Musa do verão como 'Jenifer' diz: 'Já fui massacrada por ser gorda'

Aos 38 anos, a atriz comemora o sucesso na pele do mulherão da hora e posa com as cores da moda praia

| Vinicius Mochizuki
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O verão está entre nós há pouco mais de um mês, mas já tem sua musa absoluta. Desencanada, gata, livre... Ela faz umas paradas diferentes que nenhuma outra faz. Assim como a estação mais quente do ano (e por aqui bota quente nisso!), a moça é pura diversão. Sim, estamos falando de Jenifer. Mas por trás da personagem do clipe e música chiclete de Gabriel Diniz, está Mariana Xavier, que, para chegar a dias de céu azul e mares calmos, teve que driblar alguns tenebrosos invernos na vida.

Aos 38 anos, a atriz comemora o sucesso na pele do mulherão da hora e posa com as cores da moda praia na piscina do Grand Hyatt Rio de Janeiro. “Vi mais uma oportunidade de desconstruir o padrão da musa, de quebrar barreiras”, avalia ela: “A Jenifer não foi feita para uma atriz gorda. Pelo que soube, pensaram em outros nomes, inclusive atrizes que estão muito mais dentro desse padrão de beleza. Que bom que alguém pensou em chamar uma pessoa que representasse uma mulher comum”.

Este é o sexto clipe de Mariana. O primeiro surgiu numa brincadeira com um amigo cantor. A visibilidade gigantesca tem agradado o público que acompanha a atriz em seu canal no Youtube, onde ela fala de empoderamento e autoestima. “Estou tendo uma grande conquista e os clipes fazem parte disso: que é pararem de escalar uma mulher gorda só quando o perfil pede uma mulher gorda. Gorda é adjetivo. Não substantivo”, enfatiza.

Nem sempre foi assim. Até os 18 anos, Mariana sequer sabia o que era se preocupar com o peso. Aí começou a engordar. “Fiz muita coisa errada com meu corpo, tomei muito remédio para emagrecer. Dos 18 aos 26 anos, eu era o típico efeito sanfona”, recorda.

O peso da atriz estava na casa dos 50kg até o hipotireoidismo aparecer. Mas não só os hormônios foram os protagonistas dessa trama que nada tem de comédia romântica: “Se hoje falo com tanta propriedade contra essa ditadura da magreza é porque sou vítima dela. Quero evitar que pessoas sofram como eu sofri. Já fui massacrada por ser gorda. Passei muito tempo tentando me encaixar”.

O clique veio aos 26 anos, quando Mari passou a entender os gatilhos que transformaram suas formas e começou a fazer as pazes com o espelho e com ela mesma. “Tomei consciência que meu valor não está no meu corpo. Ele carrega a minha história e minhas escolhas. E isso só diz respeito a mim. Quando tinha 30 quilos a menos, ouvi de um agente que eu estava gorda para fazer televisão”, conta.

Gorda para a televisão

Não foi só do tal agente que ouviu algo doloroso. Nesse período, Mariana estava casada e os quilos a mais pesaram na relação. “No começo, era um relacionamento feliz. Depois, foi bastante traumático. Eventualmente, vinha um comentário: ‘eu te amo, mas sentia mais tesão quando você era magra’”, relembra: “Era um relacionamento abusivo, emocionalmente abusivo. Não era violento. Me sentia desvalorizda não pela minha aparência. Mas por ele torcer contra mim. Minha vida começou a andar de verdade quando me separei”.

Isso foi em 2008. Desde então, Mariana não engatou outro namoro ou casamento. E assim como Jenifer ela está no Tinder. “Não é onde gostaria de estar, mas é uma forma de conhecer gente que eu não conheceria. Se a tecnologia está aí para ajudar, vamos dar essa oportunidade. Mas ainda prefiro a vida real”, observa.

Quem a vê espevitada e empoderada pode imaginar que Mariana pega geral. “Nunca foi a minha. Sempre fui muito extrovertida, mas contrario a expectativa das pessoas nesse sentido. A única vez que beijei duas bocas numa noite, me senti péssima!”, confessa ela.

Cantadas ela está recebendo aos montes. “Algumas até bem inconvenientes”, relata. Mensagens de apoio e agradecimento também. “Não pensei: ‘Vou virar um referencial de autoestima’. Precisei entender que corpo era esse. Falo das minhas experiências para que as pessoas entendam que não estão sozinhas na dor delas”.

Favor não confundir o discurso da atriz com apologia à gordura. “A minha bandeira principal é: empoderamento é liberdade de escolha. Não falo para ninguém vir para o maravilhoso mundo da gordolândia. Minha luta é pelo respeito às pessoas que querem ser felizes como são. Se amanhã eu quiser ou precisar emagrecer, é um direito meu”. O nome dela é Mariana e que bom que você pode encontrá-la até no Tinder.



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