Bife 3D tem o mesmo sabor que o bife normal? Entenda a nova realidade

Pesando em torno de 110 gramas, o bife é composto de células musculares e de gordura reais, derivadas de amostras de tecido retiradas de uma vaca

Carne de laboratório já é realidade! Empresa imprime maior bife 3D do mundo | Reprodução
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Israel é um dos produtores que mais se destacam quando o assunto é carne cultivada. No início do ano, um laboratório israelense apresentou o primeiro bife de lombo bioimpresso de todo o globo. Agora, a empresa MeaTech 3D, também de lá, revelou ter feito o maior bife em impressão 3D do mundo.

TEM COR E TEXTURA DE CARNE BOVINA

Pesando em torno de 110 gramas, o bife é composto de células musculares e de gordura reais, derivadas de amostras de tecido retiradas de uma vaca. Logo, não se trata de um produto vegano, e sim de origem animal mesmo.

Carne mpressa em 3D (Foto: Reprodução) 

Células-tronco bovinas vivas foram incorporadas a “biotintas”, que depois foram colocadas na impressora 3D da empresa para produzir o bife. Em seguida, ele foi maturado em uma incubadora, na qual as células-tronco se reproduziram em células de gordura e células musculares.

No site da companhia, a informação é que o sabor é inconfundível de carne bovina de primeira. Como alternativa à proteína animal, laboratórios dos Estados Unidos estão desenvolvendo salmão e atum à base de plantas.

CARNE CULTIVADA PARA IMPRESSÃO 3D É PRODUZIDA NO MUNDO INTEIRO

Empresas em todo o mundo estão trabalhando para produzir carne cultivada nessa tecnologia, sob o argumento de que fazer isso sem criar e abater rebanhos é melhor para o meio ambiente, o bem-estar animal e, principalmente, a saúde dos consumidores.

A MeaTech pretende produzir carne cultivada com o mesmo custo da carne convencional. No entanto, ao que tudo indica, os bifes não vão aparecer nos pratos dos clientes tão cedo. Isso porque, de acordo com a empresa, sua primeira entrada no mercado será a comercialização da gordura cultivada como ingrediente de outros produtos, com planta-piloto prevista para 2022.

Maior bife bioimpresso do mundo, de acordo com a fabricante. Imagem: MeaTech – Divulgação 

BIFES VEGANOS BIOIMPRESSOS REDUZEM IMPACTO AMBIENTAL

Algumas empresas também estão produzindo bifes a partir de ingredientes vegetais, como a espanhola Novameat, que anunciou em 2020 o que chamou de “bife mais realista até agora”. Seus ingredientes incluem ervilha, algas marinhas e suco de beterraba, que foram extrudados em fibras finas para simular o tecido muscular.

 Bife à base de plantas impresso em 3D (Foto: Reprodução)

Grandes reduções no consumo de carne são essenciais nas nações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa da pecuária e combater mudanças climáticas perigosas. Diversos estudos apontam que evitar carne e produtos lácteos é a melhor maneira de reduzir o impacto ambiental de um indivíduo. Fonte: Olhar Digital

TECNOLOGIA: CONHEÇA O LABORATÓRIO DE CULTIVO DE CARNE MAIS AVANÇADO DO MUNDO

A startup Upside Foods inaugurou a fábrica de carnes cultivadas em laboratório mais avançada do mundo em Emeryville, cidade com pouco mais de 11 mil habitantes que fica na Califórnia, nos EUA. A instalação tem 16 mil metros quadrados e capacidade para produzir cerca de 23 toneladas desse tipo de alimento por ano.

Embora seu primeiro produto comercial deva ser o frango, os executivos da empresa afirmam o centro de produção poderá “fabricar” outras variedades, como carne bovina e de pato, em breve. Além disso, eles pretendem oferecer a mercadoria em vários estilos e texturas diferentes, desde carne moída até cortes inteiros. 

COMO A CARNE É FEITA EM LABORATÓRIO?

Para produzir o que a empresa chama de “carne do futuro”, os cientistas coletam células de animais vivos em biorreatores. Esse material orgânico é banhado com nutrientes especiais que ajudam a cultivá-lo em condições ideais de crescimento, para que ele se desenvolva até o tamanho de um bife comum.

Essa células são obtidas por meio de processos e métodos específicos que a empresa mantém em segredo, revelando apenas que a matéria-prima é produzida com a biópsia de animais vivos, ovos, pesca e bichos abatidos, que já fazem parte do sistema da indústria alimentar convencional.

Fábrica de cultivo de carne da Upside Foods (Imagem: Reprodução/Upside Foods) 

Em novembro desse ano o bilionário dono da Virgin, Richard Branson, provou um pedaço de frango grelhado preparado com carne cultivada da Upside Foods. Como é possível ver no vídeo abaixo, parece que o empresário aprovou a experiência ao saborear o prato feito pelo chef.

SEM SACRIFÍCIO DE ANIMAIS

Em países como Holanda, Portugal e Espanha, iniciativas tentam produzir carne cultivada em células para atender à demanda de quem rejeita a ideia de sacrificar animais. "Produzir células e fazer material capaz de gerar algo semelhante à carne não é o desafio mais complexo", diz Flávio Vieira Meirelles, pesquisador de terapia celular animal da Universidade de São Paulo (USP). "O mais difícil é garantir que todo o processo feito em laboratório seja isento de produtos de origem animal. Isso ainda não acontece."

O professor explica que o cultivo celular ainda depende do uso de fatores de crescimento e fontes de proteína obtidas de animais abatidos, o que pode desagradar ao público que as empresas miram. E salienta que o avanço anunciado pela MeaTech 3D não é um bife como conhecemos. "Se a foto não fosse tão produzida e mostrasse o bife cru, seria mais esclarecedora", afirma. "Do ponto de vista nutricional, teoricamente terá o mesmo valor da carne porque é feito a partir de células animais, produzidas em condições ideais."

Bifes de carne bovina em fazenda em San Antonio de Areco, na Argentina: carne de laboratório pode ser semelhante? (Victor J. Blue/Bloomberg)

ECONOMIA: MERCADO NO BRASIL

Duas grandes empresas no Brasil têm interesse nesse mercado. Com planos de lançar o produto no País até 2024, fabricado aqui ou importado, a BRF investiu US$ 2,5 milhões na Aleph Farms, uma das companhias israelenses mais avançadas nessa tecnologia. A JBS investiu US$ 100 milhões na compra de 51% de uma empresa europeia que desenvolve produto semelhante.

"O objetivo dos grandes produtores de carne ao fazer investimentos é não ficar de fora de algo novo e passar uma imagem positiva ao público ao demonstrar que busca formas alternativas ao abate animal", diz Sérgio Pflanzer, da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Estudo de Pflanzer e colegas estrangeiros, publicado em outubro na revista científica Foods, avaliou a opinião de 4,4 mil pessoas no Brasil sobre carne de laboratório. Do total, 66% disseram que provariam e 60% afirmaram que aceitariam comê-la regularmente.



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