A Infidelidade do parceiro...

Traiçao

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Rela?es Exteriores

Voc? perdoaria o seu parceiro se ele pulasse a cerca durante uma viagem? e se a transa fosse com uma prostituta? Um novo livro revela que h? pa?ses nos quais essas e outras formas de trai??o s?o toleradas

Fernanda Colavitti

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Os americanos "t?m algu?m nas horas vagas"; russos e suecos "escapam pela direita"; israelenses "comem nas horas vagas"; japoneses "saem da estrada"; irlandeses "jogam impedidos"; holandeses "beliscam o gato no escuro"; franceses "v?o conhecer outro lugar"; e indon?sios "t?m um maravilhoso intervalo". A express?o varia, mas em todo o mundo ocorre basicamente a mesma coisa: sempre h? algu?m para pular a cerca, trair ou chifrar o parceiro.

S? essa verdade universal j? seria suficiente para justificar um estudo mais aprofundado do tema. Mas, ao passar um tempo trabalhando em S?o Paulo e Buenos Aires, a jornalista norte-americana Pamela Druckerman recebeu um est?mulo extra: foi assediada por uma quantidade in?dita - para ela - de homens casados. "Fiquei curiosa e quis saber mais sobre as regras da infidelidade pelo mundo", diz ela. Come?ou pela biblioteca, e o que encontrou na escassa literatura sobre o assunto foram lugares-comuns do tipo "os franceses s?o os mais blas?s em rela??o ? trai??o", al?m de alguns poucos dados de antrop?logos sobre tribos das quais nunca havia ouvido falar. O ?nico jeito foi deixar o marido em casa e sair pelo mundo para descobrir como e por que as pessoas traem. Visitou 24 cidades em 10 pa?ses, nos quais coletou estat?sticas, conversou com especialistas, entrevistou homens e mulheres infi?is e leu colunas de conselhos sobre o tema em revistas femininas e masculinas.

O resultado desse mapeamento da infidelidade pelo mundo est? no livro "Lust in Translation" (algo como A Tradu??o da Lux?ria, ainda sem vers?o em portugu?s). Para realizar o levantamento, Pamela desenvolveu seu pr?prio crit?rio para definir infidelidade: "Algu?m que est? em uma rela??o monog?mica, mas que tem rela?es sexuais em segredo com outra pessoa [inclu?do a? quem pratica apenas sexo oral]. Na verdade, praticamente qualquer coisa que o parceiro n?o possa saber". Como descobriu depois, o conceito n?o ? un?nime.

Para os russos, por exemplo, ter uma rela??o fora do casamento durante uma viagem (os casais costumam tirar f?rias conjugais no pa?s) n?o ? considerado trai??o. Assim como o sexo pago para os japoneses. Para os sul-africanos, estar b?bado ? uma desculpa aceit?vel para pular a cerca. Quem n?o se lembra da discuss?o sobre se sexo oral era ou n?o trai??o, na ?poca em que o ent?o presidente dos Estados Unidos Bill Clinton teve um caso com a estagi?ria M?nica Lewinsky? Pergunte a casais praticantes de swing o que ? infidelidade, e eles dir?o que ? manter rela?es sexuais extraconjugais quando o parceiro n?o est? presente. O pr?prio termo "infidelidade" n?o ? aceito da mesma forma em todos os lugares. Pesquisadores franceses acham que a palavra carrega uma conota??o religiosa, um valor negativo, que significa que a pessoa n?o ? confi?vel, ? mentirosa. Portanto, preferem usar a express?o "m?ltiplos parceiros simult?neos". Os nigerianos falam em "networking sexual", e os finlandeses, em "relacionamentos paralelos".

Classifica?es e eufemismos ? parte, o fato ? que manter rela?es sexuais com algu?m que n?o seja o parceiro ? uma pr?tica bem, digamos, globalizada. Alguns exercitam menos, outros mais - homens que vivem em na?es ricas s?o mais fi?is do que os que moram em na?es pobres; entre as mulheres, a situa??o se inverte -, e nem todo mundo lida com a quest?o da mesma forma. Apesar das estat?sticas mostrarem que, nos EUA, 21% dos homens e 16% das mulheres j? tra?ram seus parceiros pelo menos uma vez, os norte-americanos s?o os menos tolerantes e os que mais sofrem conflitos morais e culpa quando traem ou s?o tra?dos. No outro extremo h? os finlandeses, os que se sentem mais confort?veis com esse tipo de comportamento e n?o t?m o menor problema em relatar suas aventuras extraconjugais.

Quando se olha para o passado dos EUA, fica mais f?cil compreender por que uma trai??o conjugal - teoricamente, uma quest?o particular - pode adquirir propor?es p?blicas. Os puritanos ingleses que fundaram as col?nias americanas no s?culo 17 puniam os ad?lteros com a?oitamento p?blico e at? com a morte. Para os fundadores dos EUA, o casamento simbolizava a lealdade pol?tica. Nos dois casos, cada parte, voluntariamente, tinha obriga?es com a outra em benef?cio do relacionamento. O casamento que tinham planejado, obviamente, seguia o modelo crist?o, no qual marido e mulher s?o sexualmente fi?is at? a morte. Eles tamb?m acreditavam que pessoas casadas nesses padr?es eram melhores cidad?os.

A primeira mudan?a significativa s? ocorreu na d?cada de 1980, quando o chamado "div?rcio sem culpa" foi adotado por diversos estados americanos. Isso significava que um casal podia se separar legalmente s? porque n?o estava mais feliz. Ao lado com o maior controle da natalidade proporcionado pela ado??o da p?lula anticoncepcional, na d?cada de 1960, a medida fez com que o adult?rio ganhasse uma nova concep??o. Em vez de algo que determina o destino de uma na??o, o sexo extraconjugal passou a afetar apenas os envolvidos. Mas o ato continuou sendo visto como um crime pass?vel de suscitar v?rios outros, com a diferen?a que, agora, o peso recairia somente sobre o ad?ltero em quest?o e sua fam?lia.



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