Prova do Enade será amanhã; estudantes planejam boicote

Protestos devem atingir mais as instituições públicas do que as particulares

Estudantes fazem o Enade, em 2009. | Agência Brasil
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O Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes) será aplicado para mais de 650 mil pessoas neste domingo (21), a partir das 13h. Planejado para avaliar o ensino superior brasileiro, o exame é obrigatório para alunos de universidades federais e particulares; as estaduais têm autonomia para decidir se aderem ou não.

A participação do aluno fica registrada em seu currículo acadêmico. Caso não participe, o estudante não pode colar grau e fica impedido de receber o diploma universitário.

Contrários à avaliação, universitários de vários pontos do país planejam boicotar a prova. Aluno do curso de medicina da UnB (Universidade de Brasília), Pablo Valente é um dos que estão escalados para fazer o Enade. Ele, que é um dos diretores do DCE (Diretório Central dos Estudantes) da UnB, entidade que representa os estudantes, disse que deixará a prova em branco, assim como vários de seus colegas.

- O Enade é uma prova que só serve para punir quem vai mal. Ele leva em conta só o aluno e, assim, coloca o peso da universidade todo em cima dele. Não considera a infraestrutura e muitos outros pontos da instituição, que deveriam ser avaliados também.

Jonatas Moreth, aluno do curso de serviço social, também da UnB, afirma que o boicote deste ano em Brasília será menor do que nos outros anos. Ele diz que os alunos têm medo de represálias na instituição, e que a UNE (União Nacional dos Estudantes) adotou uma posição tímida quanto aos protestos no Enade.

Os dois estudantes afirmam que o DCE da UnB deve fazer um churrasco em frente a uma das escolas de maior movimentação, para atrair universitários que queiram boicotar o Enade.

- Por ser obrigatório [o Enade], os professores e diretores das faculdades ficam falando "cuidado, quem não faz a prova, não cola grau". A UNE também não tomou o boicote como uma campanha nacional, o que prejudicou muito o nosso protesto.

O R7 procurou a UNE, mas não obteve resposta até o fechamento da reportagem.

Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a estreia dos alunos do Enade também vai ser marcada por protestos. Vários centros acadêmicos, em conjunto com o DCE, planejam boicotar a prova. O argumento dos estudantes é que o exame é usado como "vitrine" publicitária pelas instituições particulares de ensino.

Aluno de química e um dos coordenadores do DCE, André Guerreiro considera que a adesão ao boicote deve ser grande em Campinas. Ele informa que os defensores do protesto irão passar pelas escolas da cidade para orientar os alunos. A lógica do exame, segundo ele, é incorreta, na medida em que as universidades federais com melhor desempenho recebem mais verba do governo federal.

- As instituições federais que vão mal no Enade recebem menos ajuda. Fazendo uma analogia, seria a mesma coisa que o médico dar um remédio para um paciente que está sadio, e não para o que está doente.

O MEC (Ministério da Educação), no entanto, afirma que não há diferença na quantidade de verba enviada a cada instituição em relação à nota na prova. Segundo a assessoria do ministério, "o Enade é apenas um exame de avaliação da qualidade do ensino".

Particulares

Estudantes de universidades particulares agem com mais timidez quanto ao boicote do Enade, e inclusive pensam em não deixar de fazê-lo. Na PUC-Minas, o DCE orienta a não deixar de fazer o Enade, sob o risco de o estudante estar "sabotando o próprio curso". A entidade avalia que estudantes de faculdades particulares "só saem perdendo" caso deixem de fazer a prova.

- O boicote influencia na nota de participação do curso. Quando prejudica a universidade, prejudica também o aluno. O diploma acaba sendo avaliado no mercado de trabalho pela nota que a instituição recebe do MEC (Ministério da Educação). Se a PUC-Minas cai na nota dada pelo MEC, o nosso diploma vai ter menos valor.

O boicote consiste em entrar na sala de prova, assinar o nome no caderno de questões e entregar o exame em branco, já que não é necessário pontuar. O diretor do DCE da Unicamp orienta os alunos a não faltarem no Enade, já que isso pode significar problemas na hora de retirar o diploma universitário.

Quem vai fazer a prova

As instituições de ensino são responsáveis pelas inscrições dos candidatos ao exame - alunos do primeiro e do último ano dos cursos avaliados em cada edição. As carreiras que têm que fazer o Enem são decididas a cada três anos. Dessa maneira, caso falte à prova, o estudante deverá esperar a próxima avaliação do seu curso para poder fazê-la novamente.

Os cursos de graduação que estão escalados para fazer o Enade em 2010 são: agronomia, biomedicina, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional e zootecnia. Além desses, estudantes dos cursos técnicos de agroindústria, agronegócios, gestão hospitalar, gestão ambiental e radiologia também devem fazer o exame.

O exame possui 40 questões objetivas e discursivas, do tipo que exigem resposta por escrito. Dez delas são de formação geral, comuns para todos os candidatos; outras 30 são de conhecimentos específicos da carreira do aluno. O Enade é igual para ingressantes e concluintes do mesmo curso.



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