Explosão de covid leva agreste de PE a colapso e suspeita de nova variante

Segundo a OMS, alta rápida de casos e hospitalizações em um local requerem investigação genômica para saber se há uma nova cepa.

Central de oxigênio montada emergencialmente para o agreste de Pernambuco | Reprodução
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A região do agreste de Pernambuco, onde vivem 2,1 milhões de pessoas, enfrenta um momento crítico da pandemia, causado pelo repentino aumento no número de casos de covid-19, que levou ao colapso hospitalar e à ameaça de falta de oxigênio para pacientes.

Os números fizeram também o governo do estado a suspeitar —e investigar essa possibilidade— que uma nova variante esteja circulando na região. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), alta rápida de casos e hospitalizações em um local requerem investigação genômica para saber se há uma nova cepa.

A explosão de casos ocorreu a partir da segunda semana de maio. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, a 2ª macrorregião (que inclui os 71 municípios do agreste) registrou uma alta de 55% nas solicitações de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) nas duas semanas passadas.

Central de oxigênio montada emergencialmente para o agreste de Pernambuco - Imagem: Heudes Régis/SEI 

Para efeito de comparação, no estado essa alta foi de 18% no mesmo período. Já o número de casos de SRAG (Síndrome Respiratória Aguda Grave) saltou 48% no agreste.

Com a alta em percentuais inesperados, desde o dia 26 um decreto estadual restringe o funcionamento de comércio às atividades essenciais numa tentativa de conter a transmissão do vírus.

O agreste vive seu pior momento em toda a pandemia. É uma situação de extrema gravidade. Nenhum sistema de saúde consegue suportar um aumento dessa demanda. 

Mesmo diante desse cenário de agravamento na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro ingressou com uma ação no STF (Supremo Tribunal Federal), na quinta-feira passada, para pedir a anulação de decretos de fechamento de serviços em Pernambuco, Rio Grande do Norte e Paraná.

As medidas de isolamento social são apontadas por entidades e especialistas como a única possível para frear de imediato a transmissibilidade do vírus.

 Nova variante?

O estado solicitou ajuda federal para analisar amostras colhidas de pacientes no agreste em maio para analisar uma possível nova variante. Os primeiros resultados devem sair até o final desta semana.

"Já estamos com as amostras e, juntos com o Lacen (Laboratório Central), vamos ter resultados específicos", afirma ao UOL José Luiz de Lima Filho, diretor do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Além do laboratório, a Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) também ajuda na investigação.

As amostras mais recentes do estado, anteriores a maio, apontam que há um domínio absoluto no estado da variante P.1 (agora rebatizada de gama), que foi descoberta em janeiro no Amazonas e hoje responde por 91% dos casos no país.

"A velocidade extraordinária que a gente viu no aumento das novas demandas por leitos na região chamou muito a atenção e alertou para a possibilidade de circulação de uma variante. Não significa necessariamente a variante indiana", afirma o secretário André Longo. Por ora, não há casos da variante da Índia confirmados no estado.

Segundo ele, a alta no número de casos impactou todo o sistema de saúde do estado. "A saturação da rede já está se refletindo nas outras regiões, gerando uma fila por leitos crescente", diz André Longo.

Segundo o último boletim, Pernambuco registrou até ontem 15.862 óbitos pela covid-19 e tem 98% de ocupação dos leitos de UTI nos hospitais públicos e 94%, nos privados.



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