Músico canta e toca violão durante cirurgia cerebral em São Paulo

Médico aproveitou profissão de paciente para auxiliar na cirurgia

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Um cantor teve que realizar um pequeno concerto durante uma cirurgia para retirar um tumor do cérebro em um hospital de Barretos, São Paulo, na manhã desta sexta-feira (13). Conhecido pelo nome artístico de Felipe Reis, o músico Reginaldo Oliveira Santos Junior, 31 anos, precisou tocar violão e cantar durante a operação e agora está se recuperando.

Otimista e bem-humorado, ele diz que nunca pensou que fosse passar por um procedimento similar.

O cantor foi diagnosticado com um tumor no cérebro há aproximadamente 18 meses durante uma consulta a seu médico após passar mal múltiplas vezes por mais de um ano. Assim que ficou sabendo de sua condição, ele foi alertado que deveria ser submetido à cirurgia o mais depressa possível.

"Eu tive uma convulsão em casa há uns três anos e a gente passou a saber há um ano e meio que era um tumor, mas antes disso eu apenas passava mal, ia no médico, me receitavam algo e eu voltava para casa. A gente passou no médico em Mogi das Cruzes e ele falou que eu tinha um mês para ter notícia de algum hospital para que eu operasse antes que o tumor passasse de benigno para maligno porque aí seria mais complicado", explica.

O tumor que se desenvolveu no cérebro de Reginaldo afeta a parte motora e da fala do paciente. Para auxiliar durante o procedimento, o rapaz, que trabalha com música há aproximadamente 13 anos, teve que tocar violão e cantar enquanto os profissionais do Hospital de Câncer de Barretos realizaram a cirurgia em seu cérebro.

"Eu achei uma coisa muito louca. Toco mais música nacional, sertanejão, mas em bar você faz um pouco de tudo, como MPB. Já cantei umas músicas pra ele [médico]. Uma que fiz pra minha esposa e ‘Nossa Senhora’ do Roberto Carlos, acho que serão essas músicas mesmo, eu ainda estou em dúvida, se na hora pintar outra coisa, vai de momento. O doutor mesmo falou, 'a gente quer que seja um espetáculo porque a gente ainda não teve essa oportunidade", diz.

Inicialmente, Reginaldo diz que a intenção do procedimento é não retirar o tumor por inteiro e o cantor explica que existe a possibilidade de ter que aliar o procedimento a sessões de quimioterapia, mas tudo dependerá de como será sua recuperação nas próximas semanas.

"Ele foi bem leal e falou das chances, dos riscos, dificuldades, tudo que pode acontecer. Estou bem confiante", conclui o paciente.

Procedimento

O médico responsável pela cirurgia de Reginaldo, o neurocirurgião Carlos Afonso Clara, explica que realizar a cirurgia com o paciente acordado não é algo inédito no Hospital de Câncer de Barretos. Entretanto, ele diz que esta foi a primeira vez em que o paciente a ser operado teve que cantar e tocar violão durante o procedimento ao qual foi submetido.

“Hoje em dia, em vários locais do mundo tem vários especialistas que fazem cirurgias com o paciente acordado. A cirurgia com o paciente acordado permite que o cirurgião, junto com a equipe, principalmente o neurofisiologista, faça a estimulação do cérebro identificando as áreas que chamamos de eloquente, as áreas com a função para motricidade e fala”.

O procedimento foi realizado para controlar a capacidade de fala, compreensão e interpretação da linguagem utilizada pelo paciente durante a cirurgia. Com esse recurso, os profissionais são capazes de saber quais áreas do cérebro devem ser mantidas intocadas durante o processo cirúrgico e de onde podem remover o tumor.

“O objetivo de realizar a cirurgia com o paciente acordado é preservar as funções do mesmo, para que ele tenha uma qualidade de vida após a operação. Antes, quando a gente operava áreas desse tipo com o paciente totalmente anestesiado, às vezes o cirurgião poderia ser um pouco mais agressivo e isso acabava tendo consequências, pois o paciente poderia acordar com um déficit, uma sequela”, explica Clara.



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