Você sabia que o salto alto foi originalmente criado para os homens?

Os homens começaram a usar sapatos de salto alto muito antes das mulheres.

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Nos dias de hoje, tendemos a considerar os sapatos de salto alto um item do vestuário feminino, não é mesmo? No entanto, o que pouca gente sabe é que esse tipo de calçado foi criado originalmente para os homens. De fato, os homens começaram a usar sapatos de salto alto muito antes das mulheres também iniciarem a usá-los. O site TriCurioso resolveu compartilhar um pouco da história do salto alto e a sua importância desempenhada no passado.

Diferentemente de como os saltos são usados hoje, eles eram geralmente usados no passado para fins práticos e cerimoniais, não apenas por uma questão de “moda”. Desde ajudar os cavaleiros a se apoiarem em cima de cavalos a aumentar a altura de um rei “baixinho”, os saltos serviram a uma infinidade de propósitos.

Algo muito mais antigo do que parece

A origem do salto alto pode ser rastreada nos continentes africano e asiático. De fato, acredita-se que os países europeus tenham adotado essa cultura de países asiáticos como Turquia e Pérsia (atual Irã). No Egito antigo, por exemplo, os calçados em geral costumavam servir principalmente como uma distinção de classes. Os pobres costumavam andar descalços, enquanto os ricos usavam sapatos especialmente elaborados como um símbolo de riqueza.

Os saltos, em particular, eram tipicamente usados para fins cerimoniais pela aristocracia. Sapatos parecidos, embora não exatamente idênticos aos saltos, remontam a 3500 aC no Antigo Egito. Curiosamente, além de serem vistos como um símbolo que designava classe, os saltos também eram usados pelos açougueiros egípcios para manter os pés afastados do sangue que ficava espalhado pelo chão na hora do abate dos animais.

Na Ásia, acredita-se que os primeiros usuários do salto alto eram os guerreiros persas. Esse tipo de calçado foi especialmente projetado para auxiliá-los durante os passeios a cavalo, pois os saltos impediam que os pés escorregassem dos estribos. Acredita-se também que os saltos podem ter ajudado os arqueiros a atirar flechas, já que eles melhoravam a sua postura e mantinham as suas pernas firmes nos estribos dos cavalos.

O salto alto nos tempos pós-medievais

A Europa adotou os saltos através da tradição persa. Os aristocratas europeus começaram a usar salto quando diplomatas persas visitaram a Europa em 1599 para ajudar a ganhar aliados na luta contra o Império Otomano. De fato, durante esse período, a Europa foi fortemente influenciada pela cultura persa.

As mulheres também começaram a usar salto alto a partir desse período, já que isso também as ajudava a aumentar a sua altura. Catarina de Médici, rainha consorte da França de 1547 até 1559, foi a primeira mulher nobre a usar salto no século XVI. Segundo registros históricos, ela queria parecer mais alta em seu casamento, pois tinha apenas 1,5 metro. Essa tendência foi rapidamente copiada por outras mulheres, que logo começaram a usar o salto alto, alguns chegando a incríveis 30 centímetros.

No entanto, devido a essas alturas ridículas, as mulheres caíam com frequência, de modo que algumas grávidas até chegaram a sofrer abortos. Para tornar os sapatos de salto biomecanicamente mais confortáveis, a frente das plataformas passou a ser mais arqueada, enquanto apenas a parte traseira ficava responsável pela altura. Os saltos também ajudavam as mulheres a evitar que suas saias se sujassem, uma vez que nem todo chão costumava ser muito limpo naquela época.

Uma questão de ego e status

O rei Luís XIV da França tinha apenas 1,65 m de altura, sendo que naquela época não era ideal para o ego de um rei que ele fosse mais baixo que seus palacianos. Sendo assim, o rei Luís começou a usar saltos para complementar a sua pequena estatura. Ele usava saltos com detalhes prateados e vermelhos de 10 cm, fortemente decorados com cenas de batalhas. Curiosamente, o rei Luís realmente queria deixar marcado o seu estilo, tanto que tornou ilegal o uso de sapatos de salto vermelho por outras pessoas ao lado dele e de seus palacianos na França. De fato, isso tornou-se uma ofensa passível de punição!

Seguindo os passos do rei Luís, o rei Carlos II da Inglaterra resolveu usar um salto vermelho durante sua coroação. Sendo assim, os ricos passaram a usar tais itens como símbolos de luxo. Por outro lado, os saltos eram inúteis para as classes mais baixas que trabalhavam nos campos e caminhavam longas distâncias, por isso eles acabaram sendo adotado apenas pelas classes mais altas que queriam se destacar.

Com o tempo, as mulheres começaram a exigir status iguais aos dos homens. Usar saltos, chapéus, cortar o cabelo curto e fumar charutos eram algumas das coisas feitas por mulheres que queriam mostrar aos homens que elas eram iguais a eles. Consequentemente, o salto alto desenvolveu lentamente uma associação com a sexualidade feminina, pois enfatizava as curvas das mulheres e alongava as suas pernas. Mas foi só depois do século XVI que as mulheres finalmente adotaram os saltos e os transformaram em um item básico do vestuário feminino.

Então, por que os homens em geral pararam de usar o salto alto?

O movimento intelectual “Iluminismo” é considerado o principal fator responsável por mudar a perspectiva masculina em relação à moda e aos saltos. Esta era enfatizou praticidade e a racionalidade em vez do luxo e da moda. Assim, houve uma mudança repentina no padrão de roupas masculinas. Suas roupas passaram a ser mais práticas para combinar com as suas profissões, em vez de servirem como uma demonstração pomposa de riqueza.

Os homens também passaram a abandonar joias e roupas de cores vivas, adotando roupas cada vez mais escuras. Isso também ficou conhecido como “A Grande Renúncia Masculina”, um movimento que passou a distinguir claramente homens e mulheres na aparência, tanto que em meados de 1740, os homens pararam completamente de usar saltos e passaram a considerá-los “desconfortáveis” e “efeminados”.

Consequentemente, essa era ajudou a construir vários esteriótipos que podem ser vistos até hoje. Por exemplo, isso contribuiu para que as mulheres fossem vistas como “seres muito sentimentais”, tornando-as mais “adequadas” para os saltos do que os homens.



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