Espetáculo Dorothy denuncia preconceitos e violência

Outra questão que ele aborda é o fato que a peça foi pensada para ser interpretada por uma atriz negra, levando a outros questionamentos com relação à raça

Espetáculo | Robinson Levy
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Muito tem se falado sobre casos de feminicídio pelo Brasil. E no Piauí, a situação preocupa, assim como em todo lugar. Em busca de soluções, para esta situação que aflige a sociedade atual, são inúmeras as ações no sentido de trazer à discussão o assunto na tentativa de mudar essa realidade. A arte também tem sido um instrumento nesse sentido. A peça Dorothy traz à tona assuntos como violência, abuso, medo. Palavras muito comuns no noticiário atual.

A estreia da peça acontece no próximo dia 27 de julho, às 19h, no Teatro João Paulo II. O texto é do piauiense Roberto Muniz Dias e a direção de Arimatéia Bispo. No palco, toda a desenvoltura da atriz Susy Gomes, num trabalho intenso em que a emoção traz o peso das dores da personagem.

Roberto Muniz diz que a inspiração para escrever o texto veio da triste realidade que ele tem acompanhado, principalmente, através da imprensa.

“Vários casos de feminicídio no Piauí invadem os noticiários. De volta a Teresina, no começo do ano passado, vi estes registros como resultado de uma masculinidade tóxica e da educação dada aos estudantes dentro da sala de aula. Por isso, a questão de gênero ainda deve ser discutida não como erroneamente se atribui aos movimentos sociais LGBT, mas sim por uma questão de direitos humanos. Enfim, sem criar polêmicas, enveredei neste campo da violência simbólica a que a mulher está imiscuída, desde a linguagem até a violência física”.

A peça conta a trajetória de Alice, que se vê acuada diante de suas memórias, já adulta, e sequelada pelo trauma vivido por paternalidades emprestadas, já que foi uma criança entregue para a adoção desde pequena.

“Acompanhamos esta trajetória de Alice, embora não linear, perdida nas memórias do que teria vivido até sua vida pré-adulta”, relata o autor.

Dentro destas memórias, Alice vai encontrando fragmentos de anotações e histórias que ela vivienciou durante o período que viveu no orfanato - onde surgiu a amizade com a boneca Dorothy. A memória de Alice é perturbada por estes monstros que surgiram em sua vida; as experiências com relatos abusivos de uma parentalidade emprestada dos outros que não a viam como uma filha, mas como objeto.

Muniz ressalta que Dorothy e Alice são testemunhas das diversas facetas da violência contra o feminino. A adoção é vista pela personagem como um alívio para as suas dores de viver solitária e observar que ela foi tardiamente adotada.

Outra questão que ele aborda é o fato que a peça foi pensada para ser interpretada por uma atriz negra, levando a outros questionamentos com relação à raça. “Mas o interessante da peça é descobrir, ao longo do processo dramático da personagem, todas estas camadas que compõem este libelo teatral contra esta masculinidade que revela sua face mais sinistra por meio da posse e pelo desejo incontrolável de subjugar o feminino.Embora seja um tema com carga de denúncia, Dorothy enreda também um momento de esperança, que será compartilhado com a plateia”. (Por Liliane Pedrosa)



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