No Rio, escolas tradicionais empolgam até dia amanhecer e Padre Miguel surpreende na Série A

Nove agremiações desfilaram pela Marquês de Sapucaí, no Rio.

INOCENTES DE BELFORD ROXO - A rainha de bateria Laura Keller, que ocupa o posto pela primeira vez. | Reprodução/ Internet
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

No segundo dia de desfiles das escolas de samba da Série A do Rio, que começou na noite de sábado (1º) e terminou na manhã de domingo (2), agremiações tradicionais como Tradição, Caprichosos de Pilares, Viradouro e Estácio de Sá empolgaram e dividiram o público do Sambódromo.

A Unidos de Viradouro arrancou gritos de "é campeã!" antes mesmo de terminar o desfile. A apresentação da Unidos de Padre Miguel, uma das últimas a entrar na avenida, surpreendeu quem estava na Marquês de Sapucaí.

Carros alegóricos high-tech, paradinhas da bateria que misturaram outros ritmos e fantasias luxuosas marcaram o último dia da Série A. Mas algumas escolas enfrentaram problemas técnicos, como a Alegria da Zona Sul, que ficou sem dos carros após uma pane mecânica.

A primeira escola a entrar na Marquês de Sapucaí neste sábado trouxe para a avenida o enredo ?Sonhar com Rei dá Leão?, em homenagem aos 40 anos da morte de Natalino José do Nascimento, o Natal da Portela, um dos fundadores da escola de samba de Madureira.

O tema é uma reedição do desfile produzido pelo carnavalesco Joaosinho Trinta, morto em 2011, para a Beija-Flor em 1976. O samba foi escrito por Neguinho da Beija-Flor.

O carro abre-alas, chamado ?Reino da Fascinação ? sonhar com anjo é borboleta?, trouxe o condor, símbolo da Tradição. Mas um problema mecânico no elevador que levantaria a alegoria da ave não funcionou.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Thuan Matheus, de 14 anos, e Joana Falcão, de 12 anos, defenderam o pavilhão da escola de samba com fantasias que representavam um beija-flor voando em torno de uma rosa. A alegoria da porta-bandeira pesava cerca de 15 kg, quase metade do peso total de Joana (que tem 40 kg).

A escola fez um recorte histórico sobre o bairro de Copacabana, desde a origem do nome do lugar, atribuído a Nossa Senhora de Copacabana, até o desenvolvimento urbano e cultural, que é referência turística do Rio.

Mas um problema no quarto e último carro da escola impediu a entrada da alegoria na Sapucaí e pode prejudicar a agremiação.

De acordo com um dos diretores de harmonia, um problema no eixo de direção impediu a movimentação do carro, que foi rebocado para não atrapalhar a concentração das outras escolas.

A cachaça inspirou a União do Parque Curicica com o enredo ?Na garrafa, no barril, salve a cachaça patrimônio cultural do Brasil?. A agremiação trouxe escravos, engenhos e muita cana-de-açúcar para a avenida do samba.

Na comissão de frente, atores caracterizados de escravos seguravam mudas de cana nas costas, enquanto Jesus Cristo e o diabo brigavam entre si, de acordo com o cordel ?A Lenda da cachaça?.

O quentão, bebida típica das festas juninas, e a festa da cachaça realizada em Paraty também foram lembrados pela escola em alas. A bateria abusou das paradinhas e arrancou aplausos do público nas arquibancadas, frisas e camarotes.

A boemia e a malandragem da Lapa, bairro do Rio de Janeiro, foi o enredo da escola. Com alegorias grandiosas, comissão de frente dinâmica e bateria que fez ?paradinhas e paradonas?, a Caprichosos homenageou personagens marcantes da região.

A comissão de frente da Caprichosos impressionou pela troca de roupa feita em plena avenida. Inicialmente, os integrantes estavam vestidos de mulheres negras carregadoras de jarros de água. No meio da pista, o grupo mudou de roupa, transformando-se em dançarinos de gafieira.

Os ritmistas da bateria alegraram a multidão com suas ?paradinhas? e ?paradonas?, mesclando, algumas vezes, samba com a batida do funk.

O enredo sobre Niterói empolgou o público na Marquês de Sapucaí, que gritava "é campeã!" antes mesmo de a escola terminar seu desfile.

A comissão de frente da Viradouro trouxe integrantes vestidos de índios Araribóia, chefe da tribo dos temiminós que viveu no século 16 e ajudou portugueses a conquistar a Baía de Guanabara na disputa com os índios tamoios, que apoiavam os franceses. Uma estátua em sua homenagem foi erguida em Niterói e pode ser visto perto da área onde estão as barcas.

Os integrantes da bateria vieram vestidos de croupier, função considerada importante para o funcionamento de um cassino. A ala de ritmistas fez menção ao Cassino Icaraí, que funcionou em um antigo casarão no bairro de mesmo nome.

O passado e o futuro da Zona Portuária do Rio de Janeiro nortearam o desfile da agremiação, que fez um raio X da orla marítima carioca com suas fantasias, danças e ritmos. A região passa por um intenso processo de transformação com investimentos públicos e privados.

O primeiro carro da escola trouxe uma caravela, menção ao descobrimento da Baía de Guanabara, que se tornou o acesso principal ao Rio durante anos. A segunda alegoria retratou a abertura dos portos, quando a cidade passou a receber embarcações estrangeiras.

O quarto e último carro da escola fez referência a Barcelona, na Espanha, que teve sua zona portuária totalmente reformulada e, atualmente, é um dos principais destinos turísticos na Europa. Ainda na mesma alegoria, integrantes vestidos de operários simulavam estar em cima de andaimes, enquanto telões mostravam vídeos mostrando como ficará a área do porto do Rio.

A escola trouxe para a Sapucaí o enredo ?Do toque do criador à cidade mais saudável do Brasil. Jundiaí, uma referência nacional?. A cidade paulista, conhecida pelas festas da uva e a qualidade de vida de seus habitantes, foi homenageada pela agremiação.

Uma das alegorias sofreu um acidente durante sua passagem pela avenida. Parte do carro chamado ?Vida saudável: circuito das frutas?, o terceiro, quebrou ao longo do desfile. Se os jurados perceberem a falha, a escola poderá ter sua avaliação prejudicada.

A escola mostrou ainda alas fantasiadas que representaram a imigração dos europeus e japoneses, além da chegada da ferrovia Santos-Jundiaí, retratada no carro "A caminho do progresso".

Caveiras, múmias e alas coreografadas foram algumas das surpresas apresentadas pela Unidos de Padre Miguel. A escola tentou ?assustar? o público com o enredo ?Decifra-me ou te devoro: enigmas ? chaves da vida? com fantasmas e esqueletos dançantes.

Com 2.200 componentes distribuídos em 24 alas, o bonito desfile contou com coreografia de ciganos, carro alegórico com telão de LED e tentou explicar os segredos do corpo humano. Tudo isso em 54 minutos ? a escola teve que acelerar o passo no final da Sapucaí para não estourar o tempo limite, que é de 55 minutos.

Carros com enormes alegorias foram aplaudidos pelo público durante a passagem da escola. Segundo Chico Spinoza, comentarista da TV Globo, "acabamos de ver uma escola se tornar grande com esse desfile?.

Já com o dia claro, a última escola a desfilar pela Série A apresentou o enredo "Continente Negro - uma epopéia africana". Cubango fez um passeio pelas savanas da África e mostrou os beduínos no deserto do Saara além de falar sobre a exploração do diamante e exploração do petróleo no continente.

Na comissão de frente da Cubango, guerreiros representavam a união das forças africanas celebrando o valor e a coragem da raça negra.

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira desfilou representando a divisão africana. A África Negra, predominante na região central e a África Branca, que descende de árabes, berberes e caucasianos.

A escola mostrou ainda danças de diversas tribos do continente africano e lembrou danças e ritmos. NO final do desfile, a lembrança do Mundial de Futebol na África do Sul, em 2010.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES