Indonésia afirma que CoronaVac teve 65,3% de eficácia em testes

Dados preliminares são da última fase de testes. No Brasil, eficácia foi de 78% para casos leves e de 100% contra mortes, casos graves e internações.

Covid | Reprodução
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

A Indonésia aprovou nesta segunda-feira (11) o uso emergencial da CoronaVac e anunciou que a vacina da farmacêutica chinesa Sinovac teve 65,3% de eficácia, segundo os resultados preliminares da última fase de testes do imunizante contra a Covid-19 no país.

"Esses resultados atendem aos requisitos da Organização Mundial da Saúde de um mínimo de eficácia de 50%", afirmou Penny K. Lukito, que chefia a agência reguladora de alimentos e medicamentos do país (equivalente à Anvisa no Brasil).

País mais afetado pela Covid-19 no sudeste da Ásia, com 836.718 casos confirmados e 24.343 mortes, a Indonésia comprou mais de 125 milhões de doses da CoronaVac e recebeu 3 milhões até o momento.

O ministro da Saúde indonésio, Budi Gunadi Sadikin, anunciou na semana passada que iniciará a imunização com a CoronaVac nesta quarta-feira (13) e que o presidente do país, Joko Widodo, será o primeiro cidadão a receber uma dose da vacina.

Testes no Brasil e na Turquia

A vacina também é testada no Brasil, em parceria com o instituto Butantan, e sua eficácia foi de 78% para casos leves e de 100% contra mortes, casos graves e internações nos voluntários vacinados que foram contaminados.

Na Turquia, a CoronaVac teve 91,25% de eficácia contra o novo coronavírus, também segundo dados preliminares divulgados no fim dezembro. Na época, o secretário estadual da Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, afirmou que a Sinovac "quer entender por que tivemos um resultado e, em outros países, outro".

  • Eficácia de 78% para casos leves da CoronaVac é excelente, avaliam especialistas
  • Cientistas criticam transparência, mas dizem que CoronaVac será valiosa contra a pandemia
  • VÍDEO mostra reação de equipe do Butantan ao saber da eficácia da CoronaVac; assista

A taxa de eficácia é um conceito que se aplica a vacinas em estudos e representa a proporção de redução de casos da doença contra a qual ela quer proteger entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado.

Na prática, se uma vacina tem 78% de eficácia para casos leves, isso significa dizer que 78% das pessoas que tomam a vacina ficam protegidas contra aquela doença. A taxa mínima recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 50%.

O Butantan solicitou na quinta-feira (7) à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a aprovação do uso emergencial do imunizante no país.

Vacina de vírus inativado

A CoronaVac utiliza vírus inativados para induzir a resposta do sistema de defesa do corpo. Esta técnica usa vírus que foram expostos em laboratório a calor e produtos químicos para que se tornem incapazes de se reproduzir.

A vice-presidente do Instituto Sabin de Vacinas, Denise Garrett, explica que o vírus inativado induz uma resposta imune para todo o vírus - e não só para a proteína S, que é a que ele usa para entrar na célula.

"Você tem a produção de anticorpos para todas as proteínas na superfície do vírus. É como se diluísse a resposta imune - para isso, eles usam adjuvantes, nesse caso, o alumínio", afirma. Os adjuvantes servem para reforçar a indução da resposta imune gerada pela vacina.

Comparação entre vacinas

O índice registrado pela CoronaVac no Brasil e na Indonésia é menor que os das vacinas desenvolvidas pelos laboratórios Pfizer e Moderna, que já foram aprovadas na União Europeia, nos Estados Unidos e em outros países. As vacinas, que usam a tecnologia de RNA mensageiro, alcançaram eficácias de 95% e 94%, respectivamente.

A microbiologista Natália Pasternak explica que já era esperado que a CoronaVac tivesse uma eficácia menor que as das outras vacinas, por ser feita com o vírus inativado.

"É completamente esperado. Uma vacina de vírus inativado dificilmente vai ter a mesma eficácia do que vacinas de RNA ou vacinas de adenovírus [vetor viral], que conseguem entrar na célula e imitar, de uma forma muito mais efetiva, a infecção natural. Elas acabam provocando uma resposta imune que é tanto de anticorpos como de resposta celular", explica.

"A vacina inativada não consegue provocar uma resposta tão completa. É esperado que ela tenha uma eficácia menor. A eficácia de 78% da CoronaVac, ao que tudo indica, é uma eficácia excelente e compatível com uma vacina de vírus inativado. Com uma boa campanha, vai ser uma ótima vacina para o Brasil", afirma.

O virologista Eduardo Flores, da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, concorda.

"Se essa vacina da CoronaVac conseguiu 78% de eficácia, é muito bom. Muito bom mesmo. É uma vacina cuja tecnologia é muito antiga, se conhece bem os efeitos colaterais, que são muito poucos. Eu acredito que essa é uma vacina que é uma importante ferramenta nessa luta contra o coronavírus", afirma Flores.

VÍDEOS: novidades sobre vacinas contra Covid-19



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES