Quadrinhos de Leno Carvalho são reconhecidos nos Estados Unidos e Europa

Trabalho de Leno Carvalho deve ganhar as telinhas sob as lentes do cineasta norte-americano Steven Spielberg

Leno Carvalho é quadrinista. Nascido na cidade de Duque de Caxias, baixada fluminense, Rio de Janeiro, tem raízes nordestinas, pois a família é de Teresina. Além, é claro, do artista morar na cidade há 22 anos. A obra do quadrinista tem reconhecimento no mercado americano e europeu, e deve ganhar as telinhas sob as lentes de nada mais nada menos que o cineasta norte-americano Steven Spielberg.

Leno começou a carreira ainda adolescente, aos 17 anos, enviando peças que desenhava para agências. Hoje ele luta para lançar o quadrinho The Rift, produção lançada nos Estados Unidos e Europa, em solo tupiniquim, através de uma plataforma de captação de recursos.

Apaixonados por quadrinhos fazem questão da revistinha impressa

Em meio a um mercado em ascensão nas terras do Tio Sam, os quadrinhos brasileiros terminam perdendo espaço e se transformando em livros com coletâneas de histórias. Mas os apaixonados por esta arte tão fascinante ainda resistem bravamente nas chamadas comic shops, vendendo as revistas, livros e materiais de fãs. Por outro lado, lá fora a coisa fervilha. Já pensou em pagar a hipoteca da casa com uma revistinha? Os colecionadores investem grandes fortunas em materiais de colecionador. Leno conta essa e mais outras histórias de uma carreira entre heróis, vilões e muitos balões de diálogos. Quadrinhos para ler com os olhos e os dedos. O mercado digital chega, mas os apaixonados por quadrinhos ainda fazem questão da revistinha impressa.



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“"Os apaixonados por esta arte tão fascinante ainda resistem bravamente nas chamadas comic shops, vendendo as revistas, livros e materiais de fãs""
Leno Carvalho

JMN: Existe streaming para HQs?

LC: Sim! Existem os scans. Só que o quadrinho, assim como o livro e o disco, são arquivos de fetiche. Muita gente ainda faz questão de pegar no papel. O tato também é um dos sentidos explorados.

JMN: Como é a história do HQ?

LC: Fala sobre fendas no tempo que esporadicamente se abrem. Elas ligam tempos diferentes e toda história se move quando um piloto atravessa essa fenda, vindo da Segunda Guerra Mundial. É uma luta contra o tempo para devolver o piloto a sua época. Algo que vem de um tempo para outro fica radioativo e acaba explodindo. Foi minha primeira revista completamente digital.


JMN: E The Rift?

LC: Estou fazendo uma campanha no Catarse para editar ela por aqui. O nosso mercado é americano e europeu. Ainda não veio para o Brasil. Dia primeiro de novembro sai na Apple TV uma série de Steven Spielberg, que o primeiro episódio é baseado em nossa revista. O nome do episódio será The Rift.

JMN: E o mercado brasileiro de quadrinhos?

LC: Fomos um bom mercado nos anos 90. Hoje são pequenos especiais, minisséries, mas ninguém traz a coleção inteira de quadrinhos para o Brasil. Não tem mais público para consumir a linha inteira. Por aqui, você quase não vê mais isso. O quadrinho aqui no Brasil é mais gourmet, meio booker. Existe um movimento grande no Brasil de fim de banca e abertura de comic shop, que são lojas que vendem livros de quadrinho e outros produtos, como action figures, etc. Mas os quadrinhos têm um valor bem maior nos Estados Unidos. Imagina uma bola assinada pelo Neymar daqui 50 anos? A que ele fez o gol numa decisão de campeonato… Assim é no mercado de quadrinhos. Uma revista assinada pelo autor vale muito. Um cidadão ia perder uma casa hipotecada, quando ele ia arrumando, ele achou um Superman nº 1. Ele pagou a hipoteca da casa e ainda sobrou grana…  

JMN: E personagem?

LC: Não! Até porque o que te marca não é a personagem. O que marca é o trabalho do escritor com o ilustrador. Tem revistas de um mesmo personagem que não ficam legais. Com o Batman isso acontece muito. Tem histórias ótimas e histórias cretinas.


JMN: E seu quadrinho favorito?

LC: Tenho muita atração pelos ilustradores. Tem algumas histórias que gosto muito, mas não me inspira a desenhar. Mas tem histórias que nem são tão boas, mas me inspiram a desenhar.

JMN: Quais suas inspirações?

LC: Muita gente! É complicado eu falar porque vou cometer alguma injustiça. Durante meu aprendizado, eu vislumbrei vários artistas em épocas diferentes. Hoje em dia, por exemplo, gosto de artistas mais noir. Cada um que eu pego, eu dou uma olhada, acho algo legal e incorporo ao meu trabalho.

JMN: Qual o papel do quadrinista em uma HQ?

LC: O quadrinista é o ilustrador. O ilustrador pode fazer peças para propaganda, por exemplo. Mas o quadrinista é o ilustrador especializado em quadrinhos.


JMN: Desde criança você gosta desse mundo das HQs?

LC: Sim. Desde criança eu curto desenho. Aos oito anos que comecei a inclinar para a vertente do quadrinho. Somente aos 17 eu tinha uma ideia do que eu queria fazer. Eu vi uma notícia no jornal do Rio de Janeiro, um jornal de domingo, falando sobre uma agência que fazia o meio-de-campo de artistas brasileiros e editoras norte- americanas. Pensei: ‘poxa, agora é possível!”. Comecei a fazer amostras, fui muito reprovado, até que anos depois entrei em outra agência paulista. Nesta época eu já morava aqui, lá pelos anos 2000. Fiquei um bom tempo sem fazer nada, só fazendo amostras. E elas foram minha escola.

Jornal Meio Norte: Você é autodidata?

Leno Carvalho: Assim como a maioria dos artistas que trabalham com quadrinho no Brasil. A maioria é autodidata. Hoje em dia já existem estúdios com cursos e cursos juntos com agências. Eu, como sou um pouco mais antigo, não. Sou completamente autodidata.


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