Ricardo Brennand, vítima do coronavírus, deixa legado cultural robusto

O empresário pernambucano Ricardo Brennand, um dos mais importantes do PIB nordestino

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O empresário Ricardo Brennand, falecido neste sábado, 25 de abril de 2020, aos 92 anos, em decorrência de complicações causadas pela covid-19, deixa um legado robusto para a cultura pernambucana. O instituto que leva seu nome, na Várzea, se tornou referência nacional e é um dos pontos turísticos mais visitados do estado. As informações são do UOL.

Fruto da paixão de Ricardo pelas artes, o Instituto Ricardo Brennand é uma espécie de portal para um outro tempo. Localizado em uma área de mais de 77 mil metros quadrados, parece deslocado da agitação do Recife e convida o visitante a uma imersão em outro ritmo.

O espaço inaugurado em setembro de 2002 ocupa as terras onde funcionou o engenho São João e é cercado por mata atlântica.

O nome do instituto não é em sua homenagem, mas ao de seu tio homônimo, pai do artista plástico Francisco Brennand, de quem herdou o apreço pela arte. Formado pelo Museu Castelo São João, inspirado na arquitetura medieval européia, pela Pinacoteca e pela Galeria de Exposições Temporárias, além de contar com uma concorrida capela onde são realizados casamentos, o espaço guarda um precioso acervo de obras de artes, além de uma das maiores coleções de armas brancas do mundo.

A paixão pelo colecionismo começou ainda na infância, quando ganhou um canivete de seu pai. O objeto está em exposição no museu e reflete o caráter afetivo que permeia o gigantesco acervo cuidadosamente adquirido por Ricardo Brennand a partir da década de 1940. Além dos armamentos, o espaço conta com objetos variados, como tapeçarias, mobiliários e artes decorativas, de diferentes culturas do mundo, como de países do Oriente Médio e da Ásia.

Entre os objetos de maior valor afetivo para os pernambucanos está a coleção voltada para o período da ocupação holandesa no estado (1630 - 1654). Com a maior coleção privada de obras de Franz Post, além de pinturas e gravuras de outros artistas contratados pela Companhia das Índias Ocidentais, o acervo conta ainda com cartas de Maurício de Nassau, Dom João IV, além de moedas da época e outros artefatos.

A história do Brasil é também amplamente representada nas obras de arte adquiridas por Ricardo Brennand e expostas no instituto, com trabalhos de Nicolas-Antoine Taunay, Jean-Baptiste Debret, Johann Moritz Rugendas, Nicola Antonio Facchinetti, Eliseu Visconti, entre outros.

Com frequentes exposições temporárias e realização de atividades voltadas para a formação de público, o Instituto Ricardo Brennand conseguiu se estabelecer não só como um espaço de salvaguarda de um legado cultural, mas também de complemento educacional e sensibilização artística.

Ao longo de seus 18 anos de funcionamento, o IRB estabeleceu muito rapidamente um padrão de nível internacional e esteve por várias vezes entre os mais visitados do país e, em 2015 e 2017, foi eleito pelo site Trip Advisor como o melhor museu da América do Sul. Mais do que números, o reconhecimento é reflexo também da importância do instituto para o Recife e para Pernambuco.

Ao contrário de tantos colecionadores que guardam seu legado a sete chaves, Ricardo tinha o ímpeto de dividir sua paixão com os outros, especialmente seus conterrâneos. O empresário deixa o exemplo da importância do investimento em cultura e a disseminação do conhecimento, valorizando a memória em um país que historicamente é relapso na preservação de sua história.



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