Piauiense Karla Holanda resgata o papel da mulher no cinema mundial

Karla participou do livro “Feminino e Plural: mulheres no cinema brasileiro” e com ele foi indicada ao Prêmio Jabuti, em 2018

Karla Holanda | Divulgação
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Organizado pela professora da Universidade Federal Fluminense (UFF), a cineasta piauiense Karla Holanda está na organização do livro Mulheres de Cinema, publicado pela Numa Editora. A obra traz uma coletânea de 22 capítulos inéditos sobre a história do cinema que contempla as mulheres que ficaram de fora da história do cinema oficial.

Como professora, Karla ministrou disciplinas como História do cinema mundial. “Sempre foi um suplício porque eu sabia que aquela história só estava parcialmente contada nos livros, que não abordavam a participação das mulheres, mesmo eu sabendo que elas estavam presentes nessa história. Para falar de algumas cinematografias, considerando a atuação das cineastas, era necessário fazer pesquisas de um ou outro artigo meio perdido na internet, e só de maneira bem fragmentada eu conseguia algumas informações. Assim, desde 2014 eu alimento a ideia de organizar um livro que reunisse em um só volume essas histórias, com o devido respeito à participação feminina”, diz.

Em 2017, ela participou da coletânea sobre a história do cinema feito no Brasil. Foi o livro “Feminino e Plural: mulheres no cinema brasileiro” e com ele foi indicada ao Prêmio Jabuti, em 2018. “O passo seguinte tinha que ser este livro. Assim, pensei nos tópicos que achava necessário para abranger a história do cinema mundial e, em dezembro de 2018, convidei pesquisadores de diversas universidades que são referências em determinadas áreas de estudos no cinema para que escrevessem capítulos para o livro, convergindo para a perspectiva feminina. Ao final, somos 23 autoras e dois autores”, explica.

Karla diz que Alice Guy Blaché, que atuou na França e nos Estados Unidos, é o exemplo mais indefensável da injustiça da história do cinema: a cineasta realizou centenas de filmes, desde 1896, e só nos últimos anos começou a receber certa atenção. “E, como ela, muitas outras não usufruíram em vida de reconhecimento. Esfir Chub, cineasta russa, com seus sofisticados fundamentos sobre a montagem, foi essencial para a linguagem do cinema que  se consolidaria. Leni Riefenstahl, conhecida como a cineasta de Hitler, tem a mais longeva das carreiras, e sua trajetória é meticulosamente analisada no livro”, afirma, acrescentando que a América Latina recebe especial atenção e a obra destina um capítulo para o cinema argentino, com amplo panorama da história das cineastas desse país. “Além disso, o livro aborda o cinema chinês, cuja história das cineastas e do entorno delas é riquíssima e surpreendente, o cinema iraniano, indiano, africano, português. A cineasta Agnès Varda, pioneira da Nouvelle Vague, recebe a devida atenção, assim como o cinema indígena, pornográfico, lésbico e experimental, além da dimensão da espectatorialidade, que também está no livro”, diz, enfatizando que são milhares de filmes e muitos deles pouco conhecidos pelo hábito viciado do patriarcado de excluir a importância das mulheres, que, claro, não é só no cinema, mas em qualquer área, como também nas artes, na música, nas ciências, na física, na medicina.

Karla Holanda ressalta o papel fundamental da mulher para o desenvolvimento do cinema. “O cinema como linguagem, como conhecemos hoje, em suas variadas vertentes, convencionais ou experimentais, deve muito a muitas mulheres cineastas. Elas apenas não foram contempladas na história tradicional do cinema, mas agora não há mais motivo para que essas ausências sejam perpetuadas”, relata.



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