Censo no Amazonas é mais atrasado do Brasil

Em algumas regiões, recenseadores do IBGE só conseguem chegar usando canoas

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O Amazonas é o estado do Brasil onde os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) encontram as maiores dificuldades para finalizarem o levantamento. Até agora, apenas 44% da meta foi alcançada, enquanto no País o índice chega a 63%. As grandes distâncias, o difícil acesso agravado pela seca e a ausência de transporte regular em várias regiões são os maiores problemas. Um reflexo da realidade da região Norte, onde apenas 51% do trabalho foi finalizado.

Para cobrir todo o país, o IBGE dividiu o território brasileiro em áreas censitárias. No Amazonas, a coordenação de subárea responsável pelo município de Careiro da Várzea (20 km de Manaus) também cuida do censo nos municípios de Manaquiri e Careiro Castanho. Juntos, os três somam mais de 13 mil km² de área. Missão para 68 recenseadores contratados para levantar dados da área equivalente a oito vezes o tamanho da região metropolitana de São Paulo.

As estratégias para atingir a meta da região são discutidas numa sala que não mede mais do que 12 metros quadrados, em uma casa de madeira, em Careiro da Várzea. Lá, os agentes do IBGE avaliam o trabalho de coleta de dados iniciado no dia 1º de agosto. Apesar da velocidade do levantamento não acompanhar o ritmo nacional, eles comemoram o resultado diante das dificuldades.

Para cumprir a missão, os recenseadores têm de improvisar e usar o conhecimento do caboclo ribeirinho para chegar até os locais onde mora parte da população a ser recenseada. De canoa, indo a pé pela mata, usando pequenas lanchas e até canoas, vale tudo.

Seca torna a tarefa ainda mais difícil

Para dificultar ainda mais o dia-a-dia dos recenseadores, o rio chega a diminuir de 20cm a 30cm por dia nesta época do ano. E segundo os registros do serviço de hidrologia do Porto de Manaus, a bacia do rio Negro já diminuiu em torno de 7,29 metros desde o dia 13 de junho, quando começou o período de vazante. No período da enchente, é possível ir a qualquer canto usando incontáveis atalhos no meio da floresta alagada. A seca obriga os recenseadores a trocar os barcos maiores por embarcações pequenas. A canoa é a mais comum.

No Careiro, o trabalho da recenseadora Ketlenn Barbosa começa em um porto flutuante na beira do Paraná do Careiro, um afluente do rio Solimões que dá acesso ao interior do município. A embarcação é uma pequena lancha de alumínio com um motor de popa e guiada pelo agente Naílson Fernandes, o responsável pelo trabalho do Censo no município. Eles partem na direção da zona rural.

O Careiro da Várzea tem 95% da área composta por terras alagáveis, motivo principal do nome do município. Com quinze minutos de viagem, a equipe chega à comunidade do Igapó Açu onde moram cerca de 30 famílias. O único acesso às propriedades é um pequeno curso de água que está com o nível tão baixo que os moradores tiveram de fazer um mutirão de emergência para levantar uma barragem na foz do igarapé para permitir a passagem do único meio de transporte local. "Se não fizermos isso, a água sai toda e os moradores não têm como levar a produção para fora", explica Jacó Silva morador e vereador do município.

Conhecer a região é fundamental para chegar ao destino

Deste ponto em diante, a lancha é substituída por uma canoa menor ainda empurrada por um motor de hélice também chamado de rabeta. O leme é o remo e a experiência do agente censitário em viver na região é essencial. "Como a seleção para o censo é um concurso público, muitas vezes a gente recebe gente de fora, da cidade grande, que não tem prática de viver no interior e nem conhece a região. Essa é uma das dificuldades", diz o coordenador desta subárea censitária, João Paulo Lopes. Mas neste caso, a dupla do IBGE conhece a região e não tem problemas em subir o igarapé, descer nas margens irregulares e chegar até as casas.

O agricultor André Gomes Pereira, 39 anos, foi um dos entrevistados. Ele mora na comunidade do Igapó Açu desde que nasceu. Vive de plantar hortaliças, assim como a maioria dos moradores da área, e mora na pequena casa de madeira com a esposa e dois filhos. "O pessoal do IBGE já tinha passado outras vezes aqui em casa e eu sempre respondo as perguntas", disse o agricultor.



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