vírus novo, uma situação nova. Os cuidados com os bebês não mudam, são os mesmos da rotina de uma UTI neonatal. O que muda são os cuidados relativos ao uso de EPIs [equipamentos de proteção individual] e as precauções para evitar a transmissão e a disseminação do coronavírus.

Hoje, o maior desafio, para mim, é sair de casa para exercer nosso papel fundamental, independentemente de qualquer diagnóstico. Podemos até levar nossos medos e angústias, mas não podemos deixar que isso interfira no nosso cuidado com o recém-nascido, na assistência a ele".

Karine Ferro, 42, é enfermeira da UTI neonatal da Maternidade Santa Mônica, em Maceió.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES