Celso Barros Coelho: Referência no cenário jurídico e político

O jurista prestou assessoramento jurídico na elaboração das constituições do Piauí, Maranhão e Tocantins. Foi assessor jurídico do Ministério da Educação e tem currículo reconhecido nacionalmente

Aos 98 anos, o advogado, intelectual, professor e político brasileiro Celso Barros Coelho construiu uma longa e bem-sucedida carreira. Foi deputado federal pelo Piauí, professor da Universidade Federal do Piauí e presidente por cinco mandatos da Ordem dos Advogados do Brasil, sendo um dos juristas mais importantes do país, servido como referência tanto no meio jurídico quanto político até os dias de hoje

Celso Barros nasceu em Pastos Bons, Maranhão. Em  1952,  graduou-se  pela Faculdade de Direito do Piauí.  O jurista prestou assessoramento jurídico na elaboração de três Constituições estaduais (Piauí, Maranhão e Tocantins). Foi assessor jurídico do Ministério da Educação e possui um longo currículo reconhecido nacionalmente, além de dezenas de obras publicadas, tanto na área literária, como filosófica e jurídica.  O advogado reside atualmente em Teresina e é avó do atual presidente da OAB-PI, Celso Barros Coelho Neto, e pai da também advogada Karine Barros Canabrava,do juiz Celso Barros Filho, Maria Eugênia Coelho Santana, que é procuradora do estado e ainda do procurador José Newton Freitas Coelho que também é professor da UFPI.

Na Câmara, Celso Barros apresentou projetos de interesses nacionais

Sua capacidade de falar e expressar-se com desenvoltura o levou à Política. Em  1964, teve seu mandato cassado pela Assembleia Legislativa, por imposição da ditadura militar implantado no país. Ficou afastado da atividade política por 10 anos. Em 1974, elegeu-se  deputado federal (1975-1979). No pleito seguinte, 1978, foi ainda o candidato a deputado federal mais votado, mas não foi diplomado. Ocupou, novamente, a Câmara Federal no período de 1983-1987.

Respaldado pela exuberante cultura jurídica e privilegiada inteligência, teve no parlamento nacional, uma atuação das mais significativas e marcantes, apresentando projetos de magnos interesses nacionais. O deputado Celso Barros era uma figura sempre em evidência, participando dos grandes debates de temas nacionais. Foi um dos relatores do atual Código Civil, a convite de Tancredo Neves, colega de Parlamento, entre tantas outras contribuições.



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“"A Justiça é o esteio de garantia da sociedade, que espera nela uma participação efetiva no sentido de coibir os abusos e os desvios que se operam na administração pública""
Celso Barros

Jornal Meio Norte: Quando surgiu o interesse pela área do Direito? Como foi participar de momentos tão importantes e decisivos para a história do país?

Celso Barros:  Meu interesse pela área surgiu quando eu vi as sábias lições dos professores da Faculdade de Direito, ouvindo essas lições eu descobri no Direito a riqueza e sua contribuição para aperfeiçoamento e equilíbrio da sociedade. Quando foi remetido ao Congresso Nacional o projeto de Constituição emanado do poder Executivo, tive a oportunidade de participar da discussão do seu texto. Não cheguei a participar da elaboração do texto da Constituição, porque não fui reeleito para aquele período, mesmo assim foi me dado a oportunidade de participar da discussão na imprensa e nos jornais sobre a importância do projeto que se estava elaborando. Esse projeto dava uma nova dimensão à Constituição brasileira, integrando-a nos princípios e valores que combinavam o seu texto e discutiam as suas ideais que nortearam a sua elaboração.


JMN: Qual a importância da OAB na sua vida? Como defende que seja a posição da Ordem dos Advogados?

CB: A Ordem dos Advogados teve muita importância na minha vida, sobretudo, na fase em que eu tive que dirigi-la em um dos momentos mais difíceis do país. Hoje vejo a OAB como uma organização exemplar, permanente, destinada a defender os princípios da justiça, da liberdade e da democracia. A sua voz é autorizada em todo país e ela é ouvida com respeito e admiração pelas relevâncias prestadas em defesa dos princípios da democracia e da liberdade. Exerci a presidência da Ordem por 10 anos, durante todo período militar. Como haviam restrições a atividade do advogado, tivemos que, de certa forma, orientá-los no sentido de defender os princípios da democracia, da liberdade e da justiça, procurando defender aqueles que o regime militar perseguia e que encontrava na pessoa do advogado o único princípio de defesa que eles necessitavam naquele difícil momento. No presente momento, vejo a Ordem integrada na sua grande missão de defesa da liberdade, nos princípios constitucionais de Direito e da grande defesa da democracia. A Ordem é um exemplo de vida e de trabalho e agora se torna uma instituição da maior credibilidade possível, porque ela está sempre atenta na defesa dos princípios da democracia e do direito.


JMN: Qual o papel do advogado em meio a esse período de pandemia?

CB: Neste período de pandemia é muito importante a participação do advogado que deve estar solidário com o sofrimento daqueles que são acometidos por esse grande mal que dominou a humanidade. A sua presença é confortadora, o seu trabalho é importante e a sua participação é indiscutível e necessária. A Ordem é uma instituição que tem por princípio a defesa da pessoa humana, a defesa da vida e a defesa da liberdade, portanto a sua presença é indispensável para que ela contribua efetivamente para o bem da humanidade nesse momento difícil da sua história e da sua vida.


JMN: De que forma tem passado esses dias de isolamento social?

CB: Estou enfrentando a pandemia com muita paciência. Eu estou muito bem, mas acompanho com tristeza as notícias sobre as mortes. É uma crise universal, que faz com que todos nós sofremos, quando atinge a nossa família ou mesmo pessoas estranhas a nós.


JMN: O que o senhor diria para quem está começando agora no Direito ou é um advogado recém-formado?

CB: Aos advogados que estão começando a sua vida profissional eu recomendo que sigam o exemplo dos mais velhos e experientes advogados e se entreguem a uma leitura permanente para compreensão do direito e compreendam a grande responsabilidade que assumem perante a sociedade e os interesses populares.


JMN: Como avalia sua passagem pelo meio político?

CB: A minha passagem no meio político como deputado federal foi para mim um grande desafio, tive que solidarizar-me com as causas populares, sendo por esse meio mal compreendido e interpretado pelo movimento militar que me cassou o mandato, eu dei durante minha atividade de deputado um exemplo de trabalho, dignidade, independência e de amor à causa pública. Cumpri fielmente o meu dever de homem público e deixei para as gerações futuras um legado apreciável que me honra a minha participação no cenário político nacional.


JMN: Como o senhor vê a questão da injustiça e principalmente da Justiça dominada por interesses individuais?

CB: Infelizmente, nós verificamos que muitos juízes julgadores se desviam de suas funções para atender a interesses pessoais. Dessa forma, eles dão mau exemplo na conduta da sua atividade. Devemos apelar para que a Justiça assuma uma posição correta, digna e independente para que a sociedade encontre nela o apoio às suas tantas objetivas e realizações. A Justiça é o esteio de garantia da sociedade, que espera nela uma participação efetiva no sentido de coibir os abusos e os desvios que se operam na administração pública.


JMN: Qual o momento mais marcante de sua carreira profissional?

CB: Um dos momentos mais significativos da minha atividade de advogado foi quando depois de formado comecei a participar de grandes debates das sessões de Júri, nelas me destaquei pela maneira como eu defendia ou acusava os criminosos que eram julgados naqueles momentos.


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