Homem tem lugar em festival de mulheres?

Com ênfase na diversidade, festival terá debates, oficinas, mentorias, música, artes plásticas e cinema; no CCSP, em 21 e 22 de setembro, para todas e todos

Projeto Memoh participa do festival | Reprodução Instagram
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Lugar de homem no contexto de empoderamento feminino é... em festival de mulheres. A programação da 2ª edição do Festival Agora É Que São Elas é para todas e todos. O evento terá atividades específicas para o público que quer refletir sobre masculinidades em tempos de luta conflagrada por igualdade de gênero.

“É necessário que os homens se coloquem no debate de gênero. As pautas levantadas pelo festival nos cabem muito,” diz Pedro de Figueiredo, publicitário e fundador do Memoh, cujo nome é “homem” ao contrário.

O projeto consiste em grupos reflexivos de homens que se preocupam com comportamentos padrões e não querem mais reproduzir o machismo. Nas rodas de conversas, os participantes trocam experiências e buscam a transformação social.

É com essa expertise que Pedro vai se juntar a outros homens na mesa “Homens: o papo também é com vocês” e em duas sessões de mentoria, durante o Festival Agora É Que São Elas, em 21 e 22 de setembro, no CCSP (Centro Cultural São Paulo).

“Somos protagonistas da violência de gênero. Homens violentam mulheres, minorizados e outros homens. Como estamos nesse protagonismo da violência, precisamos olhar para essas questões e nos responsabilizar pelo comportamento. Passou da hora”, afirma

Não se trata de apontar o dedo e dizer como ser e fazer, alerta Pedro. O encontro é um convite para refletir sobre o próprio comportamento. Ele lembra que violência não é só bater e assediar, mas envolve outras formas sutis de abuso que passam despercebidas. Ele mesmo diz que continua “em processo”, após dois anos de iniciar o projeto.

“Começamos depois que comecei a ouvir de fato o que as mulheres estavam me dizendo. Tentei entrar errando, falando o que as mulheres devem ou não fazer. Eu, particularmente, descobri que meu comportamento no espaço público era horrível. Achava que mulher ficava com medo na rua, por exemplo, por mimimi”, confessa.

O publicitário ressalta que toda a programação do festival é para homens, e não apenas sua mesa e mentoria. “O festival é ótima oportunidade para homens escutarem mulheres e como outros homens estão se posicionando”, destaca.

Masculinidades

Para a reflexão ser ampla, deve considerar as várias masculinidades, como a negra, tema de pesquisa de Caio Cesar, também integrante do Projeto Memoh, que vai compor a mesa. A construção social de homens negros é diferente da do branco e é marcada pela noção de hipermasculinidade.

“Se homem tem de ser forte, másculo e não pode chorar, com o negro isso é mais intenso,” diz.

A conversa vai permear como os homens negros estão expostos aos aspectos de gênero e raça, e como essa relação influencia o comportamento. “Esse homem tem privilégio em gênero, mas não em raça. Vamos discutir como se dá essa construção social do papel do homem negro a partir disso”, comenta.

Os indicadores sociais ajudam a compreender essa relação. Homens negros são mais vítimas de homicídios que os brancos, mais presos, têm menos acesso ao ensino superior e são mais suscetíveis ao suicídio. “Em contrapartida, se agarram aos poucos privilégios que têm, que normalmente são os de gênero”, explica.

“Questionar o olhar que o outro constrói sobre nós permite refletir sobre o que se quer”, declara.

Além de Pedro e Caio, estarão na mesa p professor de psicologia da UFSC e especialista em grupos reflexivos Adriano Beiras, e Mario Cesar Lugarinho, professor de literatura da USP e especialista em estudos queer.

Divulgação projeto Memoh

Programação ampla e diversa

Música, rima, exposição e performances, cinema, debates, mentoria e oficinas. A programação do festival vai ser ampla e para todo mundo que passar pelo CCSP.

O objetivo do festival, desde sua criação, é discutir a inserção feminina nas instâncias de poder. As mesas de debates deste ano, especificamente, vão enfatizar a violência política de gênero. “É um tema que vem ganhando corpo nas discussões no mundo todo por ser obstáculo à equidade de gênero na política”, diz a roteirista e cientista social Antonia Pellegrino, idealizadora e curadora.

Uma edição especial da Feira Preta vai reunir, no evento, empreendedoras negras em moda, cosméticos e gastronomia, entre outras áreas.

As inscrições para os debates, oficinas e mentoria, também gratuitas, estão disponíveis nos no site www.festivalagora.com.br. Todas as atualizações podem ser acompanhadas por meio do Instagram @agoraequesaoelas_ e na página do Facebook www.facebook.com/agoraequesaoelas.



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