Short-terno, vestidos e motoqueiros inovam na passarela

Empresário Nelson Alvarenga explica críticas ao calendário da moda

Desfiles | G1
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A riqueza do café inspirou Reinaldo Lourenço, melhor coleção do terceiro dia da São Paulo Fashion Week Verão 2010, desfilada na Faap (Fundação Armando Alvares Penteado) nesta sexta-feira (19). Passarela de palha trançada, frutinhas e flores do café enfeitando as sandálias e estampando minivestidos de cetim, Reinaldo deu seu show de alfaiataria criando uma nova peça: o short-terno belle époque. Um dos materiais mais interessantes usados pelo estilista foi a ráfia vermelha. O final teve vestidos, especialidade de Reinaldo, de tirar o fôlego, misturando texturas como ráfia, seda e linho com alças de contas.

Redescobrindo os justos

Este verão é o da redescoberta do corpo, que se reconcilia com os justos e toda a forma capaz de libertá-lo, do legging aos vestidos curtos de saias rodadas ou fluidos dançantes. A Carlota Joakina, criada por Camila Bertolote e Marilia Biasi, entrou na passarela como se estivesse num parque aquático. Com collants que aos poucos se transformaram em vestidos futuristas inflados em neon. Bonitos e bem-humorados o efeito das pequenas lâmpadas de leds nos coletes, a pantalona transparente e a brincadeira da bolsa e do cinto em forma de boia. Cores: branco, nude, violeta, azul marinho, preto e fluo.

Cai nos vestidos, gata!

Fabia Bercsek explica por que batizou sua coleção de Hard Couture. ?É muito duro colocar uma coleção na passarela, não só economicamente. É meu décimo nono desfile e eu já estou me acostumando?, disse Fabia, que ilustrou a camiseta da Campanha do Câncer de Mama. ?Em ritmo frenético a moda é uma dança. A gente gira, a gente cai, a gente se liberta. A minha coleção traduz a minha personalidade. Podem me chamar de louca. A peça que eu mais gosto é um vestido com um desenho que eu fiz. Cada imagem que crio tem uma história. As coisas vêm na minha cabeça e vou passando para o papel. Nasce, sai de mim, eu tô pagando, é tudo meu... ?, brinca Fabia, que gosta do rosa mas sem o clichê da delicadeza. Apostas: o vestido coluna longo de malha com babados enviezados. ?Cai nos vestidos, gata, que não tem erro. O vestido é a alma da mulher?.

Mil folhas com sorvete de creme e calda de frutas

A estilista Karen Fuke, da Triton, foi ao baú da marca e da própria avó para se inspirar. Resultado: de fotos antigas, diários de escola e de uma época, que ela chamou de ?jardim das delícias?, surgiram lolitas em vestidos com ar de camisola, pequenas e grandes flores estampadas, chapéus que lembram os de bebê numa coleção feminina, cheia de lacinhos e sensual sem ser vulgar. Karen definiu o vestido preferido, que encerrou o desfile, como um mil folhas com sorvete de creme e calda de frutas.

Ellus motoqueira

Andaimes iluminados com neon, foco de luz passeando pela passarela e pela platéia, a Ellus entrou em campo com espírito motoqueiro, em jeans brancos e manchados, meninos e meninas de luvas. Vestidinhos soltos, macacões, agradou com a aplicação de ilhoses nos vestidos e as botas (veja vídeo abaixo). Nos bastidores Nelson Alvarenga, presidente da marca e sócio que detém hoje 50% da InBrands, holding responsável por Alexandre Herchcovitch, Isabela Capeto e pela São Paulo Fashion Week, falou de sua visão de um mercado que se mantem promissor em tempos de crise.

Às vésperas da São Paulo Fashion Week, Nelson Alvarenga criticou o calendário dos desfiles. Mantém-se firme na convicção de que final de outubro e início de novembro são bons momentos para se lançar o inverno enquanto abril seria indicado para o verão. ?Não inventamos a roda. É só seguir o que já está sendo feito globalmente. Antigamente, em outubro, tínhamos a Feninver no Hotel Laje da Pedra, em Canela, com os lançamentos de inverno. Precisamos de tempo de logística para planejarmos a estação?, afirmou, referindo-se ao pouco tempo existente entre o lançamento de uma coleção e sua chegada às lojas um mês depois. Fora do Brasil esse prazo é de cinco meses.

?Temos duas bolas, mas nenhuma é de cristal. O mercado da moda brasileira é 98% nacional, não tem sentido querer fazer agora um calendário voltado para fora. Quem quiser fazer seu lançamento para o mercado externo que faça. Para mim, o verão deveria ser lançado no máximo em abril?.

Um dos objetivos da InBrands, segundo Nelson, é realizar uma bolsa de negócios da moda. ?Temos um compromisso com a Firjan (Federação das indústrias do Estado do Rio de Janeiro) de manter um evento de business [negócios] no Rio. Está nos nossos planos fazer uma bolsa em São Paulo. Vamos reorganizar isso. Já tivemos uma Fenit com os famosos desfiles da Rhodia, nosso mercado é grande e com a InBrands vamos estruturá-lo. Pegamos o Fashion Rio para fazer a apenas seis semanas da data marcada para ele começar.?

Para Nelson Alvarenga, a crise não está afetando a moda. ?Os department stores[lojas de departamento] populares, tipo Renner ou C&A, tiveram que apertar o crédito. Com a desvalorização do real, as pessoas pararam de viajar para fora do Brasil e o turismo nacional cresceu 20%. Além disso o consumidor passou a comprar mais aqui. A InBrands vai crescer, mas é preciso gerir bem. Precisamos amadurecer uma geração de gestores. O maior problema é gente. Precisamos preparar muita gente boa. Entramos no mercado para crescer e para ser um player global. Estamos na 27ª edição da São Paulo Fashion Week, que a cada ano vai amadurecendo com as críticas.?



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