Qause 600 faculdades limitam acesso de alunos ao Fies

Governo quer que instituições liberem acesso e faz planos para reduzir inadimplência

|
FACEBOOK WHATSAPP TWITTER TELEGRAM MESSENGER

O governo federal ainda encontra dificuldades para expandir o Fies (Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior). Uma delas é a não adesão das faculdades particulares ao financiamento total para alunos interessados.

Ao menos metade (575) das 1.150 instituições de ensino no Fies contratam uma certa verba no início do ano, e só aceitam alunos até o limite dos recursos combinados com o governo.

A informação foi dada ao R7 por Antônio Corrêa Neto, diretor financeiro do FNDE (fundo responsável pela linha de financiamento). Ele dá um exemplo: a faculdade contrata R$ 50 mil ao ano pelo Fies. Se um aluno de medicina cuja mensalidade custa R$ 3.500 adere ao financiamento, ele vai usar R$ 42 mil da verba anual do crédito da faculdade. Neste caso, a instituição só poderia financiar outro estudante em R$ 8.000, ou seja, a soma das mensalidades não poderia passar esse valor.

Dessa forma, várias universidades preferem limitar o valor total a ser financiado, afirma Corrêa Neto - por exemplo, estudantes só conseguem entrar no Fies para certos cursos, que têm mensalidade mais baixa.

Outra hipótese de restrição é dar o financiamento por um tempo menor do que a duração total do curso.

- A metade das instituições [que adere ao Fies] coloca um teto no valor do financiamento.

Aumentar a participação

Aumentar o número de universidades participantes no Fies e reduzir de 25% para 5% a inadimplência são os outros desafios que estão na mesa de discussão do MEC (Ministério da Educação). Segundo o diretor do FNDE, até outubro estavam listadas pelo MEC 1.473 instituições de ensino superior particulares pelo Brasil, mas só 1.150 aderiram ao Fies.

- A meta é trazer 100% para o programa.

O governo pretende que não apenas todas as particulares contratem a linha de crédito, mas também que aceitem estudantes a qualquer momento do curso e independentemente do valor da mensalidade.

Conquistar o departamento financeiro das universidades implica em outra missão: conseguir com que elas depositem uma verba no Fgeduc, o fundo mantenedor da linha de crédito que permite que os estudantes passem a obter crédito sem precisar de fiador.

Uma das universidades que não abrem todos os cursos para o Fies é a Estácio de Sá; ela libera 85% dos cursos para serem pagos via financiamento. Mesmo assim, a linha de crédito fez sucesso: mais da metade dos alunos que entrou em 2010 - isto é, após as mudanças na taxa de juros, em janeiro deste ano - pagavam a mensalidade pelo Fies.

A Estácio também informou que os dez cursos com o maior número de alunos dentro do programa de financiamento são direito, enfermagem, fisioterapia, medicina, administração, educação física, nutrição, comunicação social, sistemas de informação e ciências contábeis.

Inadimplência

No caso da inadimplência, o primeiro passo para reduzi-la já foi dado pelo governo federal. A redução nos juros - que começaram em 9%, depois caíram para 6,5% e por fim chegaram a 3,4% - colocou a taxa em um patamar "mais razoável", segundo o deputado Paulo Pimenta (PT-RS), que tem projetos de lei sobre crédito estudantil. O valor foi automaticamente aplicado nos contratos antigos, afirma o diretor do FNDE.

- Agora concedemos os mesmos juros e o mesmo tempo de amortização que os contratos novos [para os antigos]. Uma prestação de R$ 480 chega a R$ 180; assim, o estudante recupera a sua capacidade de pagamento e vai poder quitar a dívida em dia.

A inadimplência está em 25% do total de alunos graduados, de acordo com Corrêa Neto. Se o "calote" chegar a um nível entre 3% e 5%, o governo vai conseguir operar o fundo e fazer novos financiamentos, diz ele. Com isso, seria possível aumentar o número de financiamentos para 500 mil por ano.

Para Daniela Pellegrini Nóbrega, presidente do movimento Fies Justo, é preciso ainda que o governo tire a aplicação da tabela price (fórmula com juros compostos para o cálculo das prestações).

- Era justamente quando a pessoa entrava na segunda fase [da dívida] que [o valor da] parcela chegava a duplicar, e o total do devedor aumentava consideravelmente. Você devolveria quase três vezes do que pegou emprestado com a Caixa [Econômica Federal].

Não é possível calcular o financiamento sem a fórmula de juros compostos, mas Corrêa Neto diz que quem quiser refinanciar a dívida deve aproveitar uma ferramenta de simulação que foi lançada recentemente com esta finalidade e está disponível no site do MEC (Ministério da Educação). Depois, é só procurar a Caixa para conversar sobre o alongamento do prazo.



Participe de nossa comunidade no WhatsApp, clicando nesse link

Entre em nosso canal do Telegram, clique neste link

Baixe nosso app no Android, clique neste link

Baixe nosso app no Iphone, clique neste link


Tópicos
SEÇÕES