Sarah Menezes comenta como teve que superar as 'quedas' da carreira

Sarah engordou. Perdeu foco. Foi criticada.

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Sarah Menezes, 25, nunca foi dada a muitos sorrisos, e após o ouro nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012, sobraram motivos para que ela adotasse uma conduta cada vez mais ensimesmada.

Os resultados que lhe renderam um status de fenômeno da categoria ligeiro (até 48 kg) simplesmente fugiram. A fonte parecia ter secado.

Salvo por uma medalha de bronze no Campeonato Mundial do Rio, em 2013, seu ciclo olímpico rumo aos Jogos de 2016 ia ladeira abaixo.

Em 2014 e meados de 2015, colecionou reveses. Despencou no ranking. Engordou. Perdeu foco. Foi criticada.

Passou a ter sua vaga na Olimpíada carioca seriamente questionada, sobretudo pela ascensão da paulista Nathália Brígida, 22, que somou pontos e conquistas em torneios de nível internacional.

Por uma guinada radical, precisou se submeter a uma mudança radical. No meio da temporada passada, trocou sua Teresina de vez pelo Rio para recuperar o foco.

Caso contrário, nem o status de campeã olímpica serviria para resgatá-la.

Quando a reportagem da Folha sentou para conversar com Sarah, há duas semanas, em meio a treinamentos da seleção brasileira em Pindamonhangaba (a 145 km de São Paulo), ela sorria.

"Foi meu momento de queda. Tive de aprender a levantar e cair de novo", disse.

Clichês sempre levantam suspeitas, mas as palavras eram convictas. No final de 2015, Sarah passou a reagir e, na sexta (22), deu nova prova com o título no Grand Prix de Havana, contra rivais fortes.

Agora, ela quer sorrir no Rio, no dia 6 de agosto.

Como você se avalia neste momento, após duas temporadas difíceis?

Sarah Menezes - Eu me sinto bem. O foco é todo nos Jogos do Rio, e tenho feito de tudo para dar certo.

Você consegue entende por que foi mal em 2014 e 2015?

Consigo. É aquela história, os detalhes fazem a diferença. Eu tive algumas escorregadas nestas duas temporadas, mas depois soube o que tinha de melhorar.

O que você detectou?

Um pouquinho de cada coisa. Problemas nas partes técnica, física e emocional. Dei uma relaxada após a Olimpíada. Muita entrevista, viagem, cansaço. Além disso, fui mais estudada. Com o tempo, ajustei meus treinos. Mesmo sem bons resultados, conseguia me sentir melhor.

Houve um momento em que perdeu interesse no judô?

Pode ter sido, como também não. Um atleta tem altos e baixos. Não dá para ficar sempre no topo. Foi meu momento de queda. Tive de aprender a cair e levantar. Bom que eu me levantei agora, na hora certa. Falta pouco para os Jogos Olímpicos e não quero mais perder o foco.

Pensa que faltou motivação?

Não. Tenho muito a conquistar. Nunca fui campeã mundial. Tudo bem que não passei da primeira luta nos dois últimos anos, mas nos anteriores bati na trave [foi bronze em 2010, 2011 e 2013].

Você ficou fora do Pan de Toronto por decisão da confederação. Foi preocupante?

Para mim, foi muito bom. A mídia estava em cima de mim, havia pressão. Foi positivo, não foi ruim ficar fora.

Você não foi ao Pan para se preparar para o Mundial de Astana, mas caiu na estreia.

A sensação é muito ruim. Imagine se dedicar, treinar e de repente não evoluir na chave. O pensamento é nunca desistir, ir até o fim. No dia seguinte à derrota no Mundial, já treinei. O judô é repetição, não adianta desanimar.

A confederação fez com que você deixasse o Piauí e se mudasse para o Rio para tentar reaver a forma. Funcionou?

Não foi apenas por causa de zona de conforto, mas porque na minha cidade não havia mais pessoas para eu treinar. Os meninos que treinavam comigo cresceram, foram fazer outras coisas. Para um bom judô é preciso de material humano, não adianta só ferro. Eu consegui ficar na minha cidade até 2014. Mas em 2015 eu mesma achei que precisava sair, caso contrário não evoluiria mais.

A mudança lhe fez bem?

Estou mais confiante. Tenho mais volume de treinos, é uma outra realidade.

Você e a Nathália Brígida ainda brigam pela vaga olímpica no peso ligeiro. Como é a rivalidade entre vocês?

É bem sadia. Não temos o hábito de conversar quando fazemos treinamento no Brasil. Mas, em treinos fora do país, nos falamos sim. Essa rivalidade é boa para o Brasil.

De certa forma, a ascensão dela lhe ajudou a acordar?

Sou muito tranquila, na verdade. Não me importo de uma pessoa estar ao meu lado, digamos, tomando minha vaga. Eu tenho que me sentir bem. Se eu tiver bons treinos e estiver confiante, tudo bem.

Se comparar a Sarah de 2012 com a de 2016, o que sai?

Primeiro, é mais velha. Mas mais experiente e madura. Com pensamento aberto.

Você namora o francês Loic Pietri, três vezes medalhista mundial. Como é se relacionar com outro astro do judô?

Nos conhecemos durante viagens nas competições. Estamos firmes. Como é ano olímpico, todos se concentram. Mas, após a Olimpíada, vamos ficar juntos por aí.

Judô é assunto proibido?

Nunca conversamos sobre judô. Quando ele vem ao Brasil, me dá dicas. Como minha categoria é muito rápida, ele fala de antecipação de pegadas e ser mais rápida.



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