30 anos após a morte de Clarice Lispector, uma parte de sua vida permanece obscura

Reportagem Especial: 30 anos sem Clarice Lispector

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O ano de 1977 foi definitivo para Clarice Lispector, que morreu em dezembro, logo ap?s escrever A hora da estrela, ?ltimo livro publicado em vida. Os 30 anos de morte t?m sido pretexto para a releitura das obras da autora; eventos espalham-se pelo pa?s, incluindo a exposi??o no Museu da L?ngua Portuguesa, em S?o Paulo, que em setembro chegar? ao Rio. Contudo, outra data tamb?m merece registro, pois revela um momento especial da vida da autora: o longo per?odo em que viveu ? e escreveu ? no ex?lio.

Foi um ex?lio volunt?rio, pessoal, e n?o pol?tico. Durante 16 anos, junto ao marido diplomata, Clarice viveu em pa?ses da Europa e depois nos Estados Unidos. Um per?odo ?rduo que custou a passar. Segundo a pr?pria Clarice o definiu, foi como se o tempo pingasse em conta-gotas. ?E eu contei gota por gota?, chegou a confessar. L? fora, al?m de contos e de uma centena de cartas, Clarice produziu tr?s de seus livros menos apreciados pela cr?tica e menos conhecidos do p?blico em geral ? s?o os ?patinhos feios? de sua literatura: O lustre, A cidade sitiada e A ma?? no escuro. N?o que sejam ruins, pelo contr?rio. As obras, contudo, contrastam fortemente com o que a autora escreveu antes e depois desta fase.

Era agosto de 1944 e Clarice Lispector desembarcava em N?poles ao lado do ent?o marido, o diplomata Maury Gurgel. Em plena Segunda Guerra Mundial, os museus estavam fechados, e os obrigat?rios eventos sociais eram ainda menos animadores. No Brasil, o primeiro romance, Perto do cora??o selvagem, recebia da cr?tica uma calorosa acolhida. Al?m-mar, o gosto do sucesso vinha das not?cias que chegavam por telegrama. Ainda em N?poles, Clarice ficou sabendo que seu primeiro romance ganhara o pr?mio Gra?a Aranha.

Apesar das novidades que os novos cen?rios lhe traziam, do contato com intelectuais interessantes, artistas pl?sticos famosos e in?meros escritores importantes, Clarice Lispector sofria maus bocados em terras estrangeiras. Sentia uma solid?o insuport?vel e tinha dificuldade de adapta??o ?s tediosas incumb?ncias sociais do consulado. Nem a estr?ia reconhecida pela cr?tica tirava Clarice da melancolia. Como escreveu ao amigo L?cio Cardoso: ?Assim n?o tenho gostado verdadeiramente da It?lia, como n?o poderia gostar verdadeiramente de nenhum lugar; visto que h? entre mim e tudo uma coisa, como se eu fosse daquelas pessoas que t?m os olhos cobertos por uma camada branca?.



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