Raiva humana: saiba os sintomas, riscos e como se proteger

Uma mulher de 68 anos foi confirmada com a doença na Paraíba na quarta-feira passada, 24, e garoto de 14 anos morreu no Rio de Janeiro em março; infecção é letal na maioria dos casos

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Uma mulher de 68 anos foi diagnosticada com raiva humana em Riacho dos Cavalos, no sertão da Paraíba, na última quarta-feira(24). De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde do Estado (SES-PB), a paciente contraiu a doença após ser mordida por uma raposa.

Ela foi a um hospital público em Catolé da Rocha em 10 de junho, quando já apresentava sintomas da doença. No mesmo dia, foi transferida para o Hospital Universitário Lauro Wanderley (HULW-UFPB), na capital João Pessoa. O centro médico é considerado referência no tratamento da infecção. A mulher permaneceu internada em estado grave, mas estável.

Esse é o segundo caso confirmado de raiva humana em duas semanas. No último dia 15, a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) enviou um ofício de alerta às prefeituras do Estado que revelou que um adolescente de 14 anos morreu com a doença em março após ser mordido por um morcego hematófago em Angra dos Reis.

Em ambos os Estados, não tinha registro da doença havia anos. No Rio, o caso foi o primeiro desde 2006. Na Paraíba, é o primeiro em cinco anos. A preocupação é justificada pela gravidade da doença, que tem taxa de letalidade de quase 100% após manifestados os sintomas. Saiba mais detalhes sobre a infecção abaixo:

O que é a raiva humana?

"A raiva humana é uma zoonose causada por um vírus, conhecido como vírus da raiva, e acomete principalmente o sistema nervoso central, causando inflamação do cérebro e da medula", explica o virologista e pesquisador titular licenciado da Fiocruz, Eduardo Volotão. "Na maioria das vezes, a raiva se manifesta como encefalite, uma infecção do encéfalo", complementa a cardiologista e médica clínica Nicolle Queiroz.

A doença é transmitida principalmente pela mordida, lambida ou arranhão causado por um animal contaminado. "O reservatório natural do vírus é o morcego, mas ele pode ser transmitido por diversos animais domésticos e silvestres, na sua maioria os mamíferos", informa Volotão.

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Quais são os sintomas da raiva e os riscos para o ser humano?

De acordo com o Ministério da Saúde, o período de incubação, ou seja, o tempo entre a contração do vírus e a manifestação dos sintomas, é variável de acordo com as espécies. Em média, demora 45 dias para uma pessoa desenvolver a doença.

Já os sintomas duram de dois a dez dias e dependem de qual forma da doença for contraída. "Ela se apresenta geralmente em duas formas: a forma clássica, que também pode ser chamada de forma furiosa, realmente relacionada aos cães, e a forma de paralisia, em geral relacionada à infecção por morcegos", afirma Volotão.

Em geral, a pessoa com raiva vai sentir:

Mal-estar geral

Dor de cabeça

Febre

Falta de apetite

Náuseas

Dor de garganta

Irritabilidade

Conforme a doença progride, os sintomas se agravam. O paciente pode apresentar:

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Hiperexcitabilidade

Confusão mental

Desorientação

Delírios

Agressividade

Espasmos musculares involuntários ou até convulsões.

"Os espasmos podem levar a um quadro de paralisia motora, que compromete principalmente o sistema cardiorrespiratório", pontua o virologista. Segundo o médico, uma vez que esses sintomas neurológicos se iniciam, é quase certo que o paciente não sobreviva.

O que fazer se for mordido por um animal contaminado com raiva?

Segundo a médica Nicolle Queiroz, caso você tenha sido mordido ou tido contado com a saliva de um animal, é preciso higienizar imediatamente a ferida e procurar pronto-atendimento. "Se eu fui mordida, preciso lavar com água e sabão e ir para o pronto-socorro. Lá vai ser instaurada a melhor terapêutica."

Eduardo Volotão explica que, mesmo que nem o animal nem você tenham apresentado sintomas, o indicado é iniciar o tratamento como se houvesse contaminação. "É preciso fazer uma imunoterapia, em que anticorpos já prévios para o vírus da raiva são administrados. E vacinação administrada durante um período de dez dias." Se o animal for conhecido e puder ser monitorado para garantir que não tem sintomas, podem ser aplicadas menos doses da vacina.

Para casos com sintomas, Nicolle pontua que existem alguns protocolos para tratamento semelhantes ao de outras infecções neurológicas, como meningite grave, mas ressalta que as chances de morte são de quase 100%. "Quando há um diagnóstico definitivo, nós induzimos o paciente ao coma e entubamos para diminuir o metabolismo e esperar passar por esse período de inflamação do sistema nervoso central."



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