Gamers: como evitar complicações com a saúde

Como achar um equilíbrio na pandemia?

Número de gamers subiu mais de 70% no último ano | Getty Images
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O número de gamers no Brasil tem crescido exponencialmente nos últimos anos, e com a pandemia de Covid-19 forçando as pessoas a ficarem mais tempo isoladas dentro de casa, esse aumento é ainda maior. Uma pesquisa encomendada pela Brasil Game Show (BGS) junto ao Instituto Datafolha, em agosto deste ano, revelou que o Brasil já ultrapassa a marca de 67 milhões de consumidores de jogos eletrônicos, um crescimento de 7,1% em relação ao ano passado. O problema é que o hábito de permanecer sentado jogando ou usando qualquer aparelho eletrônico por muitas horas expõe esses indivíduos a muitos fatores prejudiciais a saúde. Entre eles, os distúrbios do sono, transtornos de ansiedade, maior risco para o desenvolvimento de obesidade e todas as doenças que as acompanham, como a hipertensão, diabetes, esteatose hepática e distúrbios circulatórios. Como evitar esses problemas sem precisar abrir mão do tipo de lazer que os games proporcionam? Informações dos ite GloboEsportes.com

Em uma pesquisa recente, o IBGE revelou que 40% dos adultos não são suficientemente ativos. Significa que grande parcela da população adulta não pratica nenhuma atividade física ou realiza menos de 150 minutos por semana de exercícios. Em outro estudo, feito com adolescentes de 12 a 17 anos e publicado esse mês, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) relatou que "o percentual de jovens que não faziam 60 minutos de atividade física em nenhum dia da semana antes da pandemia era de 20,9%, e passou a ser de 43,4%. E 70% dos brasileiros de 16 a 17 anos passaram a ficar mais de 4 horas por dia em frente ao computador, tablet ou celular, além do tempo das aulas online". Segundo vice-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular do Rio de Janeiro (SBACV-RJ), Júlio Peclat, deve-se soar um alerta para os perigos de seguir hábitos sedentários.

Número de gamers subiu mais de 70% no último ano

– Do ponto de vista do foco das pesquisas realizadas, é preciso ficar atento à estase venosa, que é a dificuldade do retorno venoso que sai dos membros inferiores para o coração. A estase venosa é um dos três componentes da chamada tríade de Virchow. Ela favorece o aumento de coágulos, de trombos, naquele seguimento da perna. E isso vai desenvolver na trombose venosa profunda – explicou.

O médico afirma que, como indicam esses e diversos outros estudos, ficar muito tempo sentado está relacionado ao aumento da trombose.

– Eu já tive um paciente adolescente com trombose, depois de ficar mais de 12h sentado jogando sem levantar para ir ao banheiro. Se isso acontecia antes de uma pandemia, a gente imagina que, durante, tenha se intensificado – destaca Peclat.

A trombose venosa profunda, se não tratada e diagnosticada previamente, pode evoluir para embolia pulmonar, que é o deslocamento de um coágulo, geralmente dos membros inferiores (90% dos casos). Esse coágulo vai parar na artéria do pulmão e pode gerar insuficiente respiratória, tosse seca e dor no peito, levando à morte em 30% dos casos.

– A prevenção é fazer dieta adequada, principalmente no calor. No verão o sangue fica mais grosso, mais viscoso, então aumenta a incidência de trombose. Se hidratando bastante, muito líquido, principalmente para idosos. Estando em movimento, praticando atividades físicas, evitando obesidade – reforçou o angiologista.

Júlio Peclat recomenda ainda que no primeiro sinal de inchado nas pernas, de dor, de mudança na temperatura do membro, procurar um angiologista e cirurgião vascular, para que se faça um diagnóstico precoce. Na grande maioria das vezes, o tratamento é através de medicação oral e em raríssimos casos é necessária uma intervenção cirúrgica. Previna-se!

Outros perigos

Além de hipertensão, diabetes, esteatose hepática e distúrbios circulatórios como a trombose, ficar muito tempo sentado causa problemas posturais e dores lombares. Permanecer muitas horas utilizando aparelhos eletrônicos como celulares e computadores pode causar ainda fadiga na vista e ressecamento ocular.

– Crianças até os 7 anos podem sofrer alterações de grau. A longo prazo, para pacientes com predisposição pra degeneração macular, a luz azul pode ser um fator de risco para desenvolvimento da doença. Outro prejuízo é diminuição da produção da melatonina (hormônio do sono), podendo causar insônia e outras consequências – explica o oftalmologista Daniel Kamlot.

A recomendação da médica, no caso dos olhos, é, a cada hora de uso, descansar uns 15 minutos e olhar para longe para relaxamento da musculatura. Esse exercício simples de focar para perto e para longe previne a acomodação da visão. Caso perceba alguma alteração, sintomas ou dificuldade para enxergar, consultar um médico oftalmologista.

Prevenções e cuidados

Dar, preferencialmente, pelo menos 10 mil passos por dia;

Praticar atividades físicas. Quem faz exercícios deve dar ao menos 3 mil passos por dia em intensidade moderada: 30 minutos de caminhada diários, cinco dias por semana;

Levantar-se a cada hora para exercícios de alongamento;

Quando jogar, a cada 15 minutos para de olhar para a tela e relaxar os olhos;

Manter a hidratação.

Atualmente, os dispositivos para o monitoramento do nível de atividade física têm ficado cada vez melhores e acessíveis no mercado, como os relógios que registram os movimentos. O fisioterapeuta Marcos Mônico Neto lembra das recomendações do Colégio Americano de Medicina do Esporte (American College of Sports Medicine), para uma vida ativa e saudável, evitando o surgimento de um grande número de doenças: é necessário executar pelo menos 10 mil passos por dia.

– Caso o indivíduo pratique alguma atividade física regularmente, o mínimo para estar protegido é 3.000 passos em um ritmo moderado, que para a maioria das pessoas é 100 passos/minuto, considerando a caminhada. Assim, o indicado para os gamers seria realizar pelo menos 30 minutos de caminhada contínua em um ritmo moderado, por pelo menos cinco dias por semana. Mas esse tempo de dedicação à atividade física deve aumentar, dependendo das comorbidades previamente instaladas, como por exemplo, a obesidade – explica o fisioterapeuta.

Para Neto, não só realizar o mínimo de atividade física seria o suficiente para prevenir e controlar os riscos à saúde, mas dados recentes tem demonstrado que os indivíduos que permanecem por mais de quatro horas em comportamento sedentário também aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.

– Dessa forma, intervalos programados devem ser aplicados para quebrar o comportamento sedentário por mais de quatro horas. Outros detalhes podem ajudar a se manter mais saudável e reduzir o risco de doenças circulatórias (no caso de adultos), como o uso de meias compressivas, que vai estimular a circulação e evitar a estase venosa, reduzindo o risco de trombose venosa profunda, um ambiente ergonomicamente correto, capaz de minimizar as compressões nos membros inferiores e permitir uma melhor circulação do sangue, além de se manter bem hidratado – completou.



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