Drama dos meninos da caverna, na Tailândia, é retratado em livro

Jornalista Rodrigo Carvalho acompanhou o resgate dos garotos

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Em julho de 2018 acontecia a Copa do Mundo na Rússia, mas a manchete com mais destaque vinha da desconhecida província de Chiang Rai, no Norte da Tailândia: “Meninos podem ficar quatro meses presos na caverna”. Foi então que boa parte do mundo começou a torcer por outra seleção, a dos Javalis Selvagens. Ao todo, os doze garotos e o técnico-monge viveram dezoito dias de agonia, salvos em uma arriscada operação. Um dos noventa mergulhadores, Saman Kunan, de 38 anos, acabou dando a vida pelos meninos. Ele morreu logo depois de levar um pouco de oxigênio para o time respirar melhor.

Os meninos da caverna vai muito além do resgate espetacular, que por si só já poderia render um bom livro. E rendeu. O jornalista Rodrigo Carvalho acompanhou, de perto, todo o desenrolar dos acontecimentos e publica pela Globo Livros ‘Os Meninos da Caverna’, uma obra de olhar sensível, humano, que remonta não só os fatos, mas mergulha na origem dos meninos e visita o contexto político, social e religioso da Tailândia. Traz, ainda, os cenários do Sudeste Asiático e destrincha por que os Javalis se tornaram um símbolo de solidariedade mundial – ou seja, tudo aquilo que dá ainda mais sentido a esta história, uma das me-lhores notícias do ano.

Jornal Meio Norte: Como foi a experiência de escrever o livro para você que acompanhou de perto e narrou na televisão todos os acontecimentos desse acidente e o resgate dos meninos?

Rodrigo Carvalho: É um processo - ainda que seja meu segundo livro - dife-rente para mim. É outro tipo de texto, outra estrutura. Num livro a gente vai muito mais fundo numa história, na TV nem tanto, não cabe, não dá para descrever, o tempo da reportagem de televisão não permite fazer o que você faz num livro que é mergu-lhar na história, colocar outras informações, tem o contexto. É outra forma de contar uma história. Não é um processo fácil, mas interessante porque te joga para frente faz realiza como jornalista nesse contexto ai.

JMN: Diante de tantos fatos, o que foi mais emocionante registrar?

RC: Mais emocionante registrar alguns capítulos, o de abertura o ensaio da agonia com base em todas as informações que se tinha sobre o que os meninos passaram e a partir disso narrar, descrever tudo o que eles viveram na caverna foi interessante. Foi ali que entendi mais a fundo o que aqueles garotos enfrentaram naqueles dias antes dos mergu-lhadores chegaram, foram nove dias sozinhos. Sobre a agonia dos meninos com base em todas as informações que se tinha, sem saber se sobreviveriam ou não, se seriam encontrados ou não foi emocionante registrar que mostra como os meninos foram fortes física e emocionalmente. E tem uma relação especial com o capítulo da Duda porque esse capítulo dela traz o significado de como as pessoas se conectaram com os meninos, como se colocaram no lugar deles, rezaram por eles. E a Duda ela exemplifica isso, personaliza a preocupação que o Brasil teve com os meninos da caverna. E decidi dedicar um capitulo a ela por isso, porque a Duda representa milhares, milhões de brasileiros que se preocuparam com os meninos. Eu procurei ir atrás da origem da Duda para entender como que mesmo com uma vida cheia de dificuldades, como ela tem para conseguir o básico, num lugar onde a água não é boa e o pai dela tem que viajar para conseguir no município mais próxima para ter água potável, onde se tem tão pouco, ela foi capaz de si emocionar e se colocar no lugar dos meninos que naquele momento precisavam da oração da Duda. E acho que isso já justificava um capítulo sobre ela. E quando eu comecei a pesquisar sobre a Duda, entrevistei a família toda, falei com ela pelo telefone, mesmo distante, assistindo reportagem sobre a comunidade quilombola dela, conversando com colegas jornalistas que já foram lá, mergulhar na vida da Duda era uma maneira de entender como mesmo numa vida muito simples onde falta o básico- como na comunidade quilombola de Salinas - ela parou para se colocar no lugar dos meninos e no final ela personaliza a preocupação dos brasileiros com os Javalis Salvagens. Ela é muito doce, especial e tenho certeza que ainda vou conhecê-la, que ainda vou na comunidade de Salinas, tomar um café com a família, com a mãe dela Carlene.

JMN: Como você vivenciou essa expe-riência?

RC: Essa experiência se transforma numa porção de coisa na gente. Eu acho que eu saio mais propenso a pensar sobre o que de fato deve nos preocupar ou nos pertubar ou não. E como me manter diante de situações que me tragam um certo desconforto físico ou emocional. Acho que a história dos meninos ensina isso. O livro traz esse tipo de reflexão, além de informações, contexto social. É um livro que no contexto de 2018, num ano de tanto ódio, ele pode ajudar a dar uma desintoxicada e nos fazer lembrar da importância de pensar no outro.



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