Estudante tem auxílio negado por ser “presidente da República”

Embora já tenha buscado respostas com os órgãos responsáveis, ela segue sem saber o que motivou o erro

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Desempregada e moradora de uma casa simples em Jabaeté, na periferia de Vila Velha, no Espírito Santo, a estudante Adeyula Barbosa, de 31 anos, teve o pedido de auxílio emergencial negado após a Carteira de Trabalho Digital apontar que ela tem dois empregos em aberto. Não bastasse a surpresa, em um dos contratos, a capixaba descobriu que ocupa o cargo de "presidente da República" pela Secretaria de Estado da Educação (Sedu).

Embora já tenha buscado respostas com os órgãos responsáveis, a estudante segue sem saber o que motivou o erro.

O último emprego formal de Adeyula foi como cuidadora em uma escola da rede estadual do Espírito Santo. O contrato foi encerrado em agosto do ano passado.

Com dois filhos, de 11 e sete anos, ela recorreu ao auxílio para conseguir arcar com as despesas de casa e com as mensalidades do curso de Gestão em Recursos Humanos.

O marido está empregado, mas teve o salário reduzido e benefícios cortados, por causa da crise causada pelo coronavírus.

“Eu consultei o auxílio emergencial, fiz o cadastro no dia 7 de abril. Cerca de 20 dias depois, veio a negativa. Estava lá algo como ‘cidadão com emprego formal’, como se eu estivesse trabalhando”, explicou.

Sem entender o que tinha acontecido, a estudante buscou respostas através da internet e acabou descobrindo a confusão com os cargos.

“Eu comecei a pesquisar o que significavam aquelas siglas. Consegui consultar a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), depois resolvi baixar a Carteira de Trabalho Digital, para saber se estava com o mesmo problema. Lá, estava a ocupação de ‘presidente da República’. Fiquei espantada. Como? Uma cuidadora escolar que não tem nada a ver com o presidente da República. Não tinha lógica aquilo. Não imaginava um erro desse”, disse.

O sentimento de espanto se espalhou pelos familiares de Adeyula. "Vai dormir a minha filha, simples assim, e, do nada, acorda presidente do Brasil. É um tanto curioso", disse a mãe, a aposentada Roseni Dias.

Além do registro com o cargo mais alto do país, o segundo vínculo em aberto é de auxiliar de secretaria pela Prefeitura de Vila Velha, onde Adeyula atuou antes de 2019.

Os equívocos acabam gerando um erro para a base de dados usada pelo Governo Federal para avaliar quem pode receber o benefício ou não.

‘Situação cômica, mas triste’

Apesar de a situação ser vista com humor por algumas pessoas, Adeyula lamenta ter sido vítima desse tipo de erro, que custou o saque do benefício.

“É uma situação cômica, mas, se for olhar, é triste. Eu estou precisando do auxílio emergencial e, por causa de erro, de falta de atenção na hora de lançar o cadastro, gerou todo esse problema para a minha vida. A gente ri, mas a nossa realidade é outra, dá vontade de chorar diante disso”, disse.

Respostas

Questionado, o superintendente de Trabalho e Emprego no Espírito Santo, Alcimar Candeias, disse que o erro é do contratante, neste caso, a Sedu.

Houve um erro quando a secretaria não informou a demissão da funcionária e outro ao inserir, equivocadamente, o código do cargo de presidente da República na ocupação da trabalhadora.

A orientação é que Adeyula procure o setor de Recursos Humanos da Sedu pra resolver. Candeias disse que a Superintendência do Trabalho está à disposição pra ajudar a consertar o erro.

A Secretaria da Educação, por sua vez, informou que os servidores são cadastrados em um sistema própria da secretaria e que, nesse sistema, o cargo dela está como cuidadora.

A Sedu também disse que, mesmo assim, vai ajudar a ex-servidora a corrigir o erro junto ao Ministério da Economia.

Sobre o cargo em aberto em Vila Velha, a Prefeitura explicou que os desligamentos dos servidores em 2020 ainda serão informados ao Ministério da Economia.

Sobre os desligados em 2019, a Prefeitura disse que as movimentações foram enviadas em 14 de abril de 2020.



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