Advogada Paula Lima: Mediação é fundamental no mundo

Inspiração para futuros advogados, Paula Lima mostra um lado humano, sereno e altamente eficiente.

A advogada Paula Luzia Lima dos Santos nasceu no dia 1º de fevereiro de 1990. O nascimento complicado lhe deixou com uma paralisia cerebral, coisa que nunca atrapalhou o desenvolvimento desta mulher forte que atua como mediadora judicial. Com um currículo extenso, Paula Lima mostra para NOSSA GENTE que é preciso criar pontes por cima de obstáculos.

 Graduada em Direito por uma faculdade particular, além de pós-graduação em Direito Tributário pela Assembleia Legislativa do Piauí - ALEPI, ela coleciona títulos na área de mediação. Atualmente ela trabalha como mediadora judicial no Tribunal de Justiça do Piauí, onde atende diversas demandas, principalmente do âmbito familiar.


Vontade de combater as injustiças

Paula atua no Cejusc Grau I e Cejusc Grau II, que compreendem processos pré-processuais, extrajudiciais, além de processos judiciais no primeiro e segundo graus. Paula também é conciliadora na Justiça Federal, trabalhando na área de benefícios e aposentadorias.

 A vontade de ser advogada veio desde criança. A vontade era combater as injustiças. Mostrando um lado humano, sereno e altamente eficiente, Paula Lima é uma advogada de mão cheia. A arte de facilitar o diálogo mostra o outro lado do juridiquês, marcado por uma série de formalidades e um judiciário abarrotado.

 Paula Lima é uma inspiração para futuros advogados e para aqueles que veem obstáculos demais pelo caminho. A advogada mostra um caminho trilhado em força de vontade e competência.



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““Faltam mediadores no cotidiano, com a essência da mediação. O acordo não é só de papel, que por vezes é infrutífero. Satisfação, para mim, é ver as duas partes resolvidas”"
Paula Lima

JMN: Qual conselho você dá para quem quer seguir a área de mediação?

PL: Os novos advogados precisam ser colaborativos. É preciso perceber várias vias de resolução de conflitos, seja de forma judicial ou extrajudicial. Temos um sistema multiportas.

JMN: Quais os casos mais complicados?

PL: Guarda de filho. Envolve muito os pais, os filhos e o lado emocional. É bem complicado, mas dá para resolver. Não é um dinheiro, é uma pessoa. O que importa é a vida dos filhos. O casamento pode se desfazer, mas os filhos permanecem e fica o laço para sempre.

JMN: Então precisa ser bem humano na hora das mediações…

PL: Sim, apesar de termos que manter a técnica. O mediador não pode opinar em nada. Ele precisa demonstrar as vias para ambas partes, de forma solidária e imparcial. Tem que ter o emocional em dia.

JMN: Você já teve casos emblemáticos?

PL: Eu presidi uma sessão de um pedido de divórcio consensual, para dividir bens. Mas no decorrer da mediação eles perceberam que só precisavam ouvir um ao outro. Em virtude do tempo, já haviam passado três horas, suspendi a sessão. Então nós remarcamos, porque eles tinham bens a participar. Mas quando eles voltaram na semana seguinte eles reataram! Perceberam que só precisavam de atenção.

JMN: Hoje vivemos um mundo muito dividido, é tudo em dois: esquerda e direita, azul e vermelho. Falta mediação?

PL: Com certeza. Além do diálogo. Faltam mediadores no cotidiano, com a essência da mediação. O acordo não é só de papel, que por vezes é infrutífero. Satisfação, para mim, é ver as duas partes resolvidas. Não existe autor e nem réu na mediação. Então isso que é positivo.

JMN: Qual o retorno das pessoas que você atende?

PL: As pessoas ficam satisfeitas. O resultado é bastante positivo. Acontece muito das pessoas virem quando acaba a sessão para agradecer.

JMN: Você enfrentou dificuldades em sua formação por conta da acessibilidade?

PL: Na minha trajetória eu sempre tive minha mãe, que via locais com acessibilidade. Mas eu nunca vi empecilho em nada. Tudo que eu quis na vida eu fui lá e fiz. Eu fazia uma ponte por cima de obstáculos. Levo isso para minha vida profissional. No caso, sofri negligência médica no parto. Durante a gestação ocorreu tudo normal, mas no momento do parto queriam que minha mãe tivesse parto normal. Passou muito tempo da hora de nascer. No momento do parto, duas semanas antes, rompeu a bolsa e levaram ela para casa. Quando viram que não tinha mais jeito fizeram o parto. Quando nasci, não chorei. Então não tive oxigenação e fiquei com paralisia cerebral.

JMN: Com o judiciário abarrotado, seu trabalho é fundamental. Como você analisa isso?

PL: É verdade. Porque com a mediação você procura o verdadeiro diálogo. Porque o diálogo não é só ouvir. É ouvir, entender e direcionar vias de resolução.

JMN: Que demandas mais chegam para você?

PL: Os casos que mais chegam são a área de família, empresarial, consumidor. Em verdade, todas as áreas. Eu facilito o diálogo. Entendo o conflito e dou a oportunidade de vários caminhos.

Jornal Meio Norte: Você sempre se interessou pela área jurídica?

Paula Lima: Sim. Desde criança. O que me motivou à área jurídica eram as injustiças. Principalmente o preconceito. Procurei sempre atuar e observar o Direito. Hoje atuo na área de mediação e estou muito feliz com isso, porque sei que de certa forma estou fazendo minha parte.

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