Copa do Mundo no Brasil se torna o Carnaval dos gringos nas cidades sedes dos jogos do Mundial

O barulho dos torcedores estrangeiros anima as sedes da Copa – e até os argentinos e holandeses acham que a má sorte de suas seleções pode mudar

O argentino Fagundo Yadarola com duas amigas | Reprodução
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"Jogamos como nunca, perdemos como sempre.? O bordão cai como uma luva para a seleção argentina em Copas do Mundo, desde que Maradona parou de jogar bola. O time chega como favorito, encanta a todos com seu futebol bonito nas fases preliminares ? desfralda o estilo que eles próprios chamam ?la nuestra? ?, para depois dar vexame nas fases decisivas, sem nunca passar das quartas de final. Apesar desse retrospecto ?cuesta abajo?, como na letra do tango, os argentinos não desistem.

A bagunça dos argentinos é apenas a parte mais barulhenta de um dos fenômenos mais divertidos de qualquer Copa: a invasão de torcedores de vários países nas principais sedes do Mundial.

No Rio de Janeiro, principal destino turístico do país, essa invasão significou uma profusão de cores e sotaques: holandeses na Praia de Ipanema, tietando os jogadores da própria seleção; alemães na Lapa, arriscando um samba à moda tedesca; e ingleses em qualquer lugar onde haja cerveja gelada.

Os argentinos parecem estar por toda parte, mas não são os estrangeiros que mais compraram ingressos. Segundo a Fifa, a maior quantidade de ingressos vendidos fora do Brasil foi registrada nos Estados Unidos, seguidos por Alemanha, Inglaterra e só então a Argentina. O Ministério do Turismo estima que 3,7 milhões de pessoas, entre brasileiros e estrangeiros, farão turismo pelo Brasil por causa da Copa do Mundo.

A estimativa é que esse público gaste R$ 6,7 bilhões ao longo dos jogos. Com base na venda de ingressos para os jogos, o ministério calcula que 300 mil estrangeiros transitarão pelo país. Assistirão em média a quatro jogos e deverão gastar R$ 5.500.

Sede da Copa do Mundo de 2018, a Rússia montou um quartel-general cinematográfico no Rio para reunir torcedores e mostrar sua cultura, dentro do Museu de Arte Moderna. O Q.G. russo ? ou a Casa da Rússia ? é uma área de mais de 1.000 metros quadrados, que ficará aberta durante toda a Copa com telões para transmissão ao vivo dos jogos, DJs russos, restaurante com cardápio assinado por chefs estrelados, exposição de fotos sobre a história do futebol na Rússia ? e, claro, degustação de bebidas, incluindo a marca de vodca patrocinadora do evento.

?Queremos levar daqui as boas lições para a organização da próxima Copa e também apresentar a cultura russa para os brasileiros, porque aqui ela não é muito conhecida?, diz, em português perfeito, Helena Korpunko, diretora de Comunicação da Casa da Rússia.

O governo suíço também montou seu Q.G., o Baixo Suíça, na orla de outro cartão-postal carioca: a Lagoa Rodrigo de Freitas. O badalado quiosque Palaphita Kitch foi redecorado para virar um local de acolhida dos torcedores suíços e de quem mais quiser chegar para provar a culinária tradicional suíça. Durante toda a Copa, haverá programação de eventos musicais e sorteios de brindes como chocolates, canivetes, ingressos para os jogos e até viagens à Suíça, com tudo pago. A disputa por atenção seguirá pelas próximas semanas também fora de campo.

Não apenas o Rio foi tomado pelos turistas estrangeiros. Se, no século XVII, os holandeses estiveram em Pernambuco, 2014 será lembrado como o ano em que invadiram São Paulo. Mais de 600 torcedores batavos estão acampados num clube às margens da Represa de Guarapiranga, na Zona Sul de São Paulo.

O Orange Camping, tradicional acampamento da torcida holandesa em grandes eventos esportivos, levantou suas barracas na capital paulista para facilitar o deslocamento de torcedores. No auge, na véspera da partida entre Holanda e Chile, no Itaquerão, o acampamento terá 2 mil torcedores. São 400 barracas no total, 100 delas na versão luxo (mais cara e em formato de casa, com capacidade para dois beliches) e 300 na versão simples, com travesseiro, saco de dormir e colchão inflável de solteiro. Uma diária no acampamento sai por volta de R$ 245. Isso inclui café da manhã, almoço e jantar, feitos por um bufê contratado.

Além de assistir a vários jogos da Copa do Mundo, os holandeses pretendem fazer festas de arromba. As baladas, diárias, começam depois das partidas e duram até cinco horas. Bandas e DJs holandeses animam o acampamento.

A intenção dos organizadores é criar uma cópia da festividade Nieuwjaarsduik ? ?mergulho no novo?, na tradução do holandês ?, ocasião em que milhares de pessoas entram na água gelada no primeiro dia do ano na Europa. ?Queremos fazer isso aqui na beira da represa.

Serão 5 mil pessoas entrando na água ao mesmo tempo, será uma loucura?, afirma Frankenhuis.

Vice-campeões na última Copa do Mundo, vice-campeões duas vezes quando estavam no auge ? e tinham o mago Johann Cruijff envergando a camisa 14 ?, os holandeses acham que o dia do sonhado título pode estar próximo. Como os argentinos, eles têm fama de azarados (toc, toc, toc) em Copas. Apesar de a tabela prever a estreia numa sexta-feira 13, não deixam de acreditar que, um dia, a sorte muda.



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