Gusttavo Lima revela que quase desistiu de cantar: 'Minha cabeça foi a mil'

O cantor falou sobre seu lado empresarial e garantiu não ter todo o dinheiro que as pessoas pensam.

Gustavo Lima | Divulgação
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O cantor sertanejo Gusttavo Lima, de 31 anos, falou sobre carreira, pandemia e infância em entrevista nesta quinta-feira (4). O artista lembrou que perdeu a casa ainda pequeno, aos 2 anos. "A gente morou três meses debaixo de um pé de manga", disse ele, que é o caçula de oito irmãos. "Minha casa pegou fogo. Meu irmão botou fogo brincando. Não tinha energia elétrica, não tinha luz, era lamparina, que você colocava querosene, um pavio e colocava o fogo ali e iluminava a casa inteira a noite toda. Não tinha geladeira. Não tinha fogão. Era fogão à lenha. A carne que a gente comia ficava em uma lata, era carne de porco conservada na manteiga do porco que meu pai trabalhava para comprar e minha mãe colocava um pedacinho no prato de cada um porque se colocasse a mais não dava porque era menino demais. Oito filhos! Era menino para dar com o pau", recordou.

O músico relembrou como se deu o incêdio. "Chegou a lamparina [e ele brincou com fogo] e a parede era de madeira com barro. Mas minha mãe sempre foi muito asseada, cuidadosa. Era uma casinha simples, mas muito asseada e certinha. Foi uma infância difícil, mas feliz. Hoje só tenho gratidão!", afirmou, lembrando, ainda, de quando passou por dificuldade financeira há sete anos. "Em 2014 eu quebrei. Depois de já ser um sucesso nacional, naquele momento também já internacional... Morei de aluguel".

Cantor Gustavo Lima

As perdas não foram só financeiras, mas também pessoais. "Perdi minha irmã em 2012 e a minha mãe em 2015. Foi uma porrada atrás da outra. Quando eu estava fazendo de 30 a 32 shows por mês, estava no interior de São Paulo fazendo show, o telefone toca às duas da manhã. E eu sempre durmo muito tarde. Peguei no sono e meu irmão que trabalhava comigo na época ligou e falou: 'Gustavo, levanta aí que preciso conversar com você. A Luciana, nossa irmã, acabou de falecer'. Fiquei sem reação, sem saber o que fazia. Estava fazendo 30 shows por mês e nem sabia o que estava vivendo porque era praticamente um boneco. Me colocavam em cima do palco e eu cantava. Eu não tinha nem noção de nada e comecei a ver as coisas de uma forma diferente", disse.

Gusttavo contou que ele e a irmã eram muito apegados. "Eu sou o caçula e ela era acima de mim e sou o padrinho da Laurinha, que é a filha dela que quando ela faleceu tinha um ano. Falei: 'cara, do que adianta isso aqui tudo, dinheiro, sucesso? Eu perdi uma pessoa que eu amo...' Cara, não consegui ir no velório da minha irmã. Por quê? Compromisso, agenda. Eu fui ao funeral, mas não fui ao enterro. Porque à noite eu tinha um show para cumprir. Aquele show foi a gota d´água. Ali minha cabeça foi a mil. Não adianta ter tudo se você não está com seu pai, seus irmãos, as pessoas que você ama", lembrou.

O cantor chegou a pensar em deixar de lado sua carreira de cantor. "Falei que não ia cantar mais. Voltei para a casa dos meus pais na roça, em Presidente Olegário (MG). Depois de uma semana, todo mundo estava desesperado, shows vendidos o ano inteiro. Aí chegaram uns cinco atrás de mim e me convenceram de novo. Mas eu estava disposto a abandonar tudo. Naquele momento a única coisa que eu não queria que falassem comigo era de música. A gente só dá valor depois que perde e fica com uma culpa gigantesca, que, se você não tiver Deus e pessoas boas do seu lado, você cai em depressão", contou.

Gusttavo afirmou ter sentido a mesma culpa com a morte da mãe. "Eu estava fazendo um show em Campinas e cinco horas da manhã, meu irmão me liga e fala: 'nossa mãe faleceu'. Foi porrada atrás de porrada. Só que minha mãe foi em 2015 e a minha quebrada [na parte financeira] foi em 2014. Mas, assim... De onde eu vim, de onde eu saí, eu me contento com pouco e com muito. Eu vivo do luxo ao lixo. Eu fui criado no lixo. Comia abóbora com farinha até os sete anos de idade. Meu pai levava carne para a gente comer uma vez no mês. Ele trabalhava fora, ficava um mês fora e a gente comia todo dia arroz com farinha ou feijão com abóbora, enfim, o que a gente plantava ali numa casinha de pau a pique, de palha. Então eu, naquele momento de 2014, falei: 'não tem problema nenhum eu voltar para onde eu vim. Eu já estou acostumado. Isso aqui é fichinha para mim. Se eu tiver que cantar em barzinho de novo, não tem problema'. Mas tinha que ser do meu jeito porque na gestão que estava não estava saudável", recordou.

Gusttavo falou também sobre as lives que fez na pandemia e do DVD que vai gravar no dia 15 de agosto em Boston, nos Estados Unidos. "Quando veio a pandemia e passou a primeira semana, a gente estava sem saber o que fazer porque os eventos foram cancelados, muitos shows com ingressos vendidos e eu vendo alguns artistas fazendo lives nas redes sociais. E oito meses atrás, antes da pandemia, eu transmiti três eventos via YouTube. Era um show sem público e as pessoas começaram a curtir em casa. Falando de uma forma sustentável, a partir do momento que você tira dos artistas sua principal fonte de renda, de uma forma ou de outra, fico muito feliz por ter iniciado um movimento em que vários artistas puderam sustentar suas equipes através dos patrocínios. É muito louco porque as pessoas que te acompanham em casa começaram a te ver de uma forma diferente. As primeiras lives foram extremamente caseiras, do jeito que eu sou, as pessoas puderam ver a verdade do artista", disse.

Questionado sobre as críticas que recebeu por aglomerações nas lives, Gusttavo definiu quem o criticou como "geração mimimi". "As únicas pessoas que eu devo satisfação são as que me amam, que gostam de mim, que compram os ingressos para ver meus shows. Eu devo satisfação a elas. De forma alguma deixei de ser eu nas lives. As penúltimas lives que fizemos, testamos os dois lados: a forma mais normal, caseira e aí rolaram muitos memes na  internet, e as lives profissionais, que eram engessadas. E eu nunca gostei de fazer esse trabalho engessado, mas tenho conta para pagar, tenho funcionário para caramba", disse, aos risos.

Gusttavo contou que não vê a hora de voltar a se apresentar presencialmente. "Acredito que no ritmo que está a vacinação no final deste ano ou início do ano que vem já vamos estar fazendo shows. Mesmo que o ritmo esteja lento, a gente já consegue ver o norte. Os EUA é um reflexo para cá. Em agosto tenho show lá. Se Deus quiser, em dezembro e janeiro vamos estar de volta. Agora é hora de gravar DVD. Porque não vamos viver de live a vida inteira. A live foi um período maravilhoso, mas já deu", opinou.

O cantor falou sobre seu lado empresarial e garantiu não ter todo o dinheiro que as pessoas pensam. "Todo mundo acha que eu sou milionário, eu não sou milionário, não. Eu trabalho para c... Hoje eu tenho 100 funcionários diretamente. Não posso falar para você a planilha mensal de funcionários que você vai cair para trás. Mas essa conta tem que fechar. Preciso trabalhar para colocar dinheiro na mão dessas pessoas que estão comigo. Não é só minha vida, minha família inteira depende de mim", explicou.

Questionado sobre como se descreveria caso um extraterrestre chegasse à Terra e quisesse saber quem é Gusttavo Lima, o cantor respondeu: "Eu ia tomar uma com ele urgente (risos). Vamos ali tomar uma porque ele não me conhece (risos). Acho que eu pegaria um violão e cantaria umas músicas. Eu me descreveria em forma de música porque é a única coisa que eu sei fazer: é cantar, é negociar, essa parte do empresariado que eu adoro. Muitas pessoas já ouviram falar de mim, mas não sabem da minha essência, o que eu passei. Hoje eu estou muito mais apegado às pessoas que convivo, pessoas que eu amo e é isso: 'a vida aqui fora é muito louca'. É muito mais gostoso estar com a família e com as pessoas que a gente ama. Nessa pandemia eu pirei porque ninguém estava preparado para isso. Mas agora só tenho agradecimento e alegria".



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