Cigano, sobre possível duelo contra Jon Jones:“grande desafio”

Após campeão meio-pesado cogitar subir de categoria, brasileiro diz que luta só depende do UFC. E desconversa sobre enfrentar o amigo Pezão

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Atual dono do cinturão peso-pesado do UFC, Junior Cigano terá de lidar com algumas questões pontuais daqui adiante. Primeiro, claro, vai tentar defender na noite deste sábado, contra Frank Mir, no UFC 146, o título conquistado no fim do ano passado. O americano é carrasco do companheiro de equipe, amigo e ídolo Rodrigo Minotauro, de quem já ganhou duas vezes. Vingança? Cigano descarta. O que ele não deixa de considerar é uma possível luta contra o fenômeno e campeão dos meio-pesados Jon Jones, que vem cogitando subir de categoria em um futuro próximo.

- Eu nunca escolhi oponente, e não pretendo escolher. Caso o UFC case essa luta, ela vai acontecer. (...) Sempre considero a minha próxima luta a mais difícil, independente do oponente. Ele (Jon Jones) é um grande talento como lutador, e seria sim um grande desafio. Mas eu prefiro como está: ele campeão dos meio-pesados, e eu campeão dos pesados - disse, em entrevista.

Cigano já disse diversas vezes que jamais enfrentaria Minotauro. Mas outro ponto interessante gira em torno de mais um companheiro de time que atua na divisão até 120kg do Ultimate: Antônio Pezão, que vai lutar no co-evento principal em Las Vegas contra o americano Cain Velásquez, campeão até ser nocauteado pelo catarinense radicado na Bahia. Sobre isso, ele desconversou:

- Não quero lutar contra meus amigos. O Pezão é um deles. Gosto muito dele, ele é uma pessoa realmente muito boa. (...) Não sabemos o que pode acontecer, mas questões do futuro são para serem resolvidas no futuro. Vamos nos ater aos acontecimentos, e não às previsões.

O campeão se disse chateado com a troca de adversário apenas um mês antes da luta: ele inicialmente estava escalado para enfrentar o holandês Alistair Overeem, que foi pego no exame antidoping por ter apresentado uma razão entre testosterona e epitestosterona no sangue muito acima do normal. E o criticou indiretamente, dizendo que nunca precisou fazer uso de substâncias proibidas. A íntegra da entrevista pode ser conferida a seguir:

Qual pressão é maior: para conquistar o cinturão ou para defendê-lo?

JUNIOR CIGANO: Acho que a pressão é a mesma. Sempre quero mostrar o meu melhor aos meus fãs. Quero ter a satisfação de saber que todo o esforço dos meus treinos, toda a minha dedicação, tudo rendeu. Então, quando chega o momento da luta, eu peço a Deus que eu possa ter a oportunidade de mostrar tudo o que consigo fazer, e eu peço proteção para mim e também para o meu oponente.

Mudou alguma coisa na preparação para esta próxima luta?

Não mudou muita coisa, não. Continuo com os meus treinos liderados pelo professor Dórea, continuo fazendo preparação física com o André Piccoli. Meus parceiros de sparring seguem sendo os mesmos lá da Champion, e alguns de fora. Mas, fora isso, não teve muita mudança. Eu gosto muito da minha equipe, gosto de fazer meu camp em casa, em Salvador, então mantivemos assim. O segredo é o treino duro, e isso nós temos bastante aqui na Champion.

Alistair Overeem foi pego no antidoping. Como você recebeu a notícia de que ele estava fora do evento?

Eu acho chata a troca de oponente. Afeta muitas pessoas, sabe? A mim, ao Frank Mir, ao Cain, ao Pezão, ao Roy Nelson... Praticamente todos os atletas desse card tiveram troca de seus oponentes, e isso é muito chato, pois nós traçamos nossas estratégias e nossos treinos baseados nos oponentes. Nossos parceiros de sparring precisam simular o estilo de luta do oponente, então essa mudança tão perto da data da luta realmente impacta muita coisa para os atletas. Pegue o meu caso como um exemplo: eu estava treinando para um adversário destro, com a trocação forte. Agora o meu oponente é canhoto, com o chão forte. Muda bastante coisa. Acho chato também com os outros profissionais, inclusive os profissionais do próprio UFC, que precisam trocar um monte de coisas relacionadas à promoção da luta. É uma pena que tenha acontecido tudo isso.

O que você pensa do Overeem como atleta profissional? O que acha da conduta dele?

Lutando, ele é um grande atleta. Já fez grandes lutas e tem muita habilidade. Eu não comento a conduta dos outros. Cada um sabe o que faz. Eu sei de mim e posso falar de mim apenas. Eu sou um profissional, eu acredito na dedicação ao meu esporte, o MMA, e tenho orgulho de dizer que nunca usei nenhum artifício para melhorar o meu desempenho. Eu treino muito, me esforço muito, abdico de muitas coisas, cuido bem do meu corpo e da minha saúde. Eu sou contra o uso de substâncias como anabolizantes ou esteroides, e sou a favor de um controle antidoping mais rígido dentro do esporte.

Você já era amplamente favorito nas casas de aposta contra o Overeem, e manteve isso contra o Frank Mir. Você atribui esse fato a quê?

Eu acho que é pelos bons resultados que venho tendo. Eu estou ali para ganhar. Quando lutei contra o Cain Velásquez, todos diziam que eu ia perder. Outros atletas apontaram o Cain como favorito, bem como as casas de aposta. Eu não prestei atenção naquilo tudo, sei da minha capacidade, acredito em mim. Agora estão dizendo que eu sou o favorito. Mas a verdade é que aqui, na categoria dos pesos-pesados, não existe oponente fácil. Não existe vitória certa. Em uma luta, tudo pode acontecer. Então eu não fico prestando atenção nessas coisas. Eu presto atenção nos meus treinos, nas minhas metas, na minha estratégia, e eu mantenho meu foco em tudo o que sei que posso fazer, em tudo do que sei ser capaz.

Em duas lutas, o Mir conseguiu ser o primeiro a nocautear e o primeiro a finalizar o Minotauro. Na última, ainda quebrou o braço dele. Como você reagiu àquele momento da fratura?

Foi um momento difícil para mim, difícil de assistir. Para mim, ele estava com aquela luta ganha já, o nocaute estava nas mãos dele. Foi algo que me frustrou muito. Agora, estou na torcida para o retorno dele. Em breve o Minotauro estará de volta aos octógonos, trazendo mais superação e mais uma vitória para todos nós.

Como pupilo, sente uma pontinha de vingança no ar?

Nada disso. O Minotauro em breve estará de volta, e ele mesmo cuida disso se ele quiser. Eu estou ali dentro para defender o meu título e manter esse cinturão aqui no Brasil. Quero ser o campeão por muito tempo ainda, essa é a minha motivação para estar lá dentro.

Contra o Cain Velásquez, que também já havia vencido o Minotauro, o sentimento foi diferente?

Não. Eu luto para vencer, para mostrar a minha superioridade como atleta de MMA. Não luto por vingança, não luto por raiva, não luto por sentimento ruim.

O Mir tem um jiu-jítsu poderoso, mas tem falhas em pé. Acha que se sentiria confortável caso a luta vá para o chão?

Eu sou profisional, lutador de MMA, e estarei pronto para lutar em qualquer lugar, em pé ou no chão. E que vença o melhor.

Você é o quarto colocado no ranking peso-por-peso do Combate, atrás de Anderson Silva, Jon Jones e José Aldo. Onde você acha que pode chegar?

Eu acho que ainda sou novo, tenho muito chão pela frente como lutador. Pretendo dar o melhor de mim para continuar com o meu cinturão por muito tempo. Mas é uma honra poder ocupar uma posição próxima desses grandes atletas.

Jon Jones cogitou subir para a categoria dos pesados em breve. Você o enfrentaria sem problemas?

Eu nunca escolhi oponente, e não pretendo escolher. Caso o UFC case essa luta, ela vai acontecer.

Qual seria o tamanho desse desafio contra Jones, considerado por muitos o maior nome do MMA na atualidade?

Sempre considero a minha próxima luta a mais difícil, independente do oponente. Ele é um grande talento como lutador, e seria, sim, um grande desafio. Mas eu prefiro como está: ele campeão dos meio-pesados, e eu campeão dos pesados.

Além de Mir, Velásquez e talvez Overeem, enxerga algum lutador que possa chegar à disputa de cinturão peso-pesado em um futuro próximo?

Com certeza têm muitos outros lutadores que podem chegar lá. Nossa categoria está muito boa, e também é uma categoria muito perigosa e que exige muita atenção.

O Pezão está crescendo na divisão e faz parte da mesma equipe que você. Qual o seu nível de proximidade com ele? Na sua cabeça, uma luta entre vocês é possível?

Não quero lutar contra meus amigos. O Pezão é um deles. Gosto muito dele, ele é uma pessoa realmente muito boa.

Então, enquanto você for o campeão, o Pezão terá de se contentar em ficar longe do título?

Não sabemos o que pode acontecer, mas questões do futuro são para ser resolvidas no futuro. Vamos nos ater aos acontecimentos, e não às previsões.

Para você, quem é o maior lutador de MMA da atualidade? Por quê?

Anderson Silva. Pelos resultados alcançados e pela habilidade demonstrada dentro do octógono.



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