Sem home office e atrás de renda, pobres morrem mais por Covid-19

Em 2020, grande parte dos trabalhadores de menor renda e os informais ficaram relativamente protegidos pelo pagamento do auxílio emergencial.

pobre | Ponte Jornalismo
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

Os mais ricos e escolarizados puderam se proteger bem mais que as pessoas de menor renda e pouca educação durante a pandemia no Brasil, é o que apontam os dados do mercado de trabalho durante o cenário de crise mundial. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Covid-19), elaborada pela FGV Social, 28% dos membros da classe A/B (renda domiciliar superior a R$ 8.303) puderam alterar o local de trabalho durante a pandemia, influenciando diretamente nesse cenário. 

Uma reportagem feita pela Folha de S. Paulo mostra estudos que apontam que as áreas pobres no país e bairros da periferia de São Paulo, por exemplo, chegaram a ter três vezes mais mortes causadas pelo coronavírus do que em outras regiões.

População pobre foi mais afaetada na pandemia (Foto: Reprodução/ Ponte Jornalismo)

Ainda conforme a Pnad Covid-19, a classe D/E (renda até R$ 1.926), apenas cerca de 7,5% tiveram essa opção. Na classe C (que ganhou destaque nos anos 2000 e tem renda entre R$ 1.926 e R$ 8.303), somente 10,3% fizeram isso.

O Home Office

Entre as profissões que menos puderam alterar o local e a forma de trabalho, indo para home office, por exemplo, estão principalmente os ocupados no setor de serviços, como funcionários de supermercados, vendedores e frentistas de postos. Quase 95% deles continuaram trabalhando no mesmo local na pandemia.

Entre as profissões mais intelectualizadas, 44% alteram o local de trabalho. Segundo Marcelo Neri, diretor da FGV Social, os trabalhadores mais pobres são os que mais precisam sair de casa para conseguir renda. “Trabalhar em ‘home office’ é um privilégio das classes A e B, onde estão os empregadores, trabalhadores da ciência ou intelectuais, dirigentes e funcionários públicos”, pontua. 

Auxílio emergencial

Em 2020, grande parte dos trabalhadores de menor renda e os informais ficaram relativamente protegidos pelo pagamento do auxílio emergencial. Agora, no pior momento da pandemia no Brasil, não só o total de beneficiários será muito menor como os valores foram reduzidos drasticamente.

No ano passado, o benefício foi pago entre abril e dezembro (R$ 600 ao mês inicialmente, e depois R$ 300, a 66 milhões de pessoas), com R$ 293 bilhões empregados. A nova rodada (de R$ 250, em média, a 45,6 milhões) está prevista para durar apenas quatro meses e somar R$ 44 bilhões —15% do total de 2020.

A diferença entre os que puderam ficar mais ou menos protegidos é a mesma quando a comparação é feita levando-se em conta a escolaridade: 34% dos que têm ensino superior alteraram o local de trabalho. A taxa cai para 8% entre os com ensino médio completo e a 6,6% entre os que têm apenas o fundamental.

Os dados da FGV Social a partir da Pnad Covid-19 mostram ainda que Rio de Janeiro, Ceará, Pernambuco e São Paulo foram os estados mais afetados pela pandemia em termos de queda na ocupação.

Na média, a taxa caiu 9,5% no Brasil em 2020, mas ela chegou a ceder 14,3% no Rio e 11,3% em São Paulo. “A queda na ocupação poderia ter sido o dobro disso não fosse o programa federal de redução de jornada de trabalho e salário implementado na pandemia”, afirma Neri.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES