Luciano Uchôa é bem mais que um aventureiro do Piauí

Seja promovendo corridas ou contando histórias no programa Caminhos & Trilhas, Luciano é um nome presente no ecoturismo do Estado

Lucrécio Arrais

Do Nossa Gente


Um aventureiro de alma e coração. Luciano Uchôa Fraga Leitão, nascido em Recife no dia 7 de dezembro de 1971, é apaixonado pelo Piauí. E é por aqui onde ele traça e divulga novas rotas de turismo, seja através das corridas que promove ou quando apresenta o programa Caminhos & Trilhas, da Rede Meio Norte, levando o nome do Estado para todo o Brasil.

Formado em Engenharia Civil, Luciano nunca parou de estudar. Ele cursa Turismo na Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e é mestrando em Meio Ambiente na Universidade Federal do Piauí (UFPI). As informações afins mostram que Luciano busca aliar o conhecimento técnico à prática com uma ampla base acadêmica.

Talvez seja essa a fórmula do sucesso das corridas que o aventureiro promove. Com inscrições esgotadas meses antes da realização, mesmo em um contexto de pandemia. Além disso, a missão de contribuir com a produção de Juarez França também é feita com excelência por Luciano Uchôa, que conta com o apoio de Clarissa Andrade nas filmagens dos episódios especiais para o Caminhos & Trilhas.

O interesse em cultivar o instinto aventureiro chegou de forma simples a Luciano, que trabalhava como engenheiro e fez rapel na própria obra. Depois disso, ele nunca mais parou. A pé, de bike ou de caiaque, Luciano está sempre com uma câmera na mão e uma ideia para realizar na cabeça.

Do ramo de eventos para a televisão, da aventura para o turismo e a divulgação do Piauí. Ele não para em uma jornada que, como mesmo define, não tem fim.


Jornal Meio Norte: Quando você começou a se interessar por aventuras?

Luciano Uchôa: Sempre fui adepto das práticas esportivas, tendo o basquete na adolescência e o ciclismo/triatlo na fase adulta, mas com relação à aventura mesmo, lembro muito bem como começou. Eu tinha uns 30 anos à época e trabalhava em uma construtora quando um amigo que eu não via há anos me procurou para pedir autorização para a prática de rapel em um prédio que eu estava construindo. Logo falei que não só permitiria como também gostaria de me juntar a eles nesta prática. Foi “amor à primeira vista” e passei, a partir daquele encontro com a emoção, a viajar para diversos lugares, sobretudo pelo Piauí, para realizar um sem-número de expedições e aventuras.



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“Em 2018, recebi um convite da Rede Globo para dar um apoio logístico ao Clayton Conservani que pretendia vir ao Piauí gravar um programa para o Esporte Espetacular e o tema era: Uma corrida a pé pelo menor litoral do Brasil"
Luciano Uchôa

JMN: Vez ou outra você também está no programa Caminhos & Trilhas da Rede Meio Norte. Como é essa visibilidade?


LU: O Caminhos & Trilhas, comandado pelo amigo Juarez França, é um programa ícone da televisão piauiense. Um programa que tem mais de 16 anos mostrando a cena cultural, ambiental e esportiva do Estado, sendo que ele revolucionou o formato de como se produzir um programa de TV com seu jeito de formatação inusitado e descontraído, aproximando-o fortemente do telespectador. Tenho muito orgulho de participar desse programa e acho que o Piauí, melhor dizendo os governantes nas esferas estaduais e municipais, têm um grande débito de gratidão para com o programa, programa este que vai além de apresentar os recôncavos mais remotos e belos do Estado, sendo na verdade uma força impulsionadora para a elevação da autoestima do piauiense

JMN: O Piauí é mesmo um Estado de aventuras? Por quê?

LU: Ao longo dos últimos 20 anos venho desenvolvendo atividades de ecoturismo e turismo de aventura pelas belíssimas paisagens do Estado do Piauí, estado este que detém 12,5% de seu território composto de Unidades de Conservação ambientais. São 04 Parques Nacionais, diversos outros estaduais, como o Canion do Rio Poti, assim como Áreas de Proteção exuberantes, como o Delta do Parnaíba. Tais atributos de paisagens naturais colocam o Piauí nesta vocação natural para o Ecoturismo e Turismo de Aventura. No entanto, é importante mencionar que o turismo não traz somente coisas boas, mas quando mal planejado pode acarretar enormes danos sociais e ambientais. Hoje tenho plena convicção que as dificuldades de acesso ao nosso litoral e a tantas outras regiões turísticas do nosso estado, acabaram trazendo uma proteção frente a um turismo predador. Com isso, urge que possamos ter uma forte política pública de proteção à natureza, mas também para as comunidades tradicionais existentes nos atrativos turísticos, para que possamos ter um desenvolvimento pautado nos anseios da sustentabilidade.

JMN: Como fomentar o turismo de aventura no Piauí?

LU: Primeiro é importante haver uma política que preze pelo planejamento turístico, tal mecanismo é de fundamental importância para a proteção dos lugares visitados. Dentro deste planejamento está incluído a inventariação turística, ou seja, o levantamento dos principais atrativos (e suas estruturas do entorno) que tenham a conotação para a prática do Turismo de Aventura. Com um planejamento bem-feito e a estruturação dos lugares turísticos, passaríamos à promoção dos atrativos através de uma política pautada pelos princípios do turismo sustentável.

JMN: Você é conhecido em toda a cidade por organizar corridas de aventura. Como é feito esse trabalho?

LU: Em 2013, em uma das expedições a Pedro II, ao nos depararmos com uma beleza indescritível à nossa frente, decidimos que teríamos que proporcionar a mais pessoas uma vivência como aquela. Surgiu uma trail run, uma corrida em trilhas, na região. Essa, a prova em Matões, foi a primeira de trail run no Piauí e hoje se posiciona como uma das provas mais requisitadas do Nordeste e a isto, muito se deve por uma peculiaridade presente no evento. Em Matões, já a partir da segunda edição em 2014, resolvemos fazer um encontro entre a cultura e o esporte. Inserimos um saxofonista posicionado à beira de um mirante na última subida da prova. E foi encantador! Os relatos pós-prova foram emocionantes, pois ninguém esperava por aquela apresentação feita em um ambiente tão surreal, longe dos palcos de um teatro. Desta maneira, de 2014 para o corrente ano, a inserção cultural teve um salto exponencial passando de 1 artista nos idos de 2013, para 60 em 2019, tornando essa prova um grande encontro entre o esporte, a música e a natureza.  Em 2018, recebi um convite da Rede Globo para dar um apoio logístico ao Clayton Conservani que pretendia vir ao Piauí gravar um programa para o Esporte Espetacular e o tema era: Uma corrida a pé pelo menor litoral do Brasil. Como eu já tinha feito os 66 km que compõem a costa piauiense de bike e mesmo a pé, topei o Desafio e para além do apoio logístico que fiz, acabei correndo com ele. O programa ficou espetacular e quando os atletas de Matões viram, logo me pediram uma prova naquela linda região. E daí surgiu, em 2019, a primeira corrida no Delta do Parnaíba, uma trail que percorreu todo o litoral do Piauí, nas distâncias de 12km, 24km, 45km e 66km e foi um sucesso. Nela, também houve uma forte inserção cultural, tornando-a também, como Matões, uma prova extremamente desafiadora, mas coberta de charme. Para proporcionar tudo isso temos uma logística e estrutura de prova. Grupos de staffs qualificados e treinados, socorristas capacitados ao logo da trilha e até apoio aéreo fazem parte da nossa estrutura, além de uma forte presença e apoio das comunidades rurais por onde a prova passa, no caso de Matões e das comunidades litorâneas, no caso do Delta. E o nosso carinho e agradecimento a estes moradores locais refletem numa forte política de ações sociais como os programas: O Desafio é pela Educação! e O Desafio é pela Sustentabilidade! Programas estes de apoio e fomento à leitura e de educação ambiental nas comunidades localizadas nas regiões que compõem a prova. Portanto, creio que estes dois eventos, somados ao Desafio Serra da Capivara, previsto para 2022, podem ajudar o Piauí no posicionamento  turístico que tanto anuncio, qual seja:  Piauí, Estado da Aventura e da Cultura!

JMN: E pelo turismo?

LU: A aventura para o turismo foi um pulo. Afinal, a própria ação de realizar expedições em meio à natureza compõe uma possível prática de ecoturismo e turismo de aventura. Comecei a perceber nestas andanças pelo Piauí, o quão ele é rico e exuberante e que sim, o Estado poderia, para além da vocação natural, ser de fato uma região que implemente políticas públicas com foco no ecoturismo e no turismo de aventura, segmentos estes que têm forte conotação com a proteção ambiental e das comunidades tradicionais. Com esta visão e cada vez mais envolvido com as atividades turísticas, resolvi cursar Turismo na UESPI, curso este que me encantou. Como a minha predileção no turismo é o ecoturismo, segmento este que busca uma visitação mais ética e protetiva nos ambientes frequentados, resolvi me aprofundar na questão do desenvolvimento sustentável e, com isso, tentar uma vaga para o Mestrado em Meio Ambiente na UFPI, o qual foi aprovado no início deste ano.

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