Luciano Uchôa promove turismo, esporte e cultura do Piauí

Para o engenheiro Luciano Uchôa, a conscientização é fundamental, mas também a implantação de políticas públicas voltadas para a defesa do meio ambiente e a implantação de fiscalizações rotineiras

Aos 48 anos, o engenheiro civil Luciano Uchôa é um apaixonado pelas questões ambientais e pelo turismo de natureza, por isso mesmo decidiu voltar para universidade e fazer Turismo na Universidade Estadual do Piauí (Uespi). Nascido em Recife, mas com um ano de idade veio morar em Teresina com seus pais. Com tanto tempo de vivência na capital, Luciano se considera mais piauiense do que pernambucano. 

Luciano é responsável por idealizar “O Desafio Delta do Parnaíba”, evento que congrega esporte, cultura e meio ambiente. Ele surgiu em 2019 e foi realizado no dia 16 de novembro como fruto de um trabalho realizado há 8 anos na Serra dos Matões, em Pedro II. Lá, na “terra da opala”, o nome do projeto é Desafio Serra dos Matões, e teve sua primeira edição em 2013. O diferencial destes dois projetos é que eles fazem uma inserção maciça de arte e cultura em meio a um evento esportivo de corrida em trilha que é realizado sempre em locais com paisagens deslumbrantes.

Desafios têm pegada forte com as questões culturais e ambientais

A inserção cultural que ocorre no Desafio Serra dos Matões é feita através da música, das manifestações culturais e por meio de performances artísticas que ocorrem em locais inusitados, desafiadores, em meio aos cumes das grandes subidas, ao lado de cachoeiras e também nas comunidades rurais remotas. No Desafio Delta do Parnaíba, a arte se faz presente nas belíssimas praias e dunas que compõem o litoral piauiense e que serviram de cenário, ano passado, para atletas vindos de várias partes do Brasil que aportaram no Piauí com o intuito de percorrer, a pé, a integralidade da nossa faixa litorânea.

A evolução da presença cultural cresce a cada ano. Para se ter uma ideia, a edição de 2014 do Desafio Serra dos Matões teve a presença de 6 músicos presentes nas trilhas, já em 2019 foram 70 artistas espalhados por cerca de 21 km de trilhas. Este crescimento exponencial foi possível a partir do momento que recebemos um apoio da Secretaria de Cultura do Estado, através do secretário Fábio Novo. Mas os Desafios também têm uma pegada forte com as questões ambientais.



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““A sustentabilidade ambiental ocorre quando podemos usufruir de um bem natural, como uma cachoeira, uma mata, um rio, etc, mas, ao mesmo tempo, empregamos esforços para que as futuras gerações também possam usufruir de tais elementos da natureza”"
Luciano Uchôa

JMN: Como seria um mundo ideal para você e o que espera das próximas gerações?

LU:  O mundo ideal é onde haja respeito entre os povos, que não haja preconceito nem discriminação.... um mundo onde o ser humano possa efetivamente realizar ações para a preservação da natureza e para a diminuição das desigualdades sociais. Não haverá paz social no Brasil, por exemplo, enquanto persistir a realidade do brutal abismo social em que nos encontramos, onde cerca de meia dúzia das pessoas mais ricas detém a riqueza de metade da população mais pobre brasileira. Espero que a nossa geração e as futuras possam fazer algo a respeito disso.

JMN: O que significa viver tantas aventuras em meio à natureza e esportes?

LU: Significa um redirecionamento dos objetivos de vida, passando a valorizar as coisas mais simples que a natureza nos oferta. É um novo estilo de comportamento que preza pelo respeito ao meio ambiente e aos povos de uma maneira geral. Praticar o ecoturismo é fomentar o amor dentro de si mesmo.


JMN: Qual sua relação com o esporte, em especial o atletismo?

LU: Desde a adolescência, gostava de praticar esportes, naquela época era o basquete, já adulto passei a praticar as atividades físicas em meio à natureza e me apaixonei de cara. Hoje gosto de praticar canoagem, corridas em trilhas, trekking, mountain bike, dentre outros esportes. Os ganhos são imediatos, pois sair das cidades, das aglomerações urbanas, para fazer uma caminhada na mata, uma remada em um rio ou uma subida no cume de uma serra, ou simplesmente contemplar uma cachoeira, lhe traz uma paz e um bem-estar, tanto para o corpo, quanto para a mente. É preciso que o ser humano, mesmo vivendo em cidades, volte com frequência à natureza que sempre foi, por milhares de anos, o seu habitat natural.

JMN: O que pode ser feito para combater lixos em praias e rios do Piauí?

LU: A conscientização é fundamental, mas também a implantação de políticas públicas voltadas para a defesa do meio ambiente e a implantação de fiscalizações rotineiras. Vejamos o nosso rio Parnaíba. Ele nasce na Chapada das Mangabeiras, no extremo sul do Piauí, lá suas águas são límpidas, mas durante deu percurso de 1.500 km até a sua foz, ele vai recebendo uma enormidade de entulhos e esgotos que deixam suas águas poluídas. Em resumo, quanto mais longe do ser humano, melhor para a natureza. Portanto, urge que demos uma basta a esta dinâmica de destruição da natureza.


JMN: Quais os desafios para buscar a sustentabilidade?

LU: Sim, há um desafio em busca da sustentabilidade. Veja, numa explicação simples e concisa, a sustentabilidade ambiental ocorre quando podemos usufruir de um bem natural, como uma cachoeira, uma mata, um rio, etc, mas, ao mesmo tempo, empregamos esforços para que as futuras gerações também possam usufruir de tais elementos da natureza. Mas o conceito de sustentabilidade vai para além do natural e permeia também o social, ou seja, tem-se aí a sustentabilidade social que tem como busca a melhoria da qualidade de vida da população e diminuição das desigualdades sociais.


JMN: Como funciona o projeto na região do Delta?

 LU: No litoral, vimos que a maior ilha do Delta do Parnaíba, a Ilha Grande de Santa Isabel, estava tomada por lixo, um lixo que vinha sobretudo por meio das correntes marítimas e que era depositado pelos 24 km de sua extensão, ou seja, por uma faixa que representa 36% do nosso litoral. Tal fato nos motivou a realizar no Sebrae Parnaíba um ciclo de palestras com o tema: O Impacto do Lixo Marinho e no dia seguinte uma ação de limpeza das praias que contou com a mobilização de cerca de 200 pessoas e onde foram retirados cerca de 2 toneladas de resíduos sólidos das areias das praias. Na Serra dos Matões a nossa preocupação reside na proteção das cachoeiras e das nascentes que as abastecem, neste intuito realizamos anualmente palestras educativas nas comunidades rurais detentoras dos atrativos, procurando sensibilizá-los e emponderá-los para se fazerem presentes na luta ambiental.

Jornal Meio Norte: Quando e por que decidiu se envolver em trabalhos relacionados ao meio ambiente?

Luciano Uchôa: No final da década de 90, ou seja, há mais de 20 anos, alguns amigos que eu não via há muito tempo, vieram pedir para fazer uma descida de rapel em um prédio em construção, onde eu era o engenheiro responsável. Claro que autorizei a prática e acabei indo com eles para este rapel, que foi o primeiro de muitos que se seguiram. Com o passar dos anos, passamos a percorrer muitas localidades no Piauí com o intuito de praticar Mountain Bike, Rapel, Escalada, Trekking, dentre outros esportes, sempre em lugares belíssimos de norte a sul do Estado, o que estreitou o meu contato com natureza e com as populações rurais das regiões visitadas. Este contato do esporte com o meio natural e com um povo acolhedor do interior logo cria uma empatia e um carinho forte pelo lugar e sua gente, o que favorece e estimula as práticas e ações que visam a sustentabilidade ambiental e social.


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