Quando o número 1 do tênis virou questão de vestibular

Em 2000, Gustavo Kuerten se tornava o primeiro e até hoje único brasileiro a alcançar a liderança do ranking mundial de tênis

Guga com o troféu de número um do mundo em 2000 | Art Seitz/Gamma-Rapho/Getty Images
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Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector e... Gustavo Kuerten. No vestibular de 2000, apesar de gostar muito da obra dos três primeiros autores desta lista, foi a surpresa de ver o quarto nome surgir em uma pergunta que mais me marcou. Afinal, saber algo a respeito do Guga poderia ajudar a definir o meu futuro.

A prova era na Cásper Líbero, a questão envolvia os títulos conquistados pelo tenista brasileiro naquele ano. Winner. Acertei a pergunta. Não precisei nem revisar o gabarito. Não lembro com exatidão qual era o problema proposto, a solução era minha paixão por esportes. O vestibular para Jornalismo, com certeza, era influenciado por esse amor adolescente. A prática esportiva foi um dos grandes legados deixado no meu currículo por meus pais e professores. Basquete, atletismo, futebol, tênis de mesa vôlei, handebol. Mas até o evento astronômico ocorrido em Roland Garros em 1997 eu não tinha possibilidade de jogar em uma quadra de tênis. Informações do site GloboEsporte.com

Guga com o troféu de número um do mundo em 2000

Aquela infância no Interior Paulista foi sonhada como futuro engenheiro. Mas tal qual um bug do milênio, o técnico em eletrônica foi prestar para Comunicação Social. Tempo de mudanças. Nos esportes, a bola deixava os pés e ia para a raquete. O Clube Atlético Sorocabana de Mairinque, enfim, ganhava duas quadras de saibro. Ali, entre o campo de futebol, a piscina, a quadra de vôlei de areia e de basquete. Tenho até hoje minha primeira raquete. Backhand? Só com uma mão. E na paralela, se possível. Todos sabiam quem queriam imitar. Se soubesse que meus cabelos cresceriam encaracolados depois de raspar tantas vezes, já os teria deixado crescer na época.

Recordo de um dia ter chegada mais tarde do que os amigos no clube. Atrasado por causa dos estudos pré-vestibulares. Mas também porque naquela manhã de sábado havia tênis na TV. “Quem ganhou?”, perguntou um colega. “Guga. Duplo 6/3. Sacou bem, sólido no fundo de quadra...”. “Calma, calma (risos) só queria saber quem ganhou. Virou jornalista agora?" Ainda não.

Vinte anos depois, a última viagem profissional antes da pandemia foi para Floripa. Entrevista com Guga ao lado do repórter José Renato Ambrosio. E a última gravação na TV há algumas semanas? Com o mesmo Guga e o mesmo Zé Renato, agora separados por telas, uma na capital paulista e outra na catarinense (a reportagem vai ao ar no próximo domingo, no Esporte Espetacular). Há duas décadas, em 3 de dezembro de 2000, aquele Manézinho da Ilha se tornava o número 1 do mundo. Até hoje ele se emociona contando a linda história escrita em Lisboa. Ainda hoje presto atenção como se fosse cair no vestibular. Aliás, não passei naquela prova. Saí da sala com a confiança de quem havia ganho de Sampras e Agassi no mesmo fim de semana. Vi o resultado como quem sente dores nas costas e no quadril ao mesmo tempo logo no primeiro jogo de um Masters.

Talvez eu tenha cometido alguma dupla falta na questão sobre Machado. Não dá para ser número um do mundo sempre. Às vezes nem número dez, vinte, trinta... Duas década depois é mais fácil perceber a importância de alguns feitos. Se fosse escrever uma redação sobre aquele ano 200, terminaria assim: Guga teve filhos, transmitiu a muitas criaturas o legado da sua raquete.



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